“No início, serei governador e secretário de Saúde”
Eleições 2010, entrevista em 11/07/2010 às 11:37
Foto: Sérgio Dutti
(Pergunta dos leitores Thiago Pereira/ Alessandro Araújo)
Agnelo Queiroz: O PMDB passou por um processo de depuração e extirpou de seus quadros o pedaço ruim, que levava a legenda para trás. Tadeu Filippelli, meu vice-governador, foi o líder desse processo de depuração partidária e é um quadro político de imenso valor. Política é a arte de somar, e não de dividir. Houve uma reflexão de diversos personagens da cena política de Brasília e eles vieram para o nosso lado porque sabem que este é o caminho do futuro.
Uma vez eleito, o senhor fará um governo para os que aqui moram ou um governo partidário? A ex-deputada Eurides Brito, por exemplo, terá influência na Secretaria de Educação, uma vez que o PMDB, partido de Eurides, faz parte de sua chapa majoritária e deve compor o seu governo?
(Pergunta dos leitores José Humberto Oliveira, Planaltina e Yuri Nascimento, Sobradinho)
Agnelo - Com a cassação, a ex-deputada Eurides Brito afastou-se da política. Farei um governo destinado a pôr o Distrito Federal em um novo caminho e há gente de diversos partidos disposta a colaborar – assim como gente que não está em partido algum.
Qual a sua proposta de inovações para a Cultura, uma vez que, até hoje, a política adotada para este setor tem sido apenas a de financiamento de produções e promoção de eventos comemorativos?
(Pergunta do leitor Vanderson Maciel)
Agnelo - Vamos implantar uma Política Cultural que promova o amplo acesso à cultura para todos os segmentos sociais em todas as cidades do Distrito Federal, com incentivos à produção cultural dos cidadãos e grupos locais. É necessário levar a cabo a descentralização e a revitalização dos equipamentos culturais coletivos (museus, teatros, centros culturais, cinemas, bibliotecas, salas de espetáculos, dentre outros).
Em relação à juventude nossa proposta é criar Centros de Juventude em todas as cidades, onde a juventude poderia ter acesso aos instrumentos para produzir sua cultura, bem como salas de inclusão digital, e espaços de lazer para a prática de esportes.
E para o carnaval de Brasília? Ele acontecerá em 2011, se o senhor for eleito? Será no Plano Piloto? Haverá incentivos para que as escolas de samba deem continuidade a seus projetos sociais e culturais?
(Pergunta do leitor Eurides Brutão, Santa Maria)
Agnelo - É claro que o Carnaval de 2011 ocorrerá, como sempre ocorreu. Em todos os anos, mesmo com troca de governos, o carnaval foi celebrado e com sucesso. Não será diferente em 2011. O Ceilambódromo é um espaço consagrado e o Plano Piloto, assim como outras cidades do Distrito Federal, têm seus espaços consagrados à festa. No primeiro ano de administração, como assumiremos em 1º de janeiro, não haverá tempo hábil para mudar o que já estiver estabelecido – mas nos anos subseqüentes de administração procuraremos sempre fazer do Carnaval em Brasília uma festa popular, inclusiva, segura e democrática.

Foto: Roberto Barroso
(Pergunta dos leitores Jonas Novais e Francisco Fonte)
Agnelo - A área de saúde é a prioridade “um” de meu plano de governo. Tanto assim que nos primeiros meses de governo acumularei o cargo de governador com o de secretário de Saúde. A situação de nossos hospitais, de nossos postos de saúde e de qualquer aparelho da rede pública de saúde do Distrito Federal é o caos. Conheço a fundo esse problema justamente em razão de ser um médico da rede pública - como o próprio leitor do blog fez questão de acentuar.
O fato é que os hospitais têm de funcionar, e bem. Não podem é ser depósitos de gente que vai até eles em busca de esperança e se depara com o caos. Não farei gestões isoladas em cada hospital. A solução para o setor de atendimento à saúde no DF passa por uma política ampla e estruturada. Primeiro, precisamos implantar unidades de pronto atendimento em todas as regiões administrativas. Essas unidades serão uma espécie de policlínica que fará o atendimento inicial do paciente. Na maioria dos casos é possível resolver o problema dos pacientes já nesses atendimentos. Ali eles serão atendidos e medicados. Se for o caso de realizar novos exames, uma investigação mais detalhada ou mesmo uma internação, o cidadão ou a cidadã sairá daquela unidade regional já com consulta marcada. Isso se faz com gestão, com liderança e com organização.
