Procuradora se descontrola em julgamento sobre mensalão do DEM
Da redação em 06/04/2011 12:51:44
Débora Santos, do G1
imprimir A procuradora de Justiça Deborah Guerner teve um episódio descontrole emocional durante o julgamento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) sobre a participação dela e do ex-procurador-geral do Ministério Público do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, no suposto esquema de corrupção conhecido como mensalão do DEM.
Durante a leitura do voto do relator, a promotora Deborah Guerner, deixou o plenário e, segundo o advogado Rogério Martins, teve um episódio de “desequilíbrio”. Os gritos da promotora podiam ser ouvidos pelos conselheiros dentro do plenário. Em conversa com um dos advogados, Guerner bradava ser inocente, se disse vítima linchamento moral e alvo das mentiras de “dois bandidos”, possivelmente o pivô do mensalão do DEM, Durval Barbosa, e o ex-governador do DF, José Roberto Arruda, que a acusaram de participação no suposto esquema de corrupção.
“A verdade é que eu não fiz nada. Eu não tenho nada com isso, estão se baseando na palavra de dois banidos”, disse a promotora.
Segundo denúncias do delator do supostos esquema, Durval Barbosa, Bandarra recebeu do esquema R$ 1,6 milhão, além de R$ 150 mil por mês, para impedir que os contratos sem licitação para a coleta de lixo fossem investigados. Os procuradores são acusados ainda de tentativa de extorsão do ex-governador do DF, José Roberto Arruda. Bandarra e Guerner teriam cobrado R$ 2 milhões de Arruda para não divulgarem o vídeo em que ele aparece recebendo dinheiro de Durval Barbosa.
Em seu voto, o relator do caso, conselheiro Luiz Moreira, afirmou que a investigação mostrou provas “claras” da tentativa de Guerner e Bandarra de obter dinheiro de Arruda, por meio de ameaças. Além disso, segundo ele, também há provas de que Deborah Guerner teria revelado a Durval Barbosa informações sigilosas da Operação Megabyte da Polícia Federal, o que teria frustrado a iniciativa policial.
Caso
Em março do ano passado, o CNMP recebeu pedido para abertura de sindicância com o objetivo de investigar os integrantes do MP e, em junho do mesmo ano, decidiu abrir processo administrativo contra os acusados.
Em novembro do ano passado, o Ministério Público Federal denunciou os promotores são acusados dos crimes de violação de sigilo funcional, concussão (exigir dinheiro ou vantagem em razão da função que ocupa) e formação de quadrilha.
Diante de novas de suspeitas, envolvendo suposta extorsão, Bandarra e Guerner foram afastados das funções no MP, em dezembro de 2010. Bandarra foi procurador-geral de Justiça do Distrito Federal até junho de 2010 e a promotora Deborah Guerner era sua auxiliar.
Segundo dados da investigação da Polícia Federal, teria sido Deborah a responsável por estabelecer as negociações de cobrança de propina com Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo de Arruda.
O mensalão do DEM de Brasília foi descoberto depois que a PF deflagrou, em novembro de 2009, a operação Caixa de Pandora, para investigar o envolvimento de deputados distritais, integrantes do governo do DF, além do então governador Arruda e de seu vice, Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM). Octávio e Arruda sempre negaram envolvimento com o suposto esquema de propina.
Arruda chegou a ser preso, deixou o DEM para não ser expulso e foi cassado pela Justiça Eleitoral. Paulo Octávio renunciou ao cargo para defender-se das acusações. Durante meses, o DF esteve ameaçado de intervenção federal, devido ao suposto envolvimento de deputados distritais, integrantes do Ministério Público e do Executivo com o esquema denunciado por Durval Barbosa.
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