segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Debate: Dilma e Marina devem ter conquistado mais votos








No debate na Record, como já virou rotina, o pior candidato foi Serra. Teve sua imagem de suposta competência desmascarada por todos, e precisou recorrer a mentiras em suas respostas.



Dilma teve uma boa atuação, estava muito bem e deve ser quem conquistou mais votos. Não deixou perguntas sem respostas, assumiu posições firmes, foi incisiva, chamou o debate para os grandes temas nacionais, e os programas do governo Lula que impactaram na vida dos brasileiros, se defendeu bem dos ataques (que foram muitos). Esteve no tom certo, nem baixou a cabeça, nem se excedeu, diante de perguntas provocativas. Também não humilhou nenhum adversário, a ponto de colocá-lo na posição de vítima.



Dilma aproveitou suas perguntas para fazer uma ampla agenda positiva. Falou:

- dos 14,5 milhões de empregos gerados;

- do ProUni e do Reuni;

- do Minha Casa, Minha Vida, com 1 milhão de casas que devem ter financiamento contratado até o fim do ano;

- do pré-sal e capitalização da Petrobrás que garantiu o programa de investimentos sem se endividar e ainda aumentando o patrimônio público em vez de vender;

- da liberdade de imprensa: "eu prefiro as vozes múltiplas da democracia do que o silêncio das ditaduras", afirmando que a imprensa tem todo o direito de dizer o que quiser, assim como ela tem o direito de responder;

- da política de valorização do salário mínimo no governo Lula, que permitirá que o governo continue ampliando o salário mínimo todos os anos, o que permitirá ir muito além do que promete Serra apenas para o ano que vem.



Na hora da crítica ao adversário, Dilma acertou em cheio em alguns alvos de Serra:

- no caso do governo de SP, 40% das professoras do Estado mais rico do País tinham vínculos precários" (não são concursadas).

- pendurou FHC no pescoço de Serra, e disse ter muito orgulho de ter participado do governo Lula e ser candidata a continuar a obra do presidente, enquanto Serra esconde FHC de sua campanha.



Dilma não se intimidou com perguntas provocativas sobre escândalos, e mostrou que o governo Lula é quem tem mais compromisso com o combate à corrupção, seja de quem for, através da Polícia Federal e da CGU.



Serra cometeu um deslize grave ao mentir de forma incontestável: os números o desmentem. Disse que a Petrobras teria aumentado o número de terceirizados. O presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, estava na platéia e comentou que a Petrobras ampliou o número de funcionários concursados em 40% nos últimos oito anos, chegando a 77 mil funcionários.



Serra se deu mal com Plínio, na questão do Irã, onde Plínio criticou Serra e apoiou a política externa do governo Lula. Se deu mal também na questão da educação em São Paulo, onde 30% dos alunos não sabem ler nem escrever, e Serra trata mal os professores, pagando mal, não dialogando, e ainda reprimindo manifestação com a polícia.



O demo-tucano se deu mal também com Marina, que cobrou as críticas do DEM ao Bolsa-família, e a contradição entre as promessas de campanha de Serra, e os cortes nos programas sociais em São Paulo quando ele foi governador.



Na pergunta dos jornalistas, Ana Paula Padrão questionou Serra usar a imagem do presidente Lula e esconder a de FHC na campanha. Dilma comenta a resposta de Serra: "Eu tenho um imenso orgulho de ter participado do governo Lula"... e reforça a crítica de usar a imagem de Lula e esconder FHC.



A jornalista pergunta sobre o fato de o ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEMos), afastado por corrupção, ter sido cotado para ser vice de Serra. Serra "não ouve a pergunta", e a jornalista é obrigada a repetir a pergunta. Pior para Serra, pois acabou enfatizando a pergunta, e responderu: "O Arruda em certo momento disse ‘eu poderia ser vice do Serra’, isso muito antes do escândalo", mentiu o demo-tucando, pois foi ele quem apareceu lançando Arruda para vice, com o vídeo "Vote em um careca, e ganhe dois", mostrado no telejornal "Bom Dia Brasil".



Também em pergunta de jornalista, Serra é questionado sobre a participação de Regina Duarte em sua campanha de 2002 e por que volta a apostar "no medo" em sua campanha. Serra voltou a recorrer à mentira: "Não sei de onde a jornalista tira essa conclusão". Ora, da propaganda eleitoral dele na TV e na internet.



Plínio teve bons momentos, como quando criticou as fragilidades da educação dos governos tucanos em São Paulo, mas ficou acima do tom em outros momentos quando tentou fazer desqualificação pessoal, e não política, a Dilma e Marina. Pareceu mais um inquisidor, o que não agrada ninguém.



Marina também foi tecnicamente bem. Tentou tirar eleitores de Serra questionando seu governo em São Paulo e como ministro de FHC. Tentou tirar eleitores de Dilma fustigando com escândalos de corrupção, mas Dilma respondeu à altura dizendo que se comportou na Casa Civil, da mesma forma que Marina se comportou no Ministério do Meio Ambiente, pois Marina também teve casos de corrupção na venda de madeira ilegal no período em que esteve no ministério, e teve que afastar funcionários.



Dessa vez Serra demonstrou medo de fazer perguntas diretas para Dilma. Perguntou a outros candidatos toda vez que teve oportunidade.



Tirando os torcedores de cada candidato, os indecisos que assistiram ao debate muito provavelmente saíram inclinados a votar em Dilma (creio que a maioria), e em Marina (creio que a minoria). Plínio ficou no zero a zero, e Serra deve ter perdido eleitores entre os que assistiram.

Nenhum comentário:

Postar um comentário