Pagamento a policiais militares é publicado no DODF
Os policiais militares do DF receberão o pagamento de dívidas do GDF até o dia 30 de dezembro. O Decreto Nº 3.258 foi publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) do dia 2 e garante o benefício a militares ativos e inativos, ex-militares e pensionistas. As dívidas consideradas referem-se a acertos financeiros decorrentes do direito ao recebimento de adicional de certificação profissional, adicional natalino (13º salário), adicional de férias, auxílio natalidade, auxílio moradia, auxílio fardamento, auxilio funeral, auxílio alimentação, auxílio creche, indenizações de representação e transporte, ajuda de custo, diárias, gratificação de função de natureza especial, gratificação de função militar, remuneração, pensão militar, proventos e ressarcimento de licença especial não gozada.
Para acessar o DODF do dia 2 de dezembro, clique aqui.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Ex-diretor da CEB volta a comandar a companhia na gestão de Agnelo
A Companhia Energética de Brasília é a primeira estatal a ter o comando definido. Na noite de ontem, foram divulgadas as indicações para outros cargos
O governador eleito Agnelo Queiroz definiu ontem o primeiro nome para dirigir uma das empresas públicas do Distrito Federal. Preocupado com os apagões frequentes na cidade, ele escolheu Rubem Fonseca Filho para a direção-geral da Companhia Energética de Brasília (CEB). O escolhido tem experiência na área: comandou a empresa entre 1995 e 1996, durante o governo de Cristovam Buarque. Além disso, ele foi secretário-executivo do Ministério da Educação, quando Cristovam esteve à frente do MEC. Com a indicação, Agnelo pretende recuperar a CEB, que ficou anos sem investimentos na área de distribuição de energia.
Em quase todas as regiões do DF, o número de apagões e a quantidade de horas que os consumidores sofreram com a falta de luz estão acima das metas estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De acordo com especialistas, o governo terá que investir na construção de subestações e nas redes de transmissão de energia. Até 2007, a CEB gastou prioritariamente com geração, deixando de lado a distribuição.
Agnelo quer mudar esse quadro e retomar os investimentos necessários para evitar os apagões frequentes. “O caso da CEB é muito grave. Recebi um parecer sobre a situação da empresa na transição e percebi que corremos o risco de não renovarmos a concessão de uso. Isso ocorreu com Goiás, que perdeu a concessão”, justifica o governador eleito. “Para evitar que isso ocorra, fiz uma escolha pessoal para o comando da empresa. O diretor será uma pessoa com muita experiência, que já foi presidente da CEB na época do Cristovam”, acrescenta Agnelo Queiroz.
Segurança
Além de escolher o diretor-geral da estatal do setor elétrico, o governador eleito fechou a cúpula da Segurança Pública do Distrito Federal. Ontem à noite, ele confirmou o coronel Paulo Roberto Witt Rosback no comando-geral da Polícia Militar. Atualmente na área de inteligência da PM, o coronel já trabalhou em importantes batalhões da corporação, como o Escolar, o de Planaltina e o do Gama.
Paulo Roberto também atuou na equipe de segurança pessoal do ex-governador Cristovam Buarque e na equipe de campanha de Agnelo. O novo comandante-geral da PM afirma que quer modernizar a instituição e combater o tráfico de drogas, principalmente em áreas próximas a escolas. Ele vai estudar o destino dos postos comunitários da PM, instalados durante o governo de José Roberto Arruda.
Depois de especulações acerca de seu nome, o coronel Márcio de Souza Matos foi confirmado como o novo comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do DF. Ele chefiou o Departamento de Ensino e Pesquisa da corporação e dirigiu o Colégio Militar Dom Pedro II. O cargo vinha sendo cobiçado por vários aliados de Agnelo Queiroz, o que atrasou o anúncio definitivo.
Os dois militares vão se juntar aos nomes já escolhidos anteriormente para o combate à violência. O secretário de Segurança Pública será o delegado da Polícia Federal Daniel Lorenz de Azevedo, especializado em combate ao narcotráfico. Para a direção-geral da Polícia Civil, Agnelo Queiroz havia anunciado na quarta-feira o nome da delegada Mailine Alvarenga. Ela é a atual titular da Delegacia de Capturas e Polícia Interestadual (DCPI), mas já esteve à frente da Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente.
Para a Casa Militar, Agnelo indicou o tenente-coronel Rogério da Silva Leão. Ele comandou a Companhia de Policiamento Rodoviário do DF e foi assessor da Secretaria de Administração da Casa Civil da Presidência da República. Durante a campanha eleitoral deste ano, trabalhou na segurança do candidato petista ao Buriti.
Segundo escalão
O novo governador concluiu ontem a lista dos 30 novos administradores regionais do DF. Assim como nos anúncios anteriores, a lista traz nomes de vários partidos que apoiaram o petista durante a campanha de outubro. O PDT, por exemplo, indicou o cientista político Marcos Woortmann para a Administração Regional do Lago Norte. Ele foi vice-presidente da Juventude do partido na capital federal.
O representante do PTB foi indicado pelo deputado distrital Cristiano Araújo. Arthur da Cunha Nogueira, tio do parlamentar, será administrador regional do Riacho Fundo I. Ele terá um trabalho delicado pela frente, já que a região é um conhecido reduto rorizista e serviu de palco para conflitos entre petistas e partidários do ex-governador.
O PR, partido que recentemente desembarcou no governo Agnelo depois de apoiar a candidatura de Weslian Roriz (PSC), ganhou espaço no segundo escalão. A legenda escolheu Saulo de Oliveira Duarte para a Administração Regional do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Ele foi subsecretário de Ciência e Tecnologia, pasta que já foi comandada por seu companheiro de partido Izalci Lucas.
Na cota do PMDB está o ex-deputado distrital César Lacerda. Nome tradicional do partido, ele foi o primeiro administrador regional de Brasília e atualmente comandava a região do Lago Sul. Agora, estará à frente da administração do Jardim Botânico, responsável por dezenas de condomínios regulares e ilegais de classe média. Na lista de administradores também há nomes ligados ao sindicalismo, como o de Geralda Godinho, ex-presidente do Sindicato dos Comerciários do DF, que trabalhará no Riacho Fundo II. Das lideranças comunitárias saíram os nomes do administrador regional do Itapoã, Gesiel Miguel da Silva, e do Varjão, José Maria Martins dos Santos.
O governador eleito Agnelo Queiroz definiu ontem o primeiro nome para dirigir uma das empresas públicas do Distrito Federal. Preocupado com os apagões frequentes na cidade, ele escolheu Rubem Fonseca Filho para a direção-geral da Companhia Energética de Brasília (CEB). O escolhido tem experiência na área: comandou a empresa entre 1995 e 1996, durante o governo de Cristovam Buarque. Além disso, ele foi secretário-executivo do Ministério da Educação, quando Cristovam esteve à frente do MEC. Com a indicação, Agnelo pretende recuperar a CEB, que ficou anos sem investimentos na área de distribuição de energia.
Em quase todas as regiões do DF, o número de apagões e a quantidade de horas que os consumidores sofreram com a falta de luz estão acima das metas estabelecidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De acordo com especialistas, o governo terá que investir na construção de subestações e nas redes de transmissão de energia. Até 2007, a CEB gastou prioritariamente com geração, deixando de lado a distribuição.
Agnelo quer mudar esse quadro e retomar os investimentos necessários para evitar os apagões frequentes. “O caso da CEB é muito grave. Recebi um parecer sobre a situação da empresa na transição e percebi que corremos o risco de não renovarmos a concessão de uso. Isso ocorreu com Goiás, que perdeu a concessão”, justifica o governador eleito. “Para evitar que isso ocorra, fiz uma escolha pessoal para o comando da empresa. O diretor será uma pessoa com muita experiência, que já foi presidente da CEB na época do Cristovam”, acrescenta Agnelo Queiroz.
Segurança
Além de escolher o diretor-geral da estatal do setor elétrico, o governador eleito fechou a cúpula da Segurança Pública do Distrito Federal. Ontem à noite, ele confirmou o coronel Paulo Roberto Witt Rosback no comando-geral da Polícia Militar. Atualmente na área de inteligência da PM, o coronel já trabalhou em importantes batalhões da corporação, como o Escolar, o de Planaltina e o do Gama.
Paulo Roberto também atuou na equipe de segurança pessoal do ex-governador Cristovam Buarque e na equipe de campanha de Agnelo. O novo comandante-geral da PM afirma que quer modernizar a instituição e combater o tráfico de drogas, principalmente em áreas próximas a escolas. Ele vai estudar o destino dos postos comunitários da PM, instalados durante o governo de José Roberto Arruda.
Depois de especulações acerca de seu nome, o coronel Márcio de Souza Matos foi confirmado como o novo comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do DF. Ele chefiou o Departamento de Ensino e Pesquisa da corporação e dirigiu o Colégio Militar Dom Pedro II. O cargo vinha sendo cobiçado por vários aliados de Agnelo Queiroz, o que atrasou o anúncio definitivo.
Os dois militares vão se juntar aos nomes já escolhidos anteriormente para o combate à violência. O secretário de Segurança Pública será o delegado da Polícia Federal Daniel Lorenz de Azevedo, especializado em combate ao narcotráfico. Para a direção-geral da Polícia Civil, Agnelo Queiroz havia anunciado na quarta-feira o nome da delegada Mailine Alvarenga. Ela é a atual titular da Delegacia de Capturas e Polícia Interestadual (DCPI), mas já esteve à frente da Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente.
Para a Casa Militar, Agnelo indicou o tenente-coronel Rogério da Silva Leão. Ele comandou a Companhia de Policiamento Rodoviário do DF e foi assessor da Secretaria de Administração da Casa Civil da Presidência da República. Durante a campanha eleitoral deste ano, trabalhou na segurança do candidato petista ao Buriti.
Segundo escalão
O novo governador concluiu ontem a lista dos 30 novos administradores regionais do DF. Assim como nos anúncios anteriores, a lista traz nomes de vários partidos que apoiaram o petista durante a campanha de outubro. O PDT, por exemplo, indicou o cientista político Marcos Woortmann para a Administração Regional do Lago Norte. Ele foi vice-presidente da Juventude do partido na capital federal.
O representante do PTB foi indicado pelo deputado distrital Cristiano Araújo. Arthur da Cunha Nogueira, tio do parlamentar, será administrador regional do Riacho Fundo I. Ele terá um trabalho delicado pela frente, já que a região é um conhecido reduto rorizista e serviu de palco para conflitos entre petistas e partidários do ex-governador.
O PR, partido que recentemente desembarcou no governo Agnelo depois de apoiar a candidatura de Weslian Roriz (PSC), ganhou espaço no segundo escalão. A legenda escolheu Saulo de Oliveira Duarte para a Administração Regional do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Ele foi subsecretário de Ciência e Tecnologia, pasta que já foi comandada por seu companheiro de partido Izalci Lucas.
Na cota do PMDB está o ex-deputado distrital César Lacerda. Nome tradicional do partido, ele foi o primeiro administrador regional de Brasília e atualmente comandava a região do Lago Sul. Agora, estará à frente da administração do Jardim Botânico, responsável por dezenas de condomínios regulares e ilegais de classe média. Na lista de administradores também há nomes ligados ao sindicalismo, como o de Geralda Godinho, ex-presidente do Sindicato dos Comerciários do DF, que trabalhará no Riacho Fundo II. Das lideranças comunitárias saíram os nomes do administrador regional do Itapoã, Gesiel Miguel da Silva, e do Varjão, José Maria Martins dos Santos.