Essas unidades terão um padrão físico, de higiene e de qualidade de atendimento idêntico ao de policlínicas privadas. Serei severo na fiscalização disso. O controle do uso e do descarte dos medicamentos e dos remédios também será absoluto. Não podemos ter desperdício nessa área, pois é a partir desses desperdícios que nascem as grandes faltas de recursos. Se resolvemos a maioria dos casos já nas administrações regionais, sem que os pacientes tenham de se deslocar para os hospitais maiores, começamos a resolver parte dos problema das filas.
O senhor pretende manter o contrato do GDF com a Real Sociedade Espanhola para gestão do Hospital de Santa Maria? Pretende convocar os aprovados em concursos que aguardam convocação?
(Pergunta dos leitores Luís Antônio de Oliveira e Fernando Alves)
Agnelo - O contrato do GDF com a Real Sociedade Espanhola, no Hospital de Santa Maria, está sob investigação dos órgãos competentes. Certamente haverá uma posição firmada da área judicial até o início de meu governo.
Quando começar a entrar em funcionamento esse sistema integrado quero implantar para a Saúde, partiremos para agir de forma mais drástica no controle das ações dentro dos hospitais. Hoje o atendimento em saúde no Distrito Federal humilha quem está dois lados do sistema: o paciente e suas famílias, que não recebem o tratamento ou a esperança que buscam nos hospitais e nos médicos, e os profissionais de saúde, que também sofrem com esse caos.
Qual sua proposta para integração entre o DF e o Entorno? O senhor vai apoiar a proposta da RIDE, de integração das políticas públicas, e ser seu articulador diante dos governos estaduais e do governo federal?
(Pergunta do leitor Gustavo Chauvet)
Agnelo - Esse é o começo de uma boa solução. A proposta da RIDE é muito boa. Será necessário analisar sua viabilidade de implantação. Creio que o melhor caminho para essa integração é criar a Região Metropolitana de Brasília. Isso não é fácil e requer o empenho do governo federal e do governo de Goiás também. Uma Região Metropolitana de Brasília pode facilitar soluções para a área de transporte, segurança e saúde, por exemplo. Não podemos permanecer com a tarifa de ônibus mais cara do país. Muitas vezes cidadãos de cidades goianas do entorno de Brasília, como Águas Lindas, Planaltina, Cidade Ocidental, por exemplo, perdem oportunidades de emprego no Plano Piloto em razão do custo do transporte. E o custo é elevado dessa forma porque os empresários do setor alegam que têm de transitar com seus veículos por duas unidades federativas distintas. Isso é desumano! Vejo a proposta da RIDE com atenção e dedicação e acredito na possibilidade de se criar a Região Metropolitana de Brasília.
O governo anterior, de José Roberto Arruda, deixou uma serie de projetos no papel que seriam interessantes para a cidade, como o Brasília Integrada, a ampliação do metrô até a Asa Norte, o VLT e as reformas da Saída O senhor tem a intenção de colocá-los em prática?
(Pergunta do leitor Jorge Ferro)
Agnelo - O metrô chegará até o fim da Asa Norte e terá toda a sua linha em Ceilândia concluída até o fim de meu governo. O Brasília Integrada é um bom projeto estrutural e tenho a meu lado, na chapa, um dos homens que melhor conhece esse projeto: Tadeu Filippelli, meu vice-governador. O Filippelli estará a meu lado na recondução dos rumos desses projetos porque eles são fundamentais para pôr Brasília num novo caminho. Não vamos admitir é superfaturamentos, desmandos. Isso é que atrasa as obras. Isso é que é ruim. O Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Corregedoria Geral da União já estão investigando essas obras. Quando eu assumir certamente já haverá pareceres sobre elas e vamos tocar tudo com celeridade - desde que a Justiça assim determine.
O trânsito do Distrito Federal está insuportável. A cada ano emplacamos aqui 100 mil carros novos. Em dez anos, se não fizermos nada, nossas vias estarão intransitáveis. A cidade do futuro não pode sofrer assim. E acredito fortemente, firmemente, no transporte público para solucionar essas questões.
