A crise da CPI
Câmara Legislativa em 01/09/2010 às 8:54
CPI
Do Correio Braziliense: O relatório da CPI da Codeplan foi encerrado, lido, votado e aprovado na semana passada. Mas ontem, integrantes da comissão parlamentar de inquérito que investigou suposto esquema de corrupção no GDF tomaram uma atitude inusitada. Reuniram-se para tentar convencer o relator da CPI, Paulo Tadeu (PT), a mexer no texto final. Entre as alterações, os distritais falam, inclusive, em retirar nomes para os quais houve pedido de indiciamento.
A aparente sintonia entre oposição e governo — que juntos aprovaram o relatório por quatro votos na quarta-feira passada — durou pouco. Depois de encerrada a CPI, o presidente da comissão, Aguinaldo de Jesus (PRB), além dos distritais Raimundo Ribeiro (PSDB) e Cristiano Araújo (PTB) questionaram alguns trechos do relatório e pediram revisão. Segundo Paulo Tadeu, os colegas se posicionaram contra a inclusão dos nomes do ex-vice governador Paulo Octávio, do ex-secretário de Governo José Humberto Pires, do ex-chefe de gabinete Fábio Simão e do ex-corregedor do DF Roberto Giffoni na lista de pedidos de indiciamento elaborada pela CPI. Entre os 22 nomes sugeridos, estão os dos ex-governadores Joaquim Roriz (PSC) e de José Roberto Arruda.
Na tarde de ontem, Aguinaldo organizou uma reunião com os deputados que integraram a CPI da Codeplan. Estiveram presentes Raimundo Ribeiro e Cristiano Araújo. Paulo Tadeu não foi. Mandou, no entanto, dois técnicos que participaram da confecção do relatório e o representaram. Ao ser informado do teor do encontro, Paulo Tadeu reagiu: “Em hipótese nenhuma vou participar dessa manobra indecorosa, ilegal, imoral, articulada por um conjunto de pessoas que foram, inclusive, indiciadas pelo esquema de corrupção”. Para Tadeu, os distritais que foram da base do governo estariam sendo pressinados a retirar os nomes de alguns políticos citados.
Os deputados teriam usado como argumento o fato de que o relatório da Polícia Federal, divulgado um dia antes das conclusões da CPI, indiciou menos pessoas que a lista proposta pela Câmara. Os parlamentares teriam dito também que no dia da votação do relatório final da comissão, o Correio havia antecipado parte das informações contidas no texto do relator. Como Paulo Tadeu não aceitou as alegações dos colegas, o presidente da comissão, Aguinaldo de Jesus, decidiu convocar uma reunião para hoje, às 10h, cujo item 2 da pauta é a leitura e a votação do relatório final da CPI (veja fac-símile). Na noite de ontem, no entanto, houve um recuo. A reunião pode não ocorrer.
“Voto de confiança”
Aguinaldo de Jesus nega que tenha como objetivo retirar nomes de políticos e ex-integrantes do governo indicados no relatório para indiciamento. “As reuniões são para discutir se algumas correções pedidas foram feitas, ninguém falou em nomes. Não sei de onde está saindo essa história. Se o Paulo Tadeu continuar nesse caminho de querer pressionar os deputados, não vamos encaminhar esse relatório a canto nenhum. Aliás, o relator nem participou da reunião”, comentou Aguinaldo.
Raimundo Ribeiro confirmou, porém, que a questão dos indiciamentos foi discutida durante o encontro. Cristiano Araújo teria questinado a legitimidade da CPI para fazer tal tipo de apontamento. “Na semana passada, Paulo Tadeu apresentou o relatório e nós demos um voto de confiança. Aprovamos o texto com a ressalva de que faríamos uma leitura mais aprofundada e apontaríamos eventuais correções. Portanto, foi uma aprovação parcial. Algumas sugestões foram feitas e isso é o que vamos discutir com a toda transparência, até porque a reunião está marcada para ocorrer em plenário com a presença de todos”, disse Ribeiro.
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