Rosso sanciona Orçamento do DF com vetos que somam R$ 995 milhões
Noelle Oliveira
Publicação: 31/12/2010 14:22 Atualização: 31/12/2010 15:33
O gorvernador do Distrito Federal Rogério Rosso sancionou, na tarde desta sexta-feira (31/12), a Lei Orçamentária Anual do DF. O texto foi sancionado com o veto de 273 emendas, que somam um total de R$ 995 milhões.
De acordo com o governo, as emendas foram vetadas por questões técnicas, que impossibilitariam a execução das despesas no próximo ano. Entre os vetos, está um vício de inciativa que teria como objetivo reservar verbas para conceder reajustes a alguns servidores, como os policiais militares e concursados da área de saúde. "O Legislativo não pode criar obrigçãoes financeiras para o Executivo", explicou o secretário-adjunto de Planejamento, Caio Abbatti.
De acordo com o governo, todos os vetos foram feitos em conjunto com a equipe de transição do governador eleito, Agnelo Queiroz. A gestão petista estaria, portanto, de acordo com as mudanças na lei orçamentária. "Todos os vetos foram feitos de acordo com análise técnica em conjunto com a equipe de transição. O grupo de Agnelo, inclusive sugeriu o veto de emendas que haviam sido colocadas no projetos de lei pelo grupo do próprio petista", afirmou Rosso.
O Correio tentou contato com a equipe de Agnelo para confirmar o posicionamento, mas não obteve retorno. A quantia vetada passa a fazer parte da reserva de contigenciamento do orçamento do DF. Agora, para que o recurso seja liberado, são necessários projetos de lei específicos. O orçamento do DF para 2011 prevê 17,9 bilhões do próprio GDF e outros 8,7 bilhões do fundo constitucional.
A lei orçamentária sancionada deve ser publicada em um suplemento do diário oficial do DF ainda na tarde de hoje.
Noelle Oliveira
Publicação: 31/12/2010 14:22 Atualização: 31/12/2010 15:33
O gorvernador do Distrito Federal Rogério Rosso sancionou, na tarde desta sexta-feira (31/12), a Lei Orçamentária Anual do DF. O texto foi sancionado com o veto de 273 emendas, que somam um total de R$ 995 milhões.
De acordo com o governo, as emendas foram vetadas por questões técnicas, que impossibilitariam a execução das despesas no próximo ano. Entre os vetos, está um vício de inciativa que teria como objetivo reservar verbas para conceder reajustes a alguns servidores, como os policiais militares e concursados da área de saúde. "O Legislativo não pode criar obrigçãoes financeiras para o Executivo", explicou o secretário-adjunto de Planejamento, Caio Abbatti.
De acordo com o governo, todos os vetos foram feitos em conjunto com a equipe de transição do governador eleito, Agnelo Queiroz. A gestão petista estaria, portanto, de acordo com as mudanças na lei orçamentária. "Todos os vetos foram feitos de acordo com análise técnica em conjunto com a equipe de transição. O grupo de Agnelo, inclusive sugeriu o veto de emendas que haviam sido colocadas no projetos de lei pelo grupo do próprio petista", afirmou Rosso.
O Correio tentou contato com a equipe de Agnelo para confirmar o posicionamento, mas não obteve retorno. A quantia vetada passa a fazer parte da reserva de contigenciamento do orçamento do DF. Agora, para que o recurso seja liberado, são necessários projetos de lei específicos. O orçamento do DF para 2011 prevê 17,9 bilhões do próprio GDF e outros 8,7 bilhões do fundo constitucional.
A lei orçamentária sancionada deve ser publicada em um suplemento do diário oficial do DF ainda na tarde de hoje.
Está tudo pronto para a posse de Agnelo Queiroz na manhã deste sábado
Esquema de segurança reforçado está definido para a festa
Noelle Oliveira
Publicação: 31/12/2010 08:06 Atualização: 31/12/2010 08:10
O terno que o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) usará para a posse ainda não foi escolhido, mas todo o esquema de segurança e agendamento para a festa de amanhã está organizado. São 350 policiais militares, 30 policiais civis, 100 bombeiros e 100 agentes do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) trabalhando no sábado para garantir a segurança durante a posse do chefe do Executivo local. As informações são da assessoria do novo governo. Segundo a Polícia Militar, no entanto, mil homens foram escalados para trabalhar, a partir das 7h, na posse do governador. É esperado pela PM um público de 500 mil pessoas circulando entre a Câmara Legislativa, o Palácio do Buriti e a Esplanada dos Ministérios.
A agenda oficial do petista começa às 9h30, mas a expectativa é para que às 8h ele acompanhe uma missa, juntamente com a família, em uma paróquia da cidade (veja arte). De lá, o governador se dirige à Câmara Legislativa do DF, onde será recebido por três deputados distritais previamente designados pela Casa. Às 10h, após a posse dos parlamentares que terá ocorrido uma hora antes, Agnelo será empossado governador pelo deputado distrital reeleito e atual vice-presidente da Casa, Cabo Patrício (PT). A tarefa caberá ao parlamentar, uma vez que ele é o único remanescente da Mesa Diretora atual que estará na próxima legislatura.
Acompanhado do vice-governador eleito do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), o novo governador fará o juramento de compromisso conforme determina a Lei Orgânica do DF e a Constituição Federal. Depois da posse, Agnelo discursa por cerca de 15 minutos e segue em carro fechado, separado do vice, para o Palácio do Buriti. A chegada à cerimônia está prevista para às 11h30. Na ocasião, ocorrerá a transmissão de cargo, momento em que Rogério Rosso (PMDB) passará a faixa governamental para Agnelo. Rosso fará um discurso de despedida e, em seguida, será a vez de o petista declarar algumas palavras. A posse dos secretários e dos administradores regionais está marcada para às 12h30.
Após a foto oficial do governador com o seu secretariado, Agnelo falará com a imprensa e sairá do prédio para cumprimentar os presentes que acompanharão a cerimônia do lado de fora, na Praça do Buriti, por meio de dois telões montados no local. Não há previsão de discurso do vice-governador eleito. A expectativa é para que às 13h30 toda agenda tenha se encerrado, e o novo governador siga para a cerimônia de posse da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), marcada para às 14h30. “Agnelo está em uma expectativa muito grande para a posse. Ele está consciente de que a população quer respostas rápidas e é nesse sentido que ele vai trabalhar a partir de 3 de janeiro”, afirmou a futura secretária de Comunicação do DF, Samanta Sallum. Apesar de o modelito da posse ainda não ter sido escolhido pelo novo governador, segundo a assessoria, a tendência é de que o novo governante preze pelo simples e o discreto durante a festa.
Trânsito
Os brasilienses que desejam acompanhar a posse do governador devem ficar atentos às mudanças previstas no trânsito da cidade (leia abaixo). Quem for depender de transporte público vai contar com o funcionamento do metrô em uma data em que o transporte rotineiramente não trabalha, mas que, por conta das festividades, estará disponível das 8h às 23h30 ao preço de R$ 2. Segundo a Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF), o número de trens poderá ser aumentado caso seja necessário.
De acordo com informações divulgadas pelo Transporte Urbano do DF (DFTrans), os ônibus funcionarão com tabela de horário de sábado. O órgão não informou a parcela da frota que estará em circulação, mas garantiu que se trata de mais de 50%. Além disso, todas as empresas estão autorizadas e deverão manter reservas de plantão para que seja colocada em circulação. A assessoria de comunicação de Agnelo informou que o novo governo negocia a colocação de ônibus gratuitos em circulação, mas nenhum acordo foi fechado até o momento.
Aqueles que decidirem se locomover em carros particulares para acompanhar as solenidades da Praça do Buriti poderão estacionar os carros no Ginásio Nilson Nelson, em frente ao Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) ou na área atrás da sede do governo local. A via em frente à Câmara Legislativa, assim como os estacionamentos no local, estarão fechados. Também é importante ficar atento a mudanças de tráfego na Esplanada devido à posse presidencial.
Mesa Diretora
Após a posse de Agnelo Queiroz, será dada continuidade na Câmara Legislativa à eleição da Mesa Diretora da Casa. Uma sessão será aberta pelos 24 deputados distritais para realizar a eleição dos cinco integrantes da Mesa, por volta das 11h. Serão escolhidos o presidente, o vice-presidente, o primeiro, o segundo e o terceiro secretários que irão comandar a Casa nos próximos dois anos (2011 e 2012).
Comemoração
A população poderá acompanhar as cerimônias que ocorrerão na Câmara Legislativa e no Palácio do Buriti por meio de uma estrutura montada na Praça do Buriti. Serão nove tendas de 12 metros quadrados para proteger os presentes de uma possível chuva. Um tablado também está sendo erguido para acomodar o petista. Após a presença de Agnelo, que fará um agradecimento ao público, haverá a apresentação de uma banda de jazz no local.
Esquema de segurança reforçado está definido para a festa
Noelle Oliveira
Publicação: 31/12/2010 08:06 Atualização: 31/12/2010 08:10
O terno que o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) usará para a posse ainda não foi escolhido, mas todo o esquema de segurança e agendamento para a festa de amanhã está organizado. São 350 policiais militares, 30 policiais civis, 100 bombeiros e 100 agentes do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) trabalhando no sábado para garantir a segurança durante a posse do chefe do Executivo local. As informações são da assessoria do novo governo. Segundo a Polícia Militar, no entanto, mil homens foram escalados para trabalhar, a partir das 7h, na posse do governador. É esperado pela PM um público de 500 mil pessoas circulando entre a Câmara Legislativa, o Palácio do Buriti e a Esplanada dos Ministérios.
A agenda oficial do petista começa às 9h30, mas a expectativa é para que às 8h ele acompanhe uma missa, juntamente com a família, em uma paróquia da cidade (veja arte). De lá, o governador se dirige à Câmara Legislativa do DF, onde será recebido por três deputados distritais previamente designados pela Casa. Às 10h, após a posse dos parlamentares que terá ocorrido uma hora antes, Agnelo será empossado governador pelo deputado distrital reeleito e atual vice-presidente da Casa, Cabo Patrício (PT). A tarefa caberá ao parlamentar, uma vez que ele é o único remanescente da Mesa Diretora atual que estará na próxima legislatura.
Acompanhado do vice-governador eleito do DF, Tadeu Filippelli (PMDB), o novo governador fará o juramento de compromisso conforme determina a Lei Orgânica do DF e a Constituição Federal. Depois da posse, Agnelo discursa por cerca de 15 minutos e segue em carro fechado, separado do vice, para o Palácio do Buriti. A chegada à cerimônia está prevista para às 11h30. Na ocasião, ocorrerá a transmissão de cargo, momento em que Rogério Rosso (PMDB) passará a faixa governamental para Agnelo. Rosso fará um discurso de despedida e, em seguida, será a vez de o petista declarar algumas palavras. A posse dos secretários e dos administradores regionais está marcada para às 12h30.
Após a foto oficial do governador com o seu secretariado, Agnelo falará com a imprensa e sairá do prédio para cumprimentar os presentes que acompanharão a cerimônia do lado de fora, na Praça do Buriti, por meio de dois telões montados no local. Não há previsão de discurso do vice-governador eleito. A expectativa é para que às 13h30 toda agenda tenha se encerrado, e o novo governador siga para a cerimônia de posse da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), marcada para às 14h30. “Agnelo está em uma expectativa muito grande para a posse. Ele está consciente de que a população quer respostas rápidas e é nesse sentido que ele vai trabalhar a partir de 3 de janeiro”, afirmou a futura secretária de Comunicação do DF, Samanta Sallum. Apesar de o modelito da posse ainda não ter sido escolhido pelo novo governador, segundo a assessoria, a tendência é de que o novo governante preze pelo simples e o discreto durante a festa.
