sábado, 3 de julho de 2010

É azul contra vermelho. De novo


Disputa pelo GDF volta à polarização do PT contra Roriz. Partidos tiveram até dia 30 para fazer as convenções e agora têm até dia 5 de julho para registrar os candidatos escolhidos

Tamanho da Fonte Rodrigo Mendes de Almeida

rmendes@jornaldacomunidade.com.br Redação Jornal da Comunidade



Foto: Sheyla Leal

A chapa Azul, com Frejat, Roriz, Abadia (na foto) e Fraga, vai se bater contra os Vermelhos, de Rollemberg, Agnelo, Filippelli (na foto) e CristovamHouve muita especulação. Tentativa de criação de segunda, terceira, quarta via, centenas de possíveis nomes cotados para encabeçar uma chapa para o Governo do Distrito Federal. No final, voltamos à disputa do ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que tentará seu quinto mandato, contra o PT, que nesse pleito vai com o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz.





O professor do Instituto de Ciências Políticas da UnB Ricardo Caldas diz que as duas candidaturas ainda estão sob risco de serem impedidas. Ele conta que o Ministério Público já avisou que entrará com pedido de impugnação da chapa rorizista, e acha que, em retaliação, muito provavelmente os correligionários do ex-governador vão abrir representação contra Agnelo também, principalmente para igualar as situações. Para o professor, a situação de Roriz é pior, mas Agnelo também tem “alguma coisa que pode ser explorada”.





A construção do cenário das eleições foi cheia de idas e vindas. De um lado, PT, PSB, PDT e PCdoB, partidos que já compõem a base de apoio do governo Lula, estavam fechados. De outro, Roriz, no pequeno PSC, estava com várias outras legendas menores.





Caldas avalia que o fato de o quadro eleitoral ter voltado é indicativo de que “o cenário político do DF não evoluiu”. Para ele, ainda temos as “mesmas práticas” de sempre em Brasília.





De fato, os principais critérios para os partidos se aliarem uns aos outros, de maneira genérica, foi o tempo de TV e rádio de cada agremiação e os coeficientes eleitorais, ou seja: em qual aliança tal partido elege um deputado de maneira mais fácil.





O PMDB, do deputado federal Tadeu Filippelli, aliado histórico de Roriz no DF, resolveu seguir sua política nacional e entrar para o campo governista. Dessa forma, fechou aliança inédita com o PT, indicando o próprio Filippelli como vice. Mas não sem resistência. O governador Rogério Rosso, imbuído do orgulho de estar à frente do Palácio do Buriti, lançou-se como pré-candidato ao governo. Rosso foi derrotado na convenção regional e não deve ter papel preponderante no processo eleitoral do DF.







Foto: Rúbio Guimarães/Cedoc

A chapa Azul, com Frejat, Roriz, Abadia (na foto) e Fraga, vai se bater contra os Vermelhos, de Rollemberg, Agnelo, Filippelli (na foto) e CristovamCom isso, estava montada a chapa principal dos vermelhos, com Agnelo para governador, Filippelli para vice, o senador Cristovam Buarque (PDT) concorrendo para a reeleição e o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB) também concorrendo ao Senado.





Do lado de Roriz, a maioria dos apoios de peso chegaram nos últimos dias. O PSDB viveu enorme confusão para se decidir. Havia uma avaliação na direção nacional do partido de que ter Roriz ao lado de Serra seria muito mais um ônus do que uma vantagem. Por fim, os tucanos resolveram se juntar ao PSC, tendo Maria de Lourdes Abadia como candidata ao Senado.





Essa decisão deixou muito irritado o parceiro dos tucanos, o DEM. Os dois partidos são aliados desde que Fernando Henrique Cardoso foi presidente, tendo Marco Macielcomo vice.







O indefinido PTB



O PTB realizou sua convenção regional no último dia permitido e fechou apenas a lista de nomes que irão concorrer a deputado distrital e federal. A decisão sobre a coligação a ser fechada pelo partido foi remetida para a executiva regional. Isso significa que, na prática, a instância partidária teria até segunda-feira, às 19h, prazo final para as inscrições, para decidir seus rumos em 2010. Mas antes do fim de semana o partido anunciou que fechou acordo para estar na chapa de Agnelo Queiroz. Seu principal líder no DF e presidente da sigla, Gim Argelo, é senador, tendo herdado a vaga de Joaquim Roriz, depois que este renunciou. A não ser que alguma condenação casse o mandato de Roriz – o que faria com que Gim perdesse a vaga também -, ele tem mais quatro anos de mandato.