Todos conhecemos o caos que está o transporte público do DF - ônibus velhos, passagens caras e empresários que só pensam no próprio. O senhor tem alguma proposta para mudar esse sistema?
(Pergunta do leitor Raphael Lacerda, Guará II)
Agnelo - A integração total dos sistemas de transportes públicos é a única saída. Um sistema de bilhete único por meio do qual o cidadão toma um ônibus em Águas Lindas, por exemplo, salta em Ceilândia, pega o metrô, desce na Rodoviária e pega outro ônibus até o Lago Norte, pagando apenas uma tarifa desde que leve menos de duas horas nesses deslocamentos, por exemplo, pode ser uma saída. Isso foi implantado em São Paulo pelo governo do PT, da Marta Suplicy, e funciona muito bem. O Rio de Janeiro copiou e funciona bem lá. Por que não podemos fazer isso aqui? O que não pode é o passageiro pagar a tarifa mais cara do país e receber um dos piores serviços públicos de transporte do Brasil
É de conhecimento de todos a desorganização do fisco distrital, tanto no que se refere às carreiras de servidores que compõem o quadro da Secretaria de Fazenda, quanto ao modelo de arrecadação tributária adotado. Em relação à melhoria da arrecadação de tributos próprios (geridos pelo DF) e à organização do fisco distrital, qual o seu projeto de governo?
(Pergunta do leitor Diego Emanuel Campelo)
Agnelo - Essa é outra questão que precisamos estudar melhor já durante a transição de governo.
Hoje as Administrações Regionais são meros cabides de emprego, já que não têm nenhuma autonomia política, financeira e administrativa. Qual a sua proposta para que as administrações funcionem como facilitadoras na resolução dos problemas da comunidade? E como se dará a escolha dos administradores?
(Pergunta dos leitores José Júlio de Oliveira, de Águas Claras, Márcio de Jesus Souza, de Taguatinga, e Eurides Brutão, de Santa Maria)
Agnelo - O administrador regional tem de estar sintonizado com as linhas mestras da administração central, do governo. Sobretudo em um momento tão delicado para o Distrito Federal em razão do processo de apuração e de depuração de desmandos políticos e administrativos como o que passamos. Em minha gestão o administrador regional será um espelho das macropolíticas administrativas e um canal direto dos cidadãos de cada cidade para comigo e com o meu governo. Essa prática de transformar as administrações regionais em cabides de emprego é condenável, é contra a gestão pública e eu não admitirei isso em meu governo.
A lei que destina um percentual de nomeações de funções comissionadas para ser exercidas, exclusivamente, por servidores de carreira no Governo não é cumprida pelos governantes. O senhor vai se comprometer a respeitar este limite, levando-se em consideração as alianças formadas até o presente momento para a eleição? Qual sua política para convocação de novos servidores para o GDF, principalmente os já aprovados em concurso, aguardando convocação?
(Pergunta dos leitores Vanderson Maciel, Danilo Lima e Francinaldo Silva)
Agnelo - Não poderia responder a essa pergunta sem informações precisas e fidedignas da atual gestão. Não se obtém esse tipo de informação no curso de uma campanha. Esse é o tipo de assunto sobre o qual devemos nos dedicar durante a fase de transição de uma administração para outra.
Para o senhor, qual é a diferença entre ser ético e estar dentro da lei? Entre os dois conceitos, em qual pretende se enquadrar caso seja eleito?
(Pergunta do leitor Yuri Nascimento, de Sobradinho)
Agnelo - Meu governo não transigirá com a ética e seguirá sempre dentro da lei.
A população do DF hoje chega a 2,5 milhões de habitantes, faltam hospitais e médicos, o trânsito é caótico, violência e criminalidade fora de controle e crescente, transporte deficiente e caro, as instituições sem credibilidade e corrupção no poder público. Como o senhor sanar tantos problemas em apenas quatro anos?
(Pergunta de Solimar Nascimento)
Agnelo - É possível. Só corrijo um número: a população do Distrito Federal aproxima-se dos 3,5 milhões de habitantes. O conjunto dessa entrevista responde a essa questão.
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