Trânsito
Os brasilienses que desejam acompanhar a posse do governador devem ficar atentos às mudanças previstas no trânsito da cidade (leia abaixo). Quem for depender de transporte público vai contar com o funcionamento do metrô em uma data em que o transporte rotineiramente não trabalha, mas que, por conta das festividades, estará disponível das 8h às 23h30 ao preço de R$ 2. Segundo a Companhia do Metropolitano do DF (Metrô-DF), o número de trens poderá ser aumentado caso seja necessário.
De acordo com informações divulgadas pelo Transporte Urbano do DF (DFTrans), os ônibus funcionarão com tabela de horário de sábado. O órgão não informou a parcela da frota que estará em circulação, mas garantiu que se trata de mais de 50%. Além disso, todas as empresas estão autorizadas e deverão manter reservas de plantão para que seja colocada em circulação. A assessoria de comunicação de Agnelo informou que o novo governo negocia a colocação de ônibus gratuitos em circulação, mas nenhum acordo foi fechado até o momento.
Aqueles que decidirem se locomover em carros particulares para acompanhar as solenidades da Praça do Buriti poderão estacionar os carros no Ginásio Nilson Nelson, em frente ao Tribunal de Justiça do DF (TJDFT) ou na área atrás da sede do governo local. A via em frente à Câmara Legislativa, assim como os estacionamentos no local, estarão fechados. Também é importante ficar atento a mudanças de tráfego na Esplanada devido à posse presidencial.
Mesa Diretora
Após a posse de Agnelo Queiroz, será dada continuidade na Câmara Legislativa à eleição da Mesa Diretora da Casa. Uma sessão será aberta pelos 24 deputados distritais para realizar a eleição dos cinco integrantes da Mesa, por volta das 11h. Serão escolhidos o presidente, o vice-presidente, o primeiro, o segundo e o terceiro secretários que irão comandar a Casa nos próximos dois anos (2011 e 2012).
Comemoração
A população poderá acompanhar as cerimônias que ocorrerão na Câmara Legislativa e no Palácio do Buriti por meio de uma estrutura montada na Praça do Buriti. Serão nove tendas de 12 metros quadrados para proteger os presentes de uma possível chuva. Um tablado também está sendo erguido para acomodar o petista. Após a presença de Agnelo, que fará um agradecimento ao público, haverá a apresentação de uma banda de jazz no local.
Onde Lula é rei
Em Pernambuco, redução da pobreza, projetos sociais e obras vistosas transformam a admiração pelo presidente em idolatria
Amauri Segalla, de Buenos Aires, Pernambuco/ Fotos João Castellano - AG. ISTOÉ
ILUMINADOS
Até pouco tempo atrás, Catilene Francisco do Nascimento Silva,
18 anos, Érica, 11, e Allyson, 10 (na foto, da esq. para a dir.), passavam fome em Buenos
Aires, no agreste pernambucano. O barraco de taipa é o mesmo, mas a vida mudou.
Com o dinheiro do Bolsa Família e o salário da mãe agricultora, os Nascimento conseguiram
comprar tevê e colchão de casal. “Na mesa, tem carne quase todo dia”, diz Catilene.
A casa de Catilene Francisco do Nascimento Silva, 18 anos e grávida de seis meses, é um dos 3.573 domicílios do município de Buenos Aires, a 100 quilômetros do Recife, em Pernambuco. As paredes de taipa, construção que utiliza barro amassado em vez de tijolos, foram erguidas no alto de um morro batizado com o poético nome de Chã de Mulatas, de onde se vê uma imensidão de terra seca. Água limpa, só a meia hora de distância, em lombo de mula.
A residência tem três cômodos. Uma sala com dois sofás e televisão de 20 polegadas, um quarto com colchão de casal, penteadeira e dois criados-mudos, uma cozinha com fogão a lenha e panelas de ferro. O banheiro fica nos fundos do terreno, na verdade um buraco no chão cercado por paredes de madeira. Catilene mora com a mãe, a boia-fria Suely, a irmã Érica, 11 anos, e o primo Allyson, 10. O pai da família sumiu. Catilene está infeliz? Muito longe disso. “Esse é o melhor momento da minha vida”, diz a garota. “Antes, a gente não tinha nem o que comer e dormia no chão duro. Agora, tem carne quase todo dia na mesa e até tevê em casa.” Ela diz que o milagre atende pelo nome de Lula – o “painho Lula”, como muitos nordestinos, especialmente os mais pobres, chamam o presidente que deixa o poder no dia 31.
Lula é idolatrado no Nordeste. De acordo com institutos de pesquisa, os índices de aprovação de seu governo estão próximos de 90%, percentual inédito e que torna a admiração dos nordestinos quase uma unanimidade. Em Pernambuco, Estado natal do presidente, a candidata do PT, Dilma Rousseff, foi a mais votada em todas as cidades. Em Buenos Aires, Lula é rei. No segundo turno da eleição presidencial, Dilma recebeu 82% dos votos válidos do município, apesar da falta de apoio do prefeito Gislan de Almeida Alencar, do PSDB, o mesmo partido de José Serra. “A vida do povo melhorou. Como é que eu vou brigar com isso?”, pergunta Alencar. Catilene, claro, votou em Dilma, e explica suas razões. “A gente recebe R$ 130 do Bolsa Família e minha mãe ganha uns R$ 300 trabalhando na roça”, diz. “Dá para ter um monte de coisa.” Além do aumento real do poder de compra dos pobres – a renda das classes D e E dobrou nos últimos oito anos –, o crédito farto e mais barato abriu as portas para um mundo até então desconhecido por essas pessoas. A família de Catilene pagou R$ 420 pelo colchão, divididos em 12 prestações de R$ 35. Para ela, é duro, sofrido mesmo, pagar a fatura. A diferença é que agora é possível.
SONHO REALIZADO
O pescador Tiago Custódio ganha a vida na praia de Boa Viagem, no Recife.
Os negócios nunca foram tão bem. Com o aumento do número de restaurantes na orla,
a demanda por peixes disparou – e ele aproveita para faturar. Graças aos R$ 1 mil que recebe por mês,
foi possível ingressar no programa Minha Casa Minha Vida, de concessão de empréstimos
para a compra de imóveis populares. “Meu pai passou a vida tentando ter uma
casa própria, mas não conseguiu. Comigo vai ser diferente”, diz.
Número de miseráveis caiu 20%
Buenos Aires tem 12 mil habitantes e, ao contrário da capital argentina, nenhuma churrascaria. Faz calor o ano todo, com temperatura perto de 40 graus no verão. Em torno da praça principal, para onde converge uma dúzia de ruas asfaltadas, ficam as quitandas, mercearias, bares e lojas que vendem de tudo, de vassouras a aparelhos de som. À medida que o visitante se afasta do centro, as casas parecem mais humildes, com o asfalto substituído por terra. Basta apenas uma pergunta – a vida melhorou ou piorou nos últimos anos? – para que a força de Lula se revele. “Melhorou demais da conta”, diz Janice Oliveira da Silva, gerente da loja que vendeu o colchão para Catilene. “Todo mundo tem cartão de crédito, não dou conta de tantos pedidos.” No século XXI, o número de miseráveis caiu 20% em Pernambuco e isso é obra de políticas sociais como o Bolsa Família (o Nordeste fica com cerca de 50% dos recursos do programa) e da maior oferta de emprego (nesta década, em nenhum lugar do Brasil o total de vagas de trabalho cresceu tanto quanto na região. Em Pernambuco, a alta foi de 5% em 2010).
São seis horas da manhã e Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, está na beira da estrada à espera do ônibus que vai levar as filhas Maria Eduarda dos Santos, 10 anos, e Maria Lúcia dos Santos, 6, para a escola em Buenos Aires. As garotas estão uniformizadas, de mochila nas costas e lancheira nas mãos. Marinalva conta sua história, enquanto atrás dela um grupo de micos assalta uma bananeira. “Elas são as primeiras mulheres da minha família que sabem ler e escrever”, diz, de olhos marejados. “Eu tive que trabalhar para ajudar no sustento da casa, mas as meninas não precisam ir para a roça.” O pai das crianças, Luís dos Santos, recebe um salário mínimo como agricultor, dinheiro suficiente para fazer com que as filhas possam trocar a enxada pelos livros. Nos últimos oito anos, o salário mínimo do Brasil saltou de US$ 86 para US$ 300. É diferença suficiente para que famílias pobres como os Santos possam abdicar da labuta precoce dos filhos. “Buenos Aires recebeu esse nome de um padre argentino que veio morar aqui e achou legal homenagear uma cidade de seu país”, diz a esperta Maria Eduarda, que sonha em ser professora. “Ainda bem, porque antes Buenos Aires era chamada de Jacu. Ficou mais bonito, né?” Estudos confirmam a melhoria dos índices educacionais. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos eram analfabetos. Hoje, o percentual é de 17,6%.
Se Lula é popular em Buenos Aires, ele praticamente atingiu a unanimidade em Calumbi, no semiárido pernambucano e a 30 quilômetros de Serra Talhada, cidade que tem o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, como filho ilustre. Dos 4,4 mil votos válidos em Calumbi, 4,2 mil (ou 96,5% do total) foram para Dilma no segundo turno das eleições presidenciais – em nenhum outro lugar do País a vitória da presidente foi tão avassaladora. Os mesmos avanços sociais observados em Buenos Aires tornaram Lula rei no município. “Lula é um verdadeiro mito para nós”, diz o prefeito Erivaldo José da Silva, do PSB. Silva diz que recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) permitiram que 100% dos domicílios da área urbana da cidade passassem a ter saneamento básico, ao custo de R$ 3,5 milhões liberados pelo governo federal (isso não impediu, porém, que o próprio banheiro de seu gabinete na prefeitura sofresse com a falta d’água. Como a descarga não funciona, um balde foi colocado ao lado da privada). Com a ajuda do governo do Estado, alinhado com Lula, uma ponte está sendo construída para permitir, no período das chuvas, o acesso dos moradores rurais ao centro da cidade. A obra, orçada em R$ 3 milhões, vai reduzir de duas horas para dez minutos a travessia do rio Pajeú. “Lula nos ajudou muito”, diz o prefeito Silva.
R$ 3 milhões para ponte no sertão
Em Calumbi, é mais fácil encontrar um jovem de espingarda em punho, caminhando desassombradamente pelas ruas – como a reportagem de ISTOÉ realmente encontrou –, do que achar quem votou em Serra. Oficialmente, 200 pessoas optaram pelo candidato do PSDB, mas ninguém sabe quem são. “Vai pegar muito mal alguém dizer que preferiu o Serra”, diz o prefeito. “Eu até agora não vi um que assumisse.” Durante a campanha, o prefeito foi de porta em porta pedir votos para Dilma. “Esperamos que Dilma faça por nós o mesmo que Lula fez”, diz Sirlene Cordeiro, líder da Câmara dos Vereadores da cidade. Calumbi tem como maior orgulho a centenária Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em torno da qual é realizada, todo dia 8 de dezembro, uma festa em homenagem à santa. A tradição, que começou em 1877, reúne moradores da própria cidade e de municípios vizinhos, alguns deles com nomes dignos de boa literatura, como Triunfo, Flores e Afogados da Ingazeira (locais em que Dilma, a propósito, teve mais de 70% dos votos válidos). Agora, além da festa de Nossa Senhora, Calumbi orgulha-se de ser a terra onde Lula é mais querido. “Coisa linda, é uma honra para nós”, diz o prefeito, refestelado na puída poltrona de seu gabinete. Enquanto o prefeito fala, ouvem-se, do lado de fora, a voz e os gritos do locutor Galvão Bueno. É que diante da prefeitura fica um pequeno salão que aluga jogos de videogame. O preferido da turma é o PES 2011 para o PlayStation, que traz jogos de futebol narrados por Galvão. São 9 horas da manhã e o salão está lotado de jovens calumbienses que admiram times como Barcelona e Inter de Milão. Ao lado da flâmula desses clubes, vê-se um santinho de Dilma colado na parede.
