A curva de crescimento da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, nas pesquisas, é inequívoca na avaliação de cientistas políticos. Os últimos números da corrida presidencial, divulgados ontem, pela CNT/Sensus, reforçam os resultados apresentados pela Vox Populi no sábado. Segundo o professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) Marcus Figueiredo, especialista em pesquisas eleitorais, um quadro esperado. “Os resultados eram previsíveis”, assinala, respaldado nas simulações a partir das médias das intenções de voto, de 2008 para cá, das pesquisas divulgadas pelos principais institutos do país.
A pesquisa CNT/Sensus, realizada com 2.000 eleitores em 136 municípios de 24 estados e divulgada ontem, aponta Dilma com 35,7% das intenções de voto e José Serra, pré-candidato do PSDB, com 33,2% dos votos. Situação de empate técnico. Marina Silva, do PV, obteve 7,3% das preferências. Os outros oito pré-candidatos de partidos pequenos receberam menos de 1,5 % das intenções de voto.
A petista apresentou, de janeiro para cá, um crescimento de 8,5 pontos percentuais, acima da margem de erro de 2,2. Ao mesmo tempo, Serra e Marina oscilaram negativamente dentro da margem de erro, respectivamente 2,9 pontos percentuais e 1,5 ponto percentual. Na simulação de segundo turno, Dilma tem 41,8% das intenções de voto contra 40,5% do ex-governador tucano. Na pesquisa feita em janeiro, Serra estava na frente, com 44%, e Dilma tinha o registro de 37,1% das preferências.
Para Marcus Figueiredo, há um clima de otimismo no eleitorado resultante de um ciclo virtuoso de desenvolvimento com viés à esquerda. “Esse ciclo tem forte viés nacionalista e desenvolvimentista, mais à feição da social-democracia do tipo europeia, diferenciando-se drasticamente do período getulista e do regime militar, por terem sido altamente conservadores”, considera.
Segundo o especialista, o eleitorado entrou em compasso de espera. “Um terço está com Serra, outro terço com Dilma e outro terço disponível”, disse. Para ele, contudo, as simulações apontam para uma tendência em favor da Dilma, que tem ao lado o presidente Lula e os fundamentos do ciclo virtuoso — a economia e o desenvolvimento social. “O que lhe dá esta marca são o viés em favor das classes mais baixas, por meio das políticas de desenvolvimento social, e uma política econômica de rígido controle monetário, para o combate da inflação”, afirma o cientista político.
Mais de 50% já declararam estar dispostos a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade”Marcus Figueiredo, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj)
Viés é de alta
O aparente favoritismo de Dilma tende a se acentuar a partir do início da exibição do horário gratuito da propaganda eleitoral. Essa é a percepção do cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Bruno Wanderley Reis. Segundo ele, Dilma, ainda desconhecida de boa parte do eleitorado menos atento, será intensamente associada ao desempenho do governo federal e à imagem do presidente Lula.
Reis reforça que o presidente consegue manter sempre em alta os índices de popularidade e o eleitor tem demonstrado o desejo pela continuidade. “Mais de 50% já declararam estar dispostos a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade”, completa o professor Marcus Figueiredo, do Iuperj.
Paternidade
Estudioso das retóricas estratégicas das campanhas eleitorais, Reis assinala que a candidatura de Dilma construiu bem um discurso de continuidade. “A estrutura é bem simples: o que está ótimo deve continuar (o governo Lula)”, afirma ele. Já o discurso da candidatura de Serra segue raciocínio quase idêntico, com a estrutura: “O ciclo virtuoso durante o governo Lula só foi possível devido à herança do governo FHC. Portanto, o governo Lula passaria a ser o “filho bastardo” que negaria a herança”, explica. “Ambos os argumentos sustentam a continuidade como prospecto político. A divergência está na fonte geradora do ciclo virtuoso, ou seja, quem é o pai do sucesso. Quem for identificado como o responsável por essa paternidade, isto é, dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje, ganhará a eleição”, sustenta.Correio
A pesquisa CNT/Sensus, realizada com 2.000 eleitores em 136 municípios de 24 estados e divulgada ontem, aponta Dilma com 35,7% das intenções de voto e José Serra, pré-candidato do PSDB, com 33,2% dos votos. Situação de empate técnico. Marina Silva, do PV, obteve 7,3% das preferências. Os outros oito pré-candidatos de partidos pequenos receberam menos de 1,5 % das intenções de voto.
A petista apresentou, de janeiro para cá, um crescimento de 8,5 pontos percentuais, acima da margem de erro de 2,2. Ao mesmo tempo, Serra e Marina oscilaram negativamente dentro da margem de erro, respectivamente 2,9 pontos percentuais e 1,5 ponto percentual. Na simulação de segundo turno, Dilma tem 41,8% das intenções de voto contra 40,5% do ex-governador tucano. Na pesquisa feita em janeiro, Serra estava na frente, com 44%, e Dilma tinha o registro de 37,1% das preferências.
Para Marcus Figueiredo, há um clima de otimismo no eleitorado resultante de um ciclo virtuoso de desenvolvimento com viés à esquerda. “Esse ciclo tem forte viés nacionalista e desenvolvimentista, mais à feição da social-democracia do tipo europeia, diferenciando-se drasticamente do período getulista e do regime militar, por terem sido altamente conservadores”, considera.
Segundo o especialista, o eleitorado entrou em compasso de espera. “Um terço está com Serra, outro terço com Dilma e outro terço disponível”, disse. Para ele, contudo, as simulações apontam para uma tendência em favor da Dilma, que tem ao lado o presidente Lula e os fundamentos do ciclo virtuoso — a economia e o desenvolvimento social. “O que lhe dá esta marca são o viés em favor das classes mais baixas, por meio das políticas de desenvolvimento social, e uma política econômica de rígido controle monetário, para o combate da inflação”, afirma o cientista político.
Mais de 50% já declararam estar dispostos a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade”Marcus Figueiredo, professor do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj)
Viés é de alta
O aparente favoritismo de Dilma tende a se acentuar a partir do início da exibição do horário gratuito da propaganda eleitoral. Essa é a percepção do cientista político e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Bruno Wanderley Reis. Segundo ele, Dilma, ainda desconhecida de boa parte do eleitorado menos atento, será intensamente associada ao desempenho do governo federal e à imagem do presidente Lula.
Reis reforça que o presidente consegue manter sempre em alta os índices de popularidade e o eleitor tem demonstrado o desejo pela continuidade. “Mais de 50% já declararam estar dispostos a votar em um candidato apoiado pelo presidente Lula. Ainda não está claro para o eleitorado qual ou quais candidatos representam a continuidade”, completa o professor Marcus Figueiredo, do Iuperj.
Paternidade
Estudioso das retóricas estratégicas das campanhas eleitorais, Reis assinala que a candidatura de Dilma construiu bem um discurso de continuidade. “A estrutura é bem simples: o que está ótimo deve continuar (o governo Lula)”, afirma ele. Já o discurso da candidatura de Serra segue raciocínio quase idêntico, com a estrutura: “O ciclo virtuoso durante o governo Lula só foi possível devido à herança do governo FHC. Portanto, o governo Lula passaria a ser o “filho bastardo” que negaria a herança”, explica. “Ambos os argumentos sustentam a continuidade como prospecto político. A divergência está na fonte geradora do ciclo virtuoso, ou seja, quem é o pai do sucesso. Quem for identificado como o responsável por essa paternidade, isto é, dos bons indicadores sociais e econômicos que temos hoje, ganhará a eleição”, sustenta.Correio
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