sexta-feira, 9 de julho de 2010

Patrimônio dos representantes do DF na Câmara dos Deputados também cresceu




Dos 12 políticos do DF que assumiram mandatos na Casa Federal na atual legislatura, oito enriqueceram. De acordo com os dados apresentados por eles à Justiça Eleitoral, cinco pelo menos dobraram o volume de bens e aplicações financeiras nos últimos quatro anos





Ana Maria Campos



Publicação: 09/07/2010 07:00 Atualização: 09/07/2010 08:00



Se depender da competência para administrar o próprio patrimônio, cinco dos 12 deputados do Distrito Federal que assumiram o mandato nesta legislatura na Câmara Federal têm nota alta. O suplente José Edmar (PR-DF), segundo as declarações encaminhadas à Justiça Eleitoral para efeito de pedido de registro de candidatura, lidera o ranking de enriquecimento. Destacam-se também Laerte Bessa (PSC-DF), Robson Rodovalho (PP-DF), Geraldo Magela (PT-DF) e Alberto Fraga (DEM-DF), que conseguiram nos últimos quatro anos na política aumentar consideravelmente a relação de seus bens e contas bancárias. As informações são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).



Candidato a novo mandato de deputado distrital depois de uma passagem relâmpago pela Câmara Federal, Edmar(1) declarou em 2006 ter uma Kombi, uma caminhonete e R$ 10 mil na conta bancária, que totalizaram R$ 110 mil. Nos últimos quatros anos, Edmar inclui no seu patrimônio três apartamentos, uma casa, duas fazendas, uma loja e um ultraleve. A aeronave custou R$ 3 mil, de acordo com as informações prestadas à Justiça Eleitoral. Com esse avanço, Edmar possui bens em seu nome que somam R$ 828,5 mil. A variação foi de 649%. O segundo no critério de aumento proporcional é Ricardo Quirino (PR), pastor da Igreja Universal, também suplente de deputado.



Quirino, no entanto, teve uma ampliação modesta, comparada ao salário de R$ 16 mil que recebeu quando passou pela Câmara. Há quatro anos, ele era dono de metade das cotas de uma editora de livros evangélicos que valia R$ 5 mil. Hoje, ele anda de Ecosport preto, ano 2007. O bem foi declarado por R$ 14,5 mil. Quirino e Edmar não foram localizados ontem pelo Correio. Magela, que conseguiu dobrar seu patrimônio, sustenta que tem três fontes de renda: o salário como deputado, a aposentadoria do Banco do Brasil (BB) e aplicações financeiras. A variação está toda concentrada em investimentos bancários da ordem de R$ 1,3 milhão. “Recebi dinheiro quando me aposentei no Banco do Brasil, em 2008”, explicou ao Correio. O petista, que estava ontem num evento de campanha, não soube detalhar o valor.



Ex-diretor da Polícia Civil do DF, Laerte Bessa também recebe dois salários — a aposentadoria como delegado e o subsídio de deputado federal. Ele comprou três apartamentos financiados no Edifício Wave, em Águas Claras. “Recebo bons salários e ainda recebi R$ 120 mil como indenização num processo por danos morais”, contou o deputado, que concorre à reeleição. Ele também comprou uma Nissan XTerra, por R$ 130 mil. A variação entre o patrimônio declarado em 2006 e a mais recente documentação é de 178,96%.



Coronel da reserva da Polícia Militar, o deputado Alberto Fraga (DEM) também subiu de patamar. Como os outros, ele tem a aposentadoria e o salário de R$ 16 mil como parlamentar. Um de seus maiores luxos, segundo conta, é um Chrisler preto, de R$ 90 mil. A Hilux fosca, ano 2009, também impressiona. Custou R$ 110 mil. “Tenho dos dois bons salários. Não sou um homem de vícios, não ando na noite, invisto muito na fazenda”, conta Fraga. O patrimônio do deputado que concorre a um mandato de senador teve uma evolução de 76,6%. Ele explica que grande parte dessa diferença decorre de uma atualização no Imposto de Renda do valor das terras que possui em Água Fria, Niquelândia e Padre Bernardo, em Goiás.



Ricos

Entre os mais abastados, a evolução foi menor. O ex-deputado Osório Adriano (DEM), conhecido empresário de Brasília dos ramos da construção, concessionária de veículos e de comercialização da Coca-Cola, tem um patrimônio declarado de R$ 64 milhões. Esse montante é bem alto elevado, considerando-se o real valor dos inúmeros imóveis que ele têm principalmente no Distrito Federal e em Uberaba (MG). Primeiro suplente na chapa encabeçada pela ex-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB), Osório Adriano manteve o mesmo padrão nos últimos quatros anos, com uma ligeira queda de 2,49%.



Ele não é o único com status de milionário. Tadeu Filippelli (PMDB), o vice do petista Agnelo Queiroz, é empresário e dono de uma fábrica de refrigerantes. Segundo análise de suas prestações de contas, não teve aumento patrimonial. Se depender do montante de bens, o segundo na chapa encabeçada por Joaquim Roriz (PSC), o deputado Jofran Frejat (PR), não fica aquém de Filippelli. Enquanto o peemedebista declarou R$ 4,4 milhões, o médico aposentado possui R$ 4,2 milhões. Uma diferença entre as declarações de Frejat é que ele mantinha em dinheiro vivo R$ 1,3 milhão, depositou grande parte desses recursos, mas ainda guarda em cash R$ 250 mil.



O deputado federal Robson Rodovalho, candidato à reeleição, explica que a evolução de seu patrimônio decorre de duas coisas: valorização dos imóveis que possui e um rendimento decorrente da Editora Sara Brasil Edições, de sua propriedade. O bispo da Igreja Sara Nossa Terra acrescenta que não vive apenas do salário de deputado federal. Dos 12 parlamentares, oito tiveram aumento patrimonial.



1 - Licença

Quarto suplente da coligação, José Edmar (PR) assumiu o mandato com a licença dos titulares Augusto Carvalho (PPS), Alberto Fraga (DEM) e Robson Rodovalho (PP), além do suplente Izalci Lucas (PR). Todos deixaram temporariamente a Câmara para exercer cargo, no governo Arruda. No Congresso, Edmar destacou-se pela greve de fome que fez como protesto para aprovar projeto de imposto único. Não surtiu efeito.

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