TIJOLO NO LUGAR NA TAIPA. E DE GRAÇA
Lucicleide de Oliveira, 36 anos, e os filhos Evaristo, 9, Carlos Eduardo, 10, e Artur, 17 (da esq.
para a dir.), ganharam uma casa do governo federal. Antes, eles moravam em um barraco em
Garanhuns, junto “de cobras e ratos”, segundo a mãe. Agora, vivem em um imóvel de 63 metros
quadrados de área construída, com sala, dois dormitórios, cozinha e banheiro com água encanada.
Não pagaram um centavo por isso. “Lula fez muita coisa por nós, espero
que a Dilma continue fazendo”, diz Lucicleide.
Pernambuco recebe mais recursos
Não é obra do acaso o fato de Dilma ter recebido votação recorde em Pernambuco. Em 2010, o Estado foi o quinto da nação a contar com mais recursos do governo federal, atrás apenas de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Esse dinheiro é revertido quase sempre em obras vistosas para a população. Pernambuco é também o terceiro Estado mais visitado por Lula, depois de São Paulo e Rio. Algumas cidades foram palco de programas com forte apelo de marketing. Em Garanhuns, no agreste pernambucano, existe um conjunto habitacional inteiro conhecido como “a casa de Lula”. Trata-se de um projeto que prevê a doação de mil residências para moradores pobres da cidade. O bairro, erguido a 20 quilômetros de Caetés, município onde Lula nasceu, já recebeu cerca de 600 famílias, que não desembolsaram um centavo sequer para se instalar nos imóveis, construídos com dinheiro da União. Uma dessas famílias é a de Lucicleide da Silva de Oliveira, que mora com o marido e quatro filhos na casa de 63 metros quadrados. “Lula é um santo homem”, diz Lucicleide. “Há dois anos, eu vivia num barraco de taipa e chão de barro, no meio do mato, com ratos e cobras por toda a parte”, diz. “Fiz a inscrição para receber a casa de graça, mas achei que não ia dar em nada. Quando fui avisada que tinha sido sorteada, desmaiei de tanta alegria.” Orgulhosa, ela cuida com zelo de seu imóvel e exibe, toda sorrisos, o que conquistou nesses últimos anos: tevê de 42 polegadas, aparelho de som, aparelho de DVD, geladeira e fogão. Tudo isso com a renda do Bolsa Família e do dinheiro que o marido recebe como pedreiro. Hoje, sua maior preocupação é típica de quem ascendeu socialmente. “Tenho medo de assalto, de que levem as minhas coisas.”
UM COMPUTADOR PARA CADA ALUNO
Marcela Gonçalves, 10 anos, e os irmãos Leonardo, 13, e Marcelo, 11, ganharam da União computador
com internet e conexão wireless, programas educacionais e jogos.
Chamado de Prouca, o projeto consiste na doação do equipamento para todos os alunos
de Caetés, cidade onde Lula nasceu. Basta dar uma volta pela cidade para se impressionar com as
cenas: em todos os lugares, há centenas de crianças e jovens brincando com o
computador. Lançado em Caetés, o programa foi ampliado para outras cidades nordestinas.
Caetés, cidade natal do presidente (na verdade, era um distrito de Garanhuns quando Lula nasceu, tendo sido emancipada apenas em 1963), tem 26 mil habitantes e é um daqueles lugares que conquistam o visitante pela simpatia de seus moradores. “Quer ficar para o almoço?”, pergunta o agricultor Marcelo Gonçalves, dono de uma casa de um dormitório que fica na periferia da cidade. Os três filhos de Marcelo, ele próprio e sua mulher, Giovana, estão encantados com as maravilhas da tecnologia. Desde julho, as crianças carregam para cima e para baixo um computador portátil, com internet com rede wireless, jogos e programas educacionais. Os notebooks foram entregues a todos os alunos da rede pública de Caetés e fazem parte do programa nacional Um Computador Por Aluno (Prouca). Até então, ninguém da família tinha manuseado um equipamento desse tipo. Na cidade, as cenas se repetem e impressionam: na praça principal, nas ruas, nas mercearias, no meio-fio, em qualquer lugar, centenas de crianças e jovens estão como que hipnotizados pelo computador, jogando compulsivamente. Leonardo Barbosa Gonçalves, 13 anos, aluno da 5ª série, foi um dos alunos flagrados pela reportagem de ISTOÉ e custou a tirar os olhos da tela, até para responder a perguntas. “Foi o Lula que deu o computador para nós”, diz Leonardo. “É bom para estudar, mas o divertido mesmo é entrar na internet.” Em Caetés, são raros os pontos com rede wireless, o que restringe o uso da internet às próprias escolas. Mas ninguém reclama. “Pelo menos agora a gente pode ver como é o mundo lá fora”, diz Leonardo.
A idolatria por Lula é percebida até na capital Recife, onde Dilma recebeu 65% dos votos válidos no segundo turno da eleição presidencial. No canto da praia de Boa Viagem, a mais popular da cidade, o pescador Tiago Custódio, 38 anos, afirma que está feliz da vida. Há um mês, saiu a aprovação de um financiamento do programa Minha Casa Minha Vida, projeto federal de concessão de linhas de empréstimos para a compra de imóveis populares. “Você tem ideia do que isso significa para mim?”, pergunta Custódio. “Significa que vou possuir o que meu pai tentou a vida inteira, mas não conseguiu: a casa própria.” O pescador tem uma renda mensal de R$ 1 mil, o dobro de dois anos atrás. “Os negócios estão bombando”, diz ele, que fornece peixes para restaurantes dos arredores da praia. “Às vezes, vendo direto para os turistas, que pagam um dinheirão por qualquer coisa que saia do mar.” Por que tudo está indo tão bem? “Essa é fácil”, responde Custódio. “É por causa do painho Lula.”
DILMA, QUASE UMA UNANIMIDADE
O prefeito de Calumbi, Erivaldo José da Silva, do PSB, foi de porta em porta pregar o voto
em Dilma nas eleições presidenciais. Funcionou. Dos 4,4 mil eleitores da cidade, 4,2 mil
optaram pela petista – ou seja, Dilma recebeu impressionantes 96,5% dos votos válidos,
percentual que não foi repetido por nenhum outro município brasileiro. Erivaldo diz que,
graças a recursos enviados pelo governo federal, 100% dos domicílios da zona urbana de Calumbi têm
saneamento básico. Para o prefeito, Dilma não precisa superar Lula. “Basta repetir o que ela fez”, diz.
AS PRIMEIRAS MULHERES ALFABETIZADAS DA FAMÍLIA
Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, e o marido, Luís dos Santos, 47, se orgulham do feito
alcançado pelas filhas. Maria Eduarda (de amarelo), 10 anos, e Maria Lúcia, 6, são as primeiras
mulheres alfabetizadas da família. Isso só foi possível porque, com o aumento da renda
do pai, as meninas não precisaram ajudar na lavoura. Em vez disso, as duas vão para
a escola. Elas simbolizam uma região em transformação. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos
eram analfabetos. Hoje, o índice é de 17,6%.
AS PRIMEIRAS MULHERES ALFABETIZADAS DA FAMÍLIA
Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, e o marido, Luís dos Santos, 47, se orgulham do feito
alcançado pelas filhas. Maria Eduarda (de amarelo), 10 anos, e Maria Lúcia, 6, são as primeiras
mulheres alfabetizadas da família. Isso só foi possível porque, com o aumento da renda
do pai, as meninas não precisaram ajudar na lavoura. Em vez disso, as duas vão para
a escola. Elas simbolizam uma região em transformação. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos
eram analfabetos. Hoje, o índice é de 17,6%.
Em Pernambuco, redução da pobreza, projetos sociais e obras vistosas transformam a admiração pelo presidente em idolatria
Amauri Segalla, de Buenos Aires, Pernambuco/ Fotos João Castellano - AG. ISTOÉ
ILUMINADOS
Até pouco tempo atrás, Catilene Francisco do Nascimento Silva,
18 anos, Érica, 11, e Allyson, 10 (na foto, da esq. para a dir.), passavam fome em Buenos
Aires, no agreste pernambucano. O barraco de taipa é o mesmo, mas a vida mudou.
Com o dinheiro do Bolsa Família e o salário da mãe agricultora, os Nascimento conseguiram
comprar tevê e colchão de casal. “Na mesa, tem carne quase todo dia”, diz Catilene.
A casa de Catilene Francisco do Nascimento Silva, 18 anos e grávida de seis meses, é um dos 3.573 domicílios do município de Buenos Aires, a 100 quilômetros do Recife, em Pernambuco. As paredes de taipa, construção que utiliza barro amassado em vez de tijolos, foram erguidas no alto de um morro batizado com o poético nome de Chã de Mulatas, de onde se vê uma imensidão de terra seca. Água limpa, só a meia hora de distância, em lombo de mula.
A residência tem três cômodos. Uma sala com dois sofás e televisão de 20 polegadas, um quarto com colchão de casal, penteadeira e dois criados-mudos, uma cozinha com fogão a lenha e panelas de ferro. O banheiro fica nos fundos do terreno, na verdade um buraco no chão cercado por paredes de madeira. Catilene mora com a mãe, a boia-fria Suely, a irmã Érica, 11 anos, e o primo Allyson, 10. O pai da família sumiu. Catilene está infeliz? Muito longe disso. “Esse é o melhor momento da minha vida”, diz a garota. “Antes, a gente não tinha nem o que comer e dormia no chão duro. Agora, tem carne quase todo dia na mesa e até tevê em casa.” Ela diz que o milagre atende pelo nome de Lula – o “painho Lula”, como muitos nordestinos, especialmente os mais pobres, chamam o presidente que deixa o poder no dia 31.
Lula é idolatrado no Nordeste. De acordo com institutos de pesquisa, os índices de aprovação de seu governo estão próximos de 90%, percentual inédito e que torna a admiração dos nordestinos quase uma unanimidade. Em Pernambuco, Estado natal do presidente, a candidata do PT, Dilma Rousseff, foi a mais votada em todas as cidades. Em Buenos Aires, Lula é rei. No segundo turno da eleição presidencial, Dilma recebeu 82% dos votos válidos do município, apesar da falta de apoio do prefeito Gislan de Almeida Alencar, do PSDB, o mesmo partido de José Serra. “A vida do povo melhorou. Como é que eu vou brigar com isso?”, pergunta Alencar. Catilene, claro, votou em Dilma, e explica suas razões. “A gente recebe R$ 130 do Bolsa Família e minha mãe ganha uns R$ 300 trabalhando na roça”, diz. “Dá para ter um monte de coisa.” Além do aumento real do poder de compra dos pobres – a renda das classes D e E dobrou nos últimos oito anos –, o crédito farto e mais barato abriu as portas para um mundo até então desconhecido por essas pessoas. A família de Catilene pagou R$ 420 pelo colchão, divididos em 12 prestações de R$ 35. Para ela, é duro, sofrido mesmo, pagar a fatura. A diferença é que agora é possível.
SONHO REALIZADO
O pescador Tiago Custódio ganha a vida na praia de Boa Viagem, no Recife.
