RS: presos por suspeita de compra de votos
Rodrigo Alvares, Estadão.com
Dois homens e uma mulher foram presos em flagrante ontem pela Polícia Federal pela suspeita de distribuição de alimentos com a finalidade de comprar votos de eleitores no município de Coxilha – norte do Rio Grande do Sul.
Eles faziam a entrega das sacolas em um caminhão com adesivos e faixas da campanha do candidato à presidência José Serra (PSDB).
O delegado do caso, Celso André Nenê Santos, afirmou ao Radar Político que os homens detidos admitiram em depoimento que o caminhão saiu do comitê eleitoral do PSDB em Passo Fundo. Eles também afirmaram que a entrega dos alimentos tinha intenções eleitorais e seguiam ordens da assistente social – que não teve o nome revelado e optou por só falar em juízo.
O Ministério Público recebeu uma denúncia de que estaria havendo compra de votos e comunicou o fato à Polícia Rodoviária Estadual de Coxilha, que abordou o caminhão e conduziu os envolvidos e o veículo até a Polícia Federal de Passo Fundo.
O secretário-geral do partido no RS, Carlos Callegaro, negou que a entrega fizesse parte da campanha e disse que a assistente social presa e os outros dois envolvidos não são filiados ao partido.
“Ela pediu que o motorista do caminhão distribuísse, mas o babaca não se tocou que estava cheio de propaganda”, alegou. “Se o presidente do PSDB em Passo Fundo (Ademir Bertoglio) soubesse da história, não teria permitido”, acrescentou.
Bertoglio negou conhecimento da história “por eles não serem filiados ao partido”. Questionado sobre o fato de o caminhão ter saído do comitê presidido por ele, Bertoglio disse que “a história não é bem assim” e desligou o telefone quando a reportagem pediu detalhes do episódio.
“A justificativa é bem frágil. Seria entrega de uma encomenda. Só que o caminhão possuía várias faixas identificando a candidatura. No entender do MP está perfeitamente caracterizado crime do artigo 299 do código eleitoral, que é dar vantagem a alguém em troca de voto”, segundo o promotor da Justiça Eleitoral Paulo Cirne, da 33ª zona Eleitoral de Passo Fundo.
A PF deve remeter ao MP o inquérito, que fará uma denúncia contra os presos por crime eleitoral. A pena é de até quatro anos de reclusão mais pagamento de multa. Caso não tenham antecedentes, eles podem receber algumas condições da Justiça para cumprirem a pena em liberdade, como prestação de serviços comunitários por dois anos.
Os três foram enquadrados com base no artigo 299 do Código Eleitoral e, logo em seguida, recolhidos ao Presídio Regional de Passo Fundo. O caminhão e os alimentos foram apreendidos e ficarão na sede da Polícia Federal à disposição da Justiça.
O candidato José Serra está em Porto Alegre nesta sexta-feira. Ele se encontra com representantes do Partido Progressista do Estado.
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