Troca de Serra por Aécio atiça as serpentes do PSDB
Dois gladiadores do PSDB, que se caracterizam por nãoficar em cima do muro, têm conspirado sobre uma ideia que, se revelada, os transformaria em estátuas de sal. A premissa é um cenário eleitoral,a ser confirmado por uma pesquisa interna aguardada para a próxima semana, que ratificaria ou não um quadro de avanço da candidata Marina Silva sobre o eleitorado de José Serra e um descolamento ainda mais acentuado de Dilma Rousseff.
A extrapolação da pesquisa permitiria inferir a vitória de Dilma já no primeiro turno. A maquiavélica engenharia, que parece interditada antes do seu nascedouro, transformaria a convenção nacional do PSDB, marcadapara 12 de junho, em uma das mais emblemáticas viradas da política partidária nacional. Como sempre no terreno das hipóteses, a convenção seria tratada como uma superprodução e evento definitivo para as aspirações do PSDB.
José Serra retiraria sua candidatura em prol do exgovernador Aécio Neves, repetindo,na prática, a velha ladainha de Lord Keynes de que “se a realidade muda, nós mudamos”. Ou seja: o partido teria de mostrar capacidade de adaptação às grandes mudanças que se verificaram no cenário da corrida eleitoral, no qual a presença do presidente Lula é um fator que precisa ser enfrentado com a geração de novos fatos políticos.
Aécio ingressaria no embate com o cacife da unificação de Minas Gerais, o apoio do PSDB de São Paulo – o único que existe de verdade no país – e a possibilidade de minar a esmagadora preferência por Dilma nos currais eleitorais do PT. Ao contrário do insosso discurso de defesa da austeridade das contas fiscais, entoado por Serra, Aécio traria as bandeiras da redução tributária, do pleno emprego e da união nacional sob a égide do legado de Tancredo Neves.
Símbolos, ideias e empatia, tudo aquilo que o partido dos tucanos não tem. O PSDB carece também de um “P”maiúsculo para uma guinada dessas. Essa feminilidade partidária é que desanima os canhoneiros que continuam carpindo a morte política antecipada de José Serra. Se vontade fosse quesito suficiente, na próxima convenção o sacrifício de Serra seria purificador e ele, então, se elevaria ao panteão dos protagonistas que fizeram a história. A Aécio Neves, as batatas!. Fonte: Relatório Reservado
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