Os negócios nunca foram tão bem. Com o aumento do número de restaurantes na orla,
a demanda por peixes disparou – e ele aproveita para faturar. Graças aos R$ 1 mil que recebe por mês,
foi possível ingressar no programa Minha Casa Minha Vida, de concessão de empréstimos
para a compra de imóveis populares. “Meu pai passou a vida tentando ter uma
casa própria, mas não conseguiu. Comigo vai ser diferente”, diz.
Número de miseráveis caiu 20%
Buenos Aires tem 12 mil habitantes e, ao contrário da capital argentina, nenhuma churrascaria. Faz calor o ano todo, com temperatura perto de 40 graus no verão. Em torno da praça principal, para onde converge uma dúzia de ruas asfaltadas, ficam as quitandas, mercearias, bares e lojas que vendem de tudo, de vassouras a aparelhos de som. À medida que o visitante se afasta do centro, as casas parecem mais humildes, com o asfalto substituído por terra. Basta apenas uma pergunta – a vida melhorou ou piorou nos últimos anos? – para que a força de Lula se revele. “Melhorou demais da conta”, diz Janice Oliveira da Silva, gerente da loja que vendeu o colchão para Catilene. “Todo mundo tem cartão de crédito, não dou conta de tantos pedidos.” No século XXI, o número de miseráveis caiu 20% em Pernambuco e isso é obra de políticas sociais como o Bolsa Família (o Nordeste fica com cerca de 50% dos recursos do programa) e da maior oferta de emprego (nesta década, em nenhum lugar do Brasil o total de vagas de trabalho cresceu tanto quanto na região. Em Pernambuco, a alta foi de 5% em 2010).
São seis horas da manhã e Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, está na beira da estrada à espera do ônibus que vai levar as filhas Maria Eduarda dos Santos, 10 anos, e Maria Lúcia dos Santos, 6, para a escola em Buenos Aires. As garotas estão uniformizadas, de mochila nas costas e lancheira nas mãos. Marinalva conta sua história, enquanto atrás dela um grupo de micos assalta uma bananeira. “Elas são as primeiras mulheres da minha família que sabem ler e escrever”, diz, de olhos marejados. “Eu tive que trabalhar para ajudar no sustento da casa, mas as meninas não precisam ir para a roça.” O pai das crianças, Luís dos Santos, recebe um salário mínimo como agricultor, dinheiro suficiente para fazer com que as filhas possam trocar a enxada pelos livros. Nos últimos oito anos, o salário mínimo do Brasil saltou de US$ 86 para US$ 300. É diferença suficiente para que famílias pobres como os Santos possam abdicar da labuta precoce dos filhos. “Buenos Aires recebeu esse nome de um padre argentino que veio morar aqui e achou legal homenagear uma cidade de seu país”, diz a esperta Maria Eduarda, que sonha em ser professora. “Ainda bem, porque antes Buenos Aires era chamada de Jacu. Ficou mais bonito, né?” Estudos confirmam a melhoria dos índices educacionais. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos eram analfabetos. Hoje, o percentual é de 17,6%.
Se Lula é popular em Buenos Aires, ele praticamente atingiu a unanimidade em Calumbi, no semiárido pernambucano e a 30 quilômetros de Serra Talhada, cidade que tem o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, como filho ilustre. Dos 4,4 mil votos válidos em Calumbi, 4,2 mil (ou 96,5% do total) foram para Dilma no segundo turno das eleições presidenciais – em nenhum outro lugar do País a vitória da presidente foi tão avassaladora. Os mesmos avanços sociais observados em Buenos Aires tornaram Lula rei no município. “Lula é um verdadeiro mito para nós”, diz o prefeito Erivaldo José da Silva, do PSB. Silva diz que recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) permitiram que 100% dos domicílios da área urbana da cidade passassem a ter saneamento básico, ao custo de R$ 3,5 milhões liberados pelo governo federal (isso não impediu, porém, que o próprio banheiro de seu gabinete na prefeitura sofresse com a falta d’água. Como a descarga não funciona, um balde foi colocado ao lado da privada). Com a ajuda do governo do Estado, alinhado com Lula, uma ponte está sendo construída para permitir, no período das chuvas, o acesso dos moradores rurais ao centro da cidade. A obra, orçada em R$ 3 milhões, vai reduzir de duas horas para dez minutos a travessia do rio Pajeú. “Lula nos ajudou muito”, diz o prefeito Silva.
R$ 3 milhões para ponte no sertão
Em Calumbi, é mais fácil encontrar um jovem de espingarda em punho, caminhando desassombradamente pelas ruas – como a reportagem de ISTOÉ realmente encontrou –, do que achar quem votou em Serra. Oficialmente, 200 pessoas optaram pelo candidato do PSDB, mas ninguém sabe quem são. “Vai pegar muito mal alguém dizer que preferiu o Serra”, diz o prefeito. “Eu até agora não vi um que assumisse.” Durante a campanha, o prefeito foi de porta em porta pedir votos para Dilma. “Esperamos que Dilma faça por nós o mesmo que Lula fez”, diz Sirlene Cordeiro, líder da Câmara dos Vereadores da cidade. Calumbi tem como maior orgulho a centenária Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em torno da qual é realizada, todo dia 8 de dezembro, uma festa em homenagem à santa. A tradição, que começou em 1877, reúne moradores da própria cidade e de municípios vizinhos, alguns deles com nomes dignos de boa literatura, como Triunfo, Flores e Afogados da Ingazeira (locais em que Dilma, a propósito, teve mais de 70% dos votos válidos). Agora, além da festa de Nossa Senhora, Calumbi orgulha-se de ser a terra onde Lula é mais querido. “Coisa linda, é uma honra para nós”, diz o prefeito, refestelado na puída poltrona de seu gabinete. Enquanto o prefeito fala, ouvem-se, do lado de fora, a voz e os gritos do locutor Galvão Bueno. É que diante da prefeitura fica um pequeno salão que aluga jogos de videogame. O preferido da turma é o PES 2011 para o PlayStation, que traz jogos de futebol narrados por Galvão. São 9 horas da manhã e o salão está lotado de jovens calumbienses que admiram times como Barcelona e Inter de Milão. Ao lado da flâmula desses clubes, vê-se um santinho de Dilma colado na parede.
TIJOLO NO LUGAR NA TAIPA. E DE GRAÇA
Lucicleide de Oliveira, 36 anos, e os filhos Evaristo, 9, Carlos Eduardo, 10, e Artur, 17 (da esq.
para a dir.), ganharam uma casa do governo federal. Antes, eles moravam em um barraco em
Garanhuns, junto “de cobras e ratos”, segundo a mãe. Agora, vivem em um imóvel de 63 metros
quadrados de área construída, com sala, dois dormitórios, cozinha e banheiro com água encanada.
Não pagaram um centavo por isso. “Lula fez muita coisa por nós, espero
que a Dilma continue fazendo”, diz Lucicleide.
Pernambuco recebe mais recursos
Não é obra do acaso o fato de Dilma ter recebido votação recorde em Pernambuco. Em 2010, o Estado foi o quinto da nação a contar com mais recursos do governo federal, atrás apenas de Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Bahia. Esse dinheiro é revertido quase sempre em obras vistosas para a população. Pernambuco é também o terceiro Estado mais visitado por Lula, depois de São Paulo e Rio. Algumas cidades foram palco de programas com forte apelo de marketing. Em Garanhuns, no agreste pernambucano, existe um conjunto habitacional inteiro conhecido como “a casa de Lula”. Trata-se de um projeto que prevê a doação de mil residências para moradores pobres da cidade. O bairro, erguido a 20 quilômetros de Caetés, município onde Lula nasceu, já recebeu cerca de 600 famílias, que não desembolsaram um centavo sequer para se instalar nos imóveis, construídos com dinheiro da União. Uma dessas famílias é a de Lucicleide da Silva de Oliveira, que mora com o marido e quatro filhos na casa de 63 metros quadrados. “Lula é um santo homem”, diz Lucicleide. “Há dois anos, eu vivia num barraco de taipa e chão de barro, no meio do mato, com ratos e cobras por toda a parte”, diz. “Fiz a inscrição para receber a casa de graça, mas achei que não ia dar em nada. Quando fui avisada que tinha sido sorteada, desmaiei de tanta alegria.” Orgulhosa, ela cuida com zelo de seu imóvel e exibe, toda sorrisos, o que conquistou nesses últimos anos: tevê de 42 polegadas, aparelho de som, aparelho de DVD, geladeira e fogão. Tudo isso com a renda do Bolsa Família e do dinheiro que o marido recebe como pedreiro. Hoje, sua maior preocupação é típica de quem ascendeu socialmente. “Tenho medo de assalto, de que levem as minhas coisas.”
UM COMPUTADOR PARA CADA ALUNO
Marcela Gonçalves, 10 anos, e os irmãos Leonardo, 13, e Marcelo, 11, ganharam da União computador
com internet e conexão wireless, programas educacionais e jogos.
Chamado de Prouca, o projeto consiste na doação do equipamento para todos os alunos
de Caetés, cidade onde Lula nasceu. Basta dar uma volta pela cidade para se impressionar com as
cenas: em todos os lugares, há centenas de crianças e jovens brincando com o
computador. Lançado em Caetés, o programa foi ampliado para outras cidades nordestinas.
Caetés, cidade natal do presidente (na verdade, era um distrito de Garanhuns quando Lula nasceu, tendo sido emancipada apenas em 1963), tem 26 mil habitantes e é um daqueles lugares que conquistam o visitante pela simpatia de seus moradores. “Quer ficar para o almoço?”, pergunta o agricultor Marcelo Gonçalves, dono de uma casa de um dormitório que fica na periferia da cidade. Os três filhos de Marcelo, ele próprio e sua mulher, Giovana, estão encantados com as maravilhas da tecnologia. Desde julho, as crianças carregam para cima e para baixo um computador portátil, com internet com rede wireless, jogos e programas educacionais. Os notebooks foram entregues a todos os alunos da rede pública de Caetés e fazem parte do programa nacional Um Computador Por Aluno (Prouca). Até então, ninguém da família tinha manuseado um equipamento desse tipo. Na cidade, as cenas se repetem e impressionam: na praça principal, nas ruas, nas mercearias, no meio-fio, em qualquer lugar, centenas de crianças e jovens estão como que hipnotizados pelo computador, jogando compulsivamente. Leonardo Barbosa Gonçalves, 13 anos, aluno da 5ª série, foi um dos alunos flagrados pela reportagem de ISTOÉ e custou a tirar os olhos da tela, até para responder a perguntas. “Foi o Lula que deu o computador para nós”, diz Leonardo. “É bom para estudar, mas o divertido mesmo é entrar na internet.” Em Caetés, são raros os pontos com rede wireless, o que restringe o uso da internet às próprias escolas. Mas ninguém reclama. “Pelo menos agora a gente pode ver como é o mundo lá fora”, diz Leonardo.
A idolatria por Lula é percebida até na capital Recife, onde Dilma recebeu 65% dos votos válidos no segundo turno da eleição presidencial. No canto da praia de Boa Viagem, a mais popular da cidade, o pescador Tiago Custódio, 38 anos, afirma que está feliz da vida. Há um mês, saiu a aprovação de um financiamento do programa Minha Casa Minha Vida, projeto federal de concessão de linhas de empréstimos para a compra de imóveis populares. “Você tem ideia do que isso significa para mim?”, pergunta Custódio. “Significa que vou possuir o que meu pai tentou a vida inteira, mas não conseguiu: a casa própria.” O pescador tem uma renda mensal de R$ 1 mil, o dobro de dois anos atrás. “Os negócios estão bombando”, diz ele, que fornece peixes para restaurantes dos arredores da praia. “Às vezes, vendo direto para os turistas, que pagam um dinheirão por qualquer coisa que saia do mar.” Por que tudo está indo tão bem? “Essa é fácil”, responde Custódio. “É por causa do painho Lula.”
