O fim da maldição no Senado
Artigos em 05/10/2010 às 8:56
senadores
Por Marcello Xavier*
Desde que o Distrito Federal ganhou autonomia política - e o brasiliense conquistou o direito de escolher pelo voto direto seus candidatos - nunca um senador eleito na nova capital do país começou e terminou um mandato de oito anos no Senado Federal. A história da política no DF envolvendo os senadores é marcada por morte, cassações e renúncias.
Primeiro senador eleito pelo DF em 1990, Valmir Campelo (PTB) se licenciou do cargo para disputar o governo local em 1994 contra Cristovam Buarque (PT). Depois da derrota nas urnas, retomou as atividades parlamentares. Três anos depois renunciou ao mandato após ser indicado pelo Senado Federal ao cargo de ministro do Tribunal de Contas da União (TCU).
Segundo senador eleito em Brasília na disputa de 1994 Lauro Campos mudou do PT para o PDT durante o mandato. Quase completou as duas legislaturas (oito anos). Morreu em janeiro de 2003.
O então deputado distrital Luiz Estevão foi guinado ao Senado com votação histórica em 1998. Era à época um dos mais jovens senadores. Mas sua passagem pelo Congresso foi meteórica. Não durou pouco mais de um ano. Em 2000, o peemedebista acabou cassado e perdeu o mandato após ser envolvido no escândalo das obras de construção do novo Fórum do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo.
Em 2001, José Roberto Arruda à época no PSDB subiu à tribuna do Senado. Chorou pelos filhos em Plenário e implorou para ficar. Ao perceber que teria o mandato cassado, renunciou depois de revelado o escândalo da violação do painel de votação do Senado.
Paulo Octávio (PFL) também abriu mão do cargo de senador para disputar a vaga de vice-governador na chapa de Arruda ao governo do DF em 2006.
O ex-governador Joaquim Roriz - que até semana passada tentava voltar ao governo do DF - também renunciou à cadeira dele no Senado para evitar a cassação depois de ser ligado a mais um – dentre tantos – escândalo.
Quando fevereiro chegar e uma nova legislatura se iniciar no Congresso, o atual senador Cristovam Buarque (PDT) terá quebrado a “maldição do Senado”. Apesar de ter mudado de partido – começou o mandato no PT – será o único político eleito do DF que a concluir os oito anos no Senado.
A população de Brasília certamente espera que Cristavam repita o feito nos próximos anos. E que Rodrigo Rolemberg (PSB) - o segundo mais votado nesse pleito - siga o exemplo de Buarque. O DF não merece mais estar nas páginas policiais.
*Marcello Xavier é pernambucano, jornalista e morou em Brasília onde atuou como jornalista político por vários anos. Hoje mora em Natal (RN), mas continua acompanhando a política da capital.
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