O PP foi outro que deixou sua decisão para a última hora. Ao final, decidiu-se por fazer parte da chapa de Roriz, mas deixou claro que guarda convergências com o outro lado também. A escolha do PP foi de ordem pragmática e contou com a negociação de um dos líderes regionais do partido, o deputado distrital Benedito Domingos.





No final, a maioria dos partidos se alinhou a um dos lados, Azul ou Vermelho, engrossando o tempo de TV e rádio e a estrutura disponível para cada um. Em troca, os “donos” das chapas acomodaram os interesses dos aliados, fornecendo melhores condições para eleger mais nomes nas campanhas proporcionais. Com as alianças sacramentadas, Agnelo tem hoje 54% mais tempo que Roriz de propaganda eleitoral. Só a aliança entre PT e PMDB garantiu a ele mais da metade do tempo. De um total de 20 minutos de propaganda por turno, Agnelo terá 10 minutos e 44 segundos.









As idas e vindas do Democratas







O DEM então, na última semana, anunciou que teria candidatura própria, na figura do deputado federal Alberto Fraga. Coronel reformado da Polícia Militar, Fraga é folclórico por suas declarações explosivas. O deputado escancarou diferenças internas no partido, ao criticar publicamente o presidente da sigla no DF, senador Adelmir Santana, e uma das lideranças mais tradicionais do partido, Osório Adriano. Fraga chegou a declarar que não iria se juntar a “ficha suja”, referindo-se a Roriz.





Os Democratas viveram, então, período em que buscaram intensamente aliados para viabilizar sua candidatura. Chegaram a dar como certa a aliança com o PPS, que nacionalmente já havia fechado com José Serra e que não queria entrar na chapa de Roriz.





Porém, um dia depois de anunciada a candidatura de Fraga, o PPS noticiou que, feitas as contas do coeficiente eleitoral, o partido não teria condições de eleger nenhum deputado distrital ou federal na coligação com o DEM e, portanto, teria se decidido por fazer parte da chapa de Agnelo Queiroz. Outros partidos que foram cogitados para compor com Fraga, como o PTB e o PP, resolveram suas vidas se aliando a Agnelo, caso do PTB, e com Roriz, caso do PP. Foi a última cartada para que o DEM desistisse da candidatura própria e, mesmo depois dos ataques desferidos a Roriz, desembarcasse na chapa Azul.





Um dos grandes problemas, interno ao DEM, que voltaria à tona, era a disputa pelas vagas. Com Fraga como candidato ao governo, Adelmir Santana poderia cumprir seu desejo de concorrer ao Senado, já que Adelmir conseguiu a cadeira por ser suplente de Paulo Octávio. Quando PO se tornou vice-governador, Adelmir assumiu, sem nunca ter passado por uma eleição, e queria se testar nas urnas.





Com o DEM na chapa de Roriz, há apenas uma vaga, de Senador, para o partido. O PR já compõe a chapa com Jofran Frejat como vice. Coube a Roriz decidir se o candidato ao Senado seria Adelmir ou Fraga. Preterido, Adelmir se disse descontente com a direção nacional do partido, já que, no diretório regional, tinha maioria para ser indicado. Agora, o presidente regional da sigla está na nominata que saiu da convenção regional dos Democratas como candidato a deputado federal, mas garante não ser seu desejo pessoal concorrer a esse cargo. Na prática, ele tem até o dia 5 para decidir se concorre ou não.







Chapas



Governo: Agnelo Queiroz

Vice: Tadeu Filippelli

Senado: Cristovam Buarque e Rodrigo Rollemberg,

PT, PMDB, PDT, PSB, PCdoB, PRB, PHS,

PPS, PTB



Governo: Joaquim Roriz

Vice: Jofran Frejat

Senado: Maria de Lourdes Abadia e Alberto Fraga,

PSC, PSDB, DEM, PR, PMN, PTdoB, PRTB, PSDC, PTCP, PP



Governo: Toninho

Vice: Terezinha

Senado: Chico Santana e Jorge Antunes

PSOL



Governo: Eduardo Brandão

Vice: Paulo Lima

Senado: Moacir Arruda e Cadu Valadares

PV



Governo: Frank Svensson

Vice: João Batista da Silva

Senado: Rosana Chaib

PCB



Governo: Newton Lins

Vice: Paulo Vasconcelos

PSL, PTN



Governo: Rodrigo Dantas

Vice: Rosa Olímpio

Senado: Robson Raimundo

PSTU

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