DILMA, QUASE UMA UNANIMIDADE
O prefeito de Calumbi, Erivaldo José da Silva, do PSB, foi de porta em porta pregar o voto
em Dilma nas eleições presidenciais. Funcionou. Dos 4,4 mil eleitores da cidade, 4,2 mil
optaram pela petista – ou seja, Dilma recebeu impressionantes 96,5% dos votos válidos,
percentual que não foi repetido por nenhum outro município brasileiro. Erivaldo diz que,
graças a recursos enviados pelo governo federal, 100% dos domicílios da zona urbana de Calumbi têm
saneamento básico. Para o prefeito, Dilma não precisa superar Lula. “Basta repetir o que ela fez”, diz.
AS PRIMEIRAS MULHERES ALFABETIZADAS DA FAMÍLIA
Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, e o marido, Luís dos Santos, 47, se orgulham do feito
alcançado pelas filhas. Maria Eduarda (de amarelo), 10 anos, e Maria Lúcia, 6, são as primeiras
mulheres alfabetizadas da família. Isso só foi possível porque, com o aumento da renda
do pai, as meninas não precisaram ajudar na lavoura. Em vez disso, as duas vão para
a escola. Elas simbolizam uma região em transformação. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos
eram analfabetos. Hoje, o índice é de 17,6%.
AS PRIMEIRAS MULHERES ALFABETIZADAS DA FAMÍLIA
Marinalva Maria dos Santos, 45 anos, e o marido, Luís dos Santos, 47, se orgulham do feito
alcançado pelas filhas. Maria Eduarda (de amarelo), 10 anos, e Maria Lúcia, 6, são as primeiras
mulheres alfabetizadas da família. Isso só foi possível porque, com o aumento da renda
do pai, as meninas não precisaram ajudar na lavoura. Em vez disso, as duas vão para
a escola. Elas simbolizam uma região em transformação. Em 2004, 21,3% dos pernambucanos
eram analfabetos. Hoje, o índice é de 17,6%.
Pronto para levantar voo
O País sofreu uma transformação profunda, mostrou capacidade de enfrentar crises e conseguiu entrar num ciclo de desenvolvimento sustentado
Yan Boechat e Adriana Nicacio
CÉU DE BRIGADEIRO
O Brasil saiu da turbulência econômica
mais forte do que entrou
Foram poucas as vezes em sua curta e conturbada história em que o Brasil vivenciou mudanças tão amplas e profundas quanto as da última década. Em seu mais longo período democrático, o País acompanhou o lento e gradual processo de inserção social de ampla parcela de sua população, que sempre viveu à margem de um Estado rico, porém historicamente desigual. Em apenas oito anos, mais de 25 milhões de brasileiros cruzaram a linha da pobreza e outros 30 milhões ascenderam à classe média. O desemprego, que sempre esteve entre as maiores preocupações do País, encerra 2010 com o menor índice de sua série histórica, chegando a impressionantes 5,7%. Tudo isso aliado a um aumento real da renda que hoje faz a classe C ser a maior consumidora de eletroeletrônicos do País e a maior compradora de imóveis. Números como esse chamam a atenção não só por sua dimensão, mas principalmente por mostrar a transformação econômica e social pela qual este país passou ao longo de dez anos. “O grande mérito do governo Lula foi ter baixado a taxa de juros. No começo dele, a taxa real estava em 10%, hoje está em 5%”, diz o economista e ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira.
A redução dos juros foi, de fato, fundamental para o processo de transformação que o Brasil vem experimentando ao longo dessa década. Mas ela ocorreu em paralelo com uma mudança profunda na maneira de pensar o Estado. Pela primeira vez em décadas, a União passou a ter um papel de indutora da economia brasileira. A avidez em cortar custos, realizar superávits, enfim, tratar a máquina estatal como uma empresa privada, deu lugar à ideia de que cabe ao Estado estimular setores que não têm forças para crescer sozinhos e, também, oferecer segurança social e alimentar uma parcela da população que não tem condições para fazê-lo de forma própria. O grande exemplo disso, por certo, foram as medidas anticíclicas adotadas durante a maior crise financeira global desde a hoje mítica quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. “Lula mudou o papel do Estado no País. Em vez de manter o papel pró-mercado, usou a força estatal para alavancar o investimento”, diz o economista Francisco Lopreato, da Unicamp.
Com essa mudança de perspectiva, o Brasil viu, aos poucos, a tradicional fragilidade diante das crises externas transformar-se em um dos exemplos mundiais de como combater o sempre presente fantasma da recessão em épocas de tempestades econômicas. E, pela primeira vez, a população assistiu, com um misto de desconfiança e ufanismo contido, ao Brasil fazer parte do seleto grupo das nações mais poderosas do planeta. “O governo Lula atacou a crise de forma muito ativa e entramos em 2010 com uma expansão do crédito e uma situação de crescimento expressiva. A discussão agora é como manter essa trajetória”, diz Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, a federação nacional dos bancos brasileiros. Só este ano, enquanto boa parte do mundo desenvolvido patina para crescer, o Brasil vai ver seu Produto Interno Bruto se expandir em mais de 7%. “É uma mudança de paradigma. Enquanto os europeus fazem cortes, e quanto mais cortam menos crescem, nós estamos discutindo se vamos crescer 7% ou 8%”, diz Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Da crise emergiu um gigante
Uma mudança e tanto. O processo de estagnação da economia brasileira foi tão longo que só agora uma geração inteira está conhecendo as benesses de uma expansão duradoura. Em qualquer setor que se analise, em qualquer segmento social que se comparem os números, em quase todos os indicadores, o saldo é extremamente positivo. Peguem-se, por exemplo, as exportações do agronegócio brasileiro. Em apenas oito anos, a venda de produtos para o Exterior pulou de US$ 24,8 bilhões para os atuais US$ 73 bilhões. Assim como o volume de financiamento destinado à agricultura familiar, que saiu de R$ 2,19 bilhões em 2002 para R$ 16 bilhões este ano. O computador pessoal já está presente em mais de 35% dos lares brasileiros, enquanto há oito anos não chegava a 15% deles.
Essa numeralha à qual são tão afeitos os economistas, analistas e estudiosos do desenvolvimento serve para traduzir de forma lógica um sentimento que não é palpável, quase abstrato até, mas que está presente de norte a sul do País. Pela primeira vez em décadas, o brasileiro está mais confiante com seu futuro, está mais feliz e, por mais controverso que isso possa parecer, está realmente se sentindo menos vira-lata em relação às nações com pedigree. Estivesse vivo hoje, é provável que Nelson Rodrigues voltasse ao tema e, quem sabe, decretasse o começo do fim de um complexo que ele traduziu com maestria no já longínquo ano de 1958.
Os frutos que estão sendo colhidos agora começaram a ser plantados há mais de um década e meia, ainda no governo do ex-presidente Itamar Franco. É indubitável a importância do Plano Real para o ciclo de desenvolvimento que o Brasil vive neste momento. Sem a estabilidade econômica conquistada a partir de 1994 – e o consequente controle da inflação –, pouco do que se comemora hoje seria possível. “Com inflação não se planeja nada. O sistema financeiro não dava crédito, olhava só para o dia seguinte e nós brincávamos que o longo prazo era uma semana”, conta Cristiano Souza, economista sênior do banco Santander. Os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, castigado por sucessivas crises econômicas internacionais, mostram que o processo de solidificação do plano foi difícil e custoso ao País. Para conseguir manter a inflação em taxas “aceitáveis” – inferiores a dois dígitos –, FHC precisou atuar com uma taxa de juros que quase sempre esteve acima dos 20% ao ano, causando prejuízos graves ao setor produtivo brasileiro. Fernando Henrique Cardoso foi muito criticado, principalmente no seu segundo mandato, mas é indubitável também que seu compromisso com a estabilidade da moeda e sua preocupação fiscal criaram um ambiente propício para as profundas mudanças que o País acompanharia nos dois governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Em 16 anos tivemos apenas três ministros da Fazenda, quando o tradicional era termos um a cada semestre. Isso mostra a estabilidade que o País conquistou”, diz Sardenberg, da Febraban.
O grande mérito de Lula, talvez, tenha sido a forma responsável com que tratou as conquistas de seus antecessores e principais adversários políticos. Ao contrário de outros momentos da história política brasileira, seja em tempos de democracia, seja em tempos de absolutismo, Lula não tratou de desconstruir o passado para criar um futuro a partir do zero. Aproveitou-se da estabilidade econômica herdada de Fernando Henrique Cardoso para, aí sim, dar início a uma estratégia de desenvolvimento poucas vezes utilizada por aqui. Ao ir contra a máxima de esperar o bolo crescer para depois repartir, Lula jogou fermento na economia brasileira. Ao iniciar o longo caminho da distribuição de renda com programa sociais acusados de assistencialistas, como o Bolsa Família, conseguiu injetar dinheiro em camadas da população que viviam absolutamente à margem da economia. Além disso, trabalhou de forma árdua para uma valorização real da renda do trabalhador brasileiro.Foi uma mudança sem precedentes e o resto é história.
Um país pronto para se tornar potência
A esperança agora é de que o Brasil de 2010 não tenha o mesmo futuro daquele de 1958, quando Nelson Rodrigues nos diagnosticou com o tal complexo de vira-latas. Como agora, o País vivia uma época de euforia. Foi um ano em que os brasileiros acreditaram estar entrando, enfim, na tão esperada modernidade. As fábricas cuspiam para as ruas o DKW-Vemag, que com suas 50% de peças nacionais mostrava a capacidade da indústria brasileira. Oscar Niemeyer começava a tirar do papel as curvas de concreto que deram forma a Brasília e João Gilberto, pela primeira vez, mostrava ao mundo aquela batida única, exclusiva, só dele, que viria a revolucionar toda a música brasileira. Este ano que acaba agora não tem, nem de longe, o glamour, a leveza e a fantasia que envolveram aquele finalzinho da década de 50.
Mas não tem também as raízes de uma escalada inflacionária e da dívida externa que iriam levar o País à bancarrota anos mais tarde. E nem as sementes de um processo conservador que desaguariam em um golpe militar violento. Ao contrário de 1958, 2010 não se encerra como um ano em que, de uma hora para outra, as esperanças de um país melhor surgiram trazidas por um grande salvador prometendo mudar tudo e todos. A grande diferença é que desta vez o processo de desenvolvimento é gradual e, ao que tudo indica, está calcado em alicerces firmes. Mas nem tudo é alegria. A outra grande diferença entre esses dois períodos marcantes da história brasileira é que o meio campo da seleção que disputou a Copa do Mundo da Suécia contava com Didi e Pelé, enquanto a de 2010 teve Júlio Baptista e Felipe Melo.
Fonte - Revista Istoé
O País sofreu uma transformação profunda, mostrou capacidade de enfrentar crises e conseguiu entrar num ciclo de desenvolvimento sustentado
Yan Boechat e Adriana Nicacio
CÉU DE BRIGADEIRO
O Brasil saiu da turbulência econômica
mais forte do que entrou
Foram poucas as vezes em sua curta e conturbada história em que o Brasil vivenciou mudanças tão amplas e profundas quanto as da última década. Em seu mais longo período democrático, o País acompanhou o lento e gradual processo de inserção social de ampla parcela de sua população, que sempre viveu à margem de um Estado rico, porém historicamente desigual. Em apenas oito anos, mais de 25 milhões de brasileiros cruzaram a linha da pobreza e outros 30 milhões ascenderam à classe média. O desemprego, que sempre esteve entre as maiores preocupações do País, encerra 2010 com o menor índice de sua série histórica, chegando a impressionantes 5,7%. Tudo isso aliado a um aumento real da renda que hoje faz a classe C ser a maior consumidora de eletroeletrônicos do País e a maior compradora de imóveis. Números como esse chamam a atenção não só por sua dimensão, mas principalmente por mostrar a transformação econômica e social pela qual este país passou ao longo de dez anos. “O grande mérito do governo Lula foi ter baixado a taxa de juros. No começo dele, a taxa real estava em 10%, hoje está em 5%”, diz o economista e ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira.
A redução dos juros foi, de fato, fundamental para o processo de transformação que o Brasil vem experimentando ao longo dessa década. Mas ela ocorreu em paralelo com uma mudança profunda na maneira de pensar o Estado. Pela primeira vez em décadas, a União passou a ter um papel de indutora da economia brasileira. A avidez em cortar custos, realizar superávits, enfim, tratar a máquina estatal como uma empresa privada, deu lugar à ideia de que cabe ao Estado estimular setores que não têm forças para crescer sozinhos e, também, oferecer segurança social e alimentar uma parcela da população que não tem condições para fazê-lo de forma própria. O grande exemplo disso, por certo, foram as medidas anticíclicas adotadas durante a maior crise financeira global desde a hoje mítica quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. “Lula mudou o papel do Estado no País. Em vez de manter o papel pró-mercado, usou a força estatal para alavancar o investimento”, diz o economista Francisco Lopreato, da Unicamp.
Com essa mudança de perspectiva, o Brasil viu, aos poucos, a tradicional fragilidade diante das crises externas transformar-se em um dos exemplos mundiais de como combater o sempre presente fantasma da recessão em épocas de tempestades econômicas. E, pela primeira vez, a população assistiu, com um misto de desconfiança e ufanismo contido, ao Brasil fazer parte do seleto grupo das nações mais poderosas do planeta. “O governo Lula atacou a crise de forma muito ativa e entramos em 2010 com uma expansão do crédito e uma situação de crescimento expressiva. A discussão agora é como manter essa trajetória”, diz Rubens Sardenberg, economista-chefe da Febraban, a federação nacional dos bancos brasileiros. Só este ano, enquanto boa parte do mundo desenvolvido patina para crescer, o Brasil vai ver seu Produto Interno Bruto se expandir em mais de 7%. “É uma mudança de paradigma. Enquanto os europeus fazem cortes, e quanto mais cortam menos crescem, nós estamos discutindo se vamos crescer 7% ou 8%”, diz Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Da crise emergiu um gigante
Uma mudança e tanto. O processo de estagnação da economia brasileira foi tão longo que só agora uma geração inteira está conhecendo as benesses de uma expansão duradoura. Em qualquer setor que se analise, em qualquer segmento social que se comparem os números, em quase todos os indicadores, o saldo é extremamente positivo. Peguem-se, por exemplo, as exportações do agronegócio brasileiro. Em apenas oito anos, a venda de produtos para o Exterior pulou de US$ 24,8 bilhões para os atuais US$ 73 bilhões. Assim como o volume de financiamento destinado à agricultura familiar, que saiu de R$ 2,19 bilhões em 2002 para R$ 16 bilhões este ano. O computador pessoal já está presente em mais de 35% dos lares brasileiros, enquanto há oito anos não chegava a 15% deles.
Essa numeralha à qual são tão afeitos os economistas, analistas e estudiosos do desenvolvimento serve para traduzir de forma lógica um sentimento que não é palpável, quase abstrato até, mas que está presente de norte a sul do País. Pela primeira vez em décadas, o brasileiro está mais confiante com seu futuro, está mais feliz e, por mais controverso que isso possa parecer, está realmente se sentindo menos vira-lata em relação às nações com pedigree. Estivesse vivo hoje, é provável que Nelson Rodrigues voltasse ao tema e, quem sabe, decretasse o começo do fim de um complexo que ele traduziu com maestria no já longínquo ano de 1958.
Os frutos que estão sendo colhidos agora começaram a ser plantados há mais de um década e meia, ainda no governo do ex-presidente Itamar Franco. É indubitável a importância do Plano Real para o ciclo de desenvolvimento que o Brasil vive neste momento. Sem a estabilidade econômica conquistada a partir de 1994 – e o consequente controle da inflação –, pouco do que se comemora hoje seria possível. “Com inflação não se planeja nada. O sistema financeiro não dava crédito, olhava só para o dia seguinte e nós brincávamos que o longo prazo era uma semana”, conta Cristiano Souza, economista sênior do banco Santander. Os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso, castigado por sucessivas crises econômicas internacionais, mostram que o processo de solidificação do plano foi difícil e custoso ao País. Para conseguir manter a inflação em taxas “aceitáveis” – inferiores a dois dígitos –, FHC precisou atuar com uma taxa de juros que quase sempre esteve acima dos 20% ao ano, causando prejuízos graves ao setor produtivo brasileiro. Fernando Henrique Cardoso foi muito criticado, principalmente no seu segundo mandato, mas é indubitável também que seu compromisso com a estabilidade da moeda e sua preocupação fiscal criaram um ambiente propício para as profundas mudanças que o País acompanharia nos dois governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Em 16 anos tivemos apenas três ministros da Fazenda, quando o tradicional era termos um a cada semestre. Isso mostra a estabilidade que o País conquistou”, diz Sardenberg, da Febraban.
O grande mérito de Lula, talvez, tenha sido a forma responsável com que tratou as conquistas de seus antecessores e principais adversários políticos. Ao contrário de outros momentos da história política brasileira, seja em tempos de democracia, seja em tempos de absolutismo, Lula não tratou de desconstruir o passado para criar um futuro a partir do zero. Aproveitou-se da estabilidade econômica herdada de Fernando Henrique Cardoso para, aí sim, dar início a uma estratégia de desenvolvimento poucas vezes utilizada por aqui. Ao ir contra a máxima de esperar o bolo crescer para depois repartir, Lula jogou fermento na economia brasileira. Ao iniciar o longo caminho da distribuição de renda com programa sociais acusados de assistencialistas, como o Bolsa Família, conseguiu injetar dinheiro em camadas da população que viviam absolutamente à margem da economia. Além disso, trabalhou de forma árdua para uma valorização real da renda do trabalhador brasileiro.Foi uma mudança sem precedentes e o resto é história.
Um país pronto para se tornar potência
A esperança agora é de que o Brasil de 2010 não tenha o mesmo futuro daquele de 1958, quando Nelson Rodrigues nos diagnosticou com o tal complexo de vira-latas. Como agora, o País vivia uma época de euforia. Foi um ano em que os brasileiros acreditaram estar entrando, enfim, na tão esperada modernidade. As fábricas cuspiam para as ruas o DKW-Vemag, que com suas 50% de peças nacionais mostrava a capacidade da indústria brasileira. Oscar Niemeyer começava a tirar do papel as curvas de concreto que deram forma a Brasília e João Gilberto, pela primeira vez, mostrava ao mundo aquela batida única, exclusiva, só dele, que viria a revolucionar toda a música brasileira. Este ano que acaba agora não tem, nem de longe, o glamour, a leveza e a fantasia que envolveram aquele finalzinho da década de 50.
Mas não tem também as raízes de uma escalada inflacionária e da dívida externa que iriam levar o País à bancarrota anos mais tarde. E nem as sementes de um processo conservador que desaguariam em um golpe militar violento. Ao contrário de 1958, 2010 não se encerra como um ano em que, de uma hora para outra, as esperanças de um país melhor surgiram trazidas por um grande salvador prometendo mudar tudo e todos. A grande diferença é que desta vez o processo de desenvolvimento é gradual e, ao que tudo indica, está calcado em alicerces firmes. Mas nem tudo é alegria. A outra grande diferença entre esses dois períodos marcantes da história brasileira é que o meio campo da seleção que disputou a Copa do Mundo da Suécia contava com Didi e Pelé, enquanto a de 2010 teve Júlio Baptista e Felipe Melo.
Fonte - Revista Istoé
Uma visão do futuro
Aonde podemos chegar como uma potência emergente e o que é preciso fazer para que as oportunidades de crescimento se tornem uma realidade
Yan Boechat e Adriana Nicacio
Confira o que políticos, artistas e empresários falam sobre as suas expectativas, desejos e temores no Brasil pós-Lula :
CHANCE
Em dez anos o Brasil pode ser
a quinta maior economia do mundo
Economistas são pródigos em discordar de seus pares. Opiniões unânimes a respeito de previsões sobre como se comportará a economia no futuro são tão raras entre eles quanto discussões civilizadas sobre futebol. Nem mesmo quando o mundo estava prestes a cair no abismo da crise financeira de 2008 havia consenso sobre os riscos reais da inchada bolha imobiliária americana que viria a derrubar instituições aparentemente sólidas como o Banco Lehman Brothers. Desde o ano passado, no entanto, o Brasil está conseguindo o raro feito de extrair opiniões quase unânimes mundo afora. São poucos, pouquíssimos, os economistas que ousam discordar de que o País entrou em um ciclo de desenvolvimento sustentado. E mais: são ainda mais raros aqueles que duvidam da capacidade de o Brasil se tornar uma das maiores potências econômicas do planeta em um par de dezena de anos. “Estamos condenados a crescer e vamos ultrapassar rapidamente grandes potências. Hoje o Brasil ganha terreno, enquanto outros perdem”, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas.
A opinião de Freitas parece ufanista. Mas não é. Excetuando alguns poucos momentos da história brasileira, nunca o País esteve tão preparado para dar um salto de desenvolvimento como agora. Estável, vivendo um ambiente de tranquilidade institucional, com ascensão social e econômica das parcelas mais pobres de sua população e sem pressões inflacionárias ou de liquidez, o Brasil caminha para se transformar em uma das cinco maiores economias do mundo nos próximos dez anos. “Nós já entramos na classe média mundial. Nosso PIB per capita atingiu os US$ 10 mil e acredito que possamos chegar aos US$ 20 mil em 2030”, diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores. “Isso mostra que estamos crescendo de forma constante e, o melhor, com distribuição de riqueza.”
Demanda interna aquecida
Com a demanda interna extremamente aquecida, o Brasil pode se dar ao luxo de não precisar entrar em uma espiral de desespero com a crise que assola países desenvolvidos, como a que ameaça a União Europeia. “O bônus demográfico está a nosso favor, o pico de pessoas entrando no mercado de trabalho, produzindo, consumindo e tomando crédito só ocorrerá em 2020”, diz Cristiano Souza, economista sênior do Santander. Ou seja, como aconteceu em 2008 e 2009, a economia brasileira tem fôlego para continuar se expandindo, mesmo que haja uma recessão mundial. É claro que isso não se sustenta eternamente, como mostra a China, dona da maior população do planeta, mas que baseou seu espantoso crescimento no mercado externo.
O consenso em torno do Brasil não se restringe apenas à sua capacidade de se tornar uma potência econômica. Se estende também aos numerosos e complexos desafios que o País precisa enfrentar com urgência para conseguir fazer com que seu potencial de crescimento se torne realidade. E eles são muitos e diversos. Vão desde uma complicada estrutura tributária, passando por uma decadente e onerosa infraestrutura e um baixíssimo nível de investimento até chegar a um dos pontos mais complicados de ser resolvido: o ineficiente sistema educacional brasileiro. “Nunca vamos chegar lá se não resolvermos o problema da educação, esse é o ponto básico”, diz o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
O
Educação é a chave mestra para
destravar o potencial de crescimento do Brasil
A educação de má qualidade, em especial a básica e a técnica, como ocorre no Brasil, vai desaguar em uma série de problemas que inevitavelmente servirão como freio para o desenvolvimento do País. Mesmo após duas décadas de estagnação e apenas um recente período de crescimento, o Brasil já sente os efeitos da falta de investimento na formação de seus cidadãos. Setores como o da construção civil, tão acostumado a se locupletar com a fartura de profissionais pouco qualificados – e consequentemente baratos –, já têm dificuldade de encontrar trabalhadores que saibam operar as modernas máquinas que agora precisam usar. O mesmo ocorre na inovação, crescente no Brasil, é verdade, mas muito aquém de países em franco desenvolvimento.
Não há dúvida de que o Brasil finalmente encontrou o caminho que pode levá-lo ao desenvolvimento, deixando de ser, finalmente, o eterno país do futuro. Mas o caminho para trazer ao presente os eternos sonhos de potência de Primeiro Mundo é tortuoso, íngreme e com muitos obstáculos. “Não podemos nos deixar levar pelas circunstâncias favoráveis do momento. Precisamos aceitar que nossa sociedade ainda é desorganizada, tem pouca educação e pouco poder de articulação”, diz Finho Levy, diretor do Fórum de Líderes Empresariais. É fato. Não se resolve um problema sem conhecê-lo.
Aonde podemos chegar como uma potência emergente e o que é preciso fazer para que as oportunidades de crescimento se tornem uma realidade
Yan Boechat e Adriana Nicacio
Confira o que políticos, artistas e empresários falam sobre as suas expectativas, desejos e temores no Brasil pós-Lula :
CHANCE
Em dez anos o Brasil pode ser
a quinta maior economia do mundo
Economistas são pródigos em discordar de seus pares. Opiniões unânimes a respeito de previsões sobre como se comportará a economia no futuro são tão raras entre eles quanto discussões civilizadas sobre futebol. Nem mesmo quando o mundo estava prestes a cair no abismo da crise financeira de 2008 havia consenso sobre os riscos reais da inchada bolha imobiliária americana que viria a derrubar instituições aparentemente sólidas como o Banco Lehman Brothers. Desde o ano passado, no entanto, o Brasil está conseguindo o raro feito de extrair opiniões quase unânimes mundo afora. São poucos, pouquíssimos, os economistas que ousam discordar de que o País entrou em um ciclo de desenvolvimento sustentado. E mais: são ainda mais raros aqueles que duvidam da capacidade de o Brasil se tornar uma das maiores potências econômicas do planeta em um par de dezena de anos. “Estamos condenados a crescer e vamos ultrapassar rapidamente grandes potências. Hoje o Brasil ganha terreno, enquanto outros perdem”, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas.
A opinião de Freitas parece ufanista. Mas não é. Excetuando alguns poucos momentos da história brasileira, nunca o País esteve tão preparado para dar um salto de desenvolvimento como agora. Estável, vivendo um ambiente de tranquilidade institucional, com ascensão social e econômica das parcelas mais pobres de sua população e sem pressões inflacionárias ou de liquidez, o Brasil caminha para se transformar em uma das cinco maiores economias do mundo nos próximos dez anos. “Nós já entramos na classe média mundial. Nosso PIB per capita atingiu os US$ 10 mil e acredito que possamos chegar aos US$ 20 mil em 2030”, diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores. “Isso mostra que estamos crescendo de forma constante e, o melhor, com distribuição de riqueza.”
Demanda interna aquecida
Com a demanda interna extremamente aquecida, o Brasil pode se dar ao luxo de não precisar entrar em uma espiral de desespero com a crise que assola países desenvolvidos, como a que ameaça a União Europeia. “O bônus demográfico está a nosso favor, o pico de pessoas entrando no mercado de trabalho, produzindo, consumindo e tomando crédito só ocorrerá em 2020”, diz Cristiano Souza, economista sênior do Santander. Ou seja, como aconteceu em 2008 e 2009, a economia brasileira tem fôlego para continuar se expandindo, mesmo que haja uma recessão mundial. É claro que isso não se sustenta eternamente, como mostra a China, dona da maior população do planeta, mas que baseou seu espantoso crescimento no mercado externo.
O consenso em torno do Brasil não se restringe apenas à sua capacidade de se tornar uma potência econômica. Se estende também aos numerosos e complexos desafios que o País precisa enfrentar com urgência para conseguir fazer com que seu potencial de crescimento se torne realidade. E eles são muitos e diversos. Vão desde uma complicada estrutura tributária, passando por uma decadente e onerosa infraestrutura e um baixíssimo nível de investimento até chegar a um dos pontos mais complicados de ser resolvido: o ineficiente sistema educacional brasileiro. “Nunca vamos chegar lá se não resolvermos o problema da educação, esse é o ponto básico”, diz o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
O
Educação é a chave mestra para
destravar o potencial de crescimento do Brasil
A educação de má qualidade, em especial a básica e a técnica, como ocorre no Brasil, vai desaguar em uma série de problemas que inevitavelmente servirão como freio para o desenvolvimento do País. Mesmo após duas décadas de estagnação e apenas um recente período de crescimento, o Brasil já sente os efeitos da falta de investimento na formação de seus cidadãos. Setores como o da construção civil, tão acostumado a se locupletar com a fartura de profissionais pouco qualificados – e consequentemente baratos –, já têm dificuldade de encontrar trabalhadores que saibam operar as modernas máquinas que agora precisam usar. O mesmo ocorre na inovação, crescente no Brasil, é verdade, mas muito aquém de países em franco desenvolvimento.
Não há dúvida de que o Brasil finalmente encontrou o caminho que pode levá-lo ao desenvolvimento, deixando de ser, finalmente, o eterno país do futuro. Mas o caminho para trazer ao presente os eternos sonhos de potência de Primeiro Mundo é tortuoso, íngreme e com muitos obstáculos. “Não podemos nos deixar levar pelas circunstâncias favoráveis do momento. Precisamos aceitar que nossa sociedade ainda é desorganizada, tem pouca educação e pouco poder de articulação”, diz Finho Levy, diretor do Fórum de Líderes Empresariais. É fato. Não se resolve um problema sem conhecê-lo.
Brasil de Lula fica maior na cena mundial
Diplomacia ativa na vizinhança, na África e no Oriente Médio tropeçou nos direitos humanos
Em oito anos de mandato, Luiz Inácio Lula da Silva deixou de ser para o mundo apenas o sindicalista que virou presidente de um país exótico para se tornar, também, um ator importante nas relações internacionais.
Lula evitou golpes e causou polêmicas
Para especialistas ouvidos pelo R7, Lula ajudou a ampliar as fronteiras de influência do Brasil, que agora organiza a Copa do Mundo e a Olimpíada. O presidente também Consolidou a presença brasileira na América do Sul. Mas também deu vários tropeços no campo dos direitos humanos e entrou em temas polêmicos, como o Oriente Médio.
O R7 conversou com três professores de relações internacionais sobre alguns pontos da diplomacia de Lula. São eles Hector Saint Pierre, da UNESP (Universidade Estadual Paulista), Maria Helena de Castro Santos, da UNB (Universidade de Brasília) e Paulo Edgard Resende da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
Todos concordam que o Brasil ganhou mais relevância no mundo, mas não dão crédito exclusivo ao presidente.
Segundo os três, o crescimento econômico favoreceu o Brasil, que passou de apenas global trader (comerciante mundial) para também global player (ator mundial). Lula, dizem, não foi tão inventivo. Continuou, de algum modo, a política externa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003).
A diferença é que apimentou a diplomacia com seu carisma, apertou a mão do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (que defende o apedrejamento de Sakineh e teima em desenvolver um polêmico programa nuclear). Também abraçou o quase folclórico Hugo Chávez, que limita rádios e televisões da oposição e quer ficar eternamente no poder na Venezuela.
Lula conta a mesma história de maneira diferente: diz que apertou a mão do “amigo Ahmadinejad” porque alguém teria de falar com ele, pontua Maria Helena. Recebeu, inclusive, uma carta de Barack Obama, presidente dos EUA, incentivando um acordo nuclear com o Irã, algo que as potências mundiais tentavam há tempos e não conseguiam.
O presidente conseguiu, junto com a Turquia, um “acordo histórico”, em maio de 2010 - na prática ignorado pelos EUA, que no outro dia reuniu o Conselho de Segurança da ONU para impor sanções ao Irã.
Sobre Hugo Chávez, o site WikiLeaks recentemente mostrou que o governo do Brasil acha que o presidente da Venezuela ladra, mas não morde. Lula contrabalanceou a América do Sul, ressalta Saint Pierre, muito amparado no seu próprio carisma (resta saber se Dilma Rousseff terá o mesmo traquejo).
Relações com os EUA não foram ruins
Lula falou com Chávez e tomou uma “aguardente” com o arquirrival do venezuelano, o ex-presidente Álvaro Uribe da Colômbia. Abraçou todos os líderes latino-americanos.
Ele nunca deixou de falar com os EUA, seja com o republicano George W. Bush - ex-presidente dos EUA que liderou a invasão ao Iraque em 2003 -, seja com o atual Barack Obama, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2009. Obama chegou a dizer, inclusive, que Lula era “o cara”. As relações com o EUA nunca estiveram de fato ruins, diz Resende.
A conclusão é que Lula falou com todo mundo: com o Ahmadinejad do Irã, com Shimon Perez de Israel, com o amigo Nicolas Sarkozy da França (este de olho na venda bilionária de caças Rafale para a FAB), com Hu Jintao da China e com vários ditadores africanos.
Lula também defendeu a ditadura os irmãos Fidel e Raúl Castro em Cuba e foi criticado por não apoiar os presos políticos do regime comunista. Ainda assim, foi tratado como celebridade por jornais estrangeiros, como o espanhol El País e o francês Le Monde.
Lula só não falou com Honduras
Em setembro de 2009, Manuel Zelaya, presidente de Honduras foi deposto num golpe meio fora de moda (ao estilo das ditaduras latino-americanas dos anos 1960 e 1970), buscou refúgio na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Lula foi jogado no centro da crise hondurenha.
O Brasil e a maior parte da América Latina não reconheceram as eleições realizadas pelo governo golpista que derrubou Zelaya - a votação teve apoio dos EUA. Acabou prevalecendo a posição americana. Para Saint Pierre e Resende, o Brasil tomou a posição correta. Maria Helena diz que a atuação brasileira foi “um desastre”.
Em oito anos, Lula fez 262 viagens ao exterior, visitou 81 países e três territórios e abriu 44 embaixadas e 21 consulados. Sempre andou acompanhado de Celso Amorim, o ministro das Relações Exteriores que mais tempo esteve à frente do Itamaraty (superando o Barão do Rio Branco, o pai da diplomacia brasileira). Também esteve ao lado de seu polêmico assessor especial, Marco Aurélio Garcia.
No dia 1º de janeiro de 2011, Lula entrega o governo, mas, ao que tudo indica, sua atuação externa e suas andanças pelo mundo vão continuar. Resta saber o que está guardado para o futuro ex-presidente.
Diplomacia ativa na vizinhança, na África e no Oriente Médio tropeçou nos direitos humanos
Em oito anos de mandato, Luiz Inácio Lula da Silva deixou de ser para o mundo apenas o sindicalista que virou presidente de um país exótico para se tornar, também, um ator importante nas relações internacionais.
Lula evitou golpes e causou polêmicas
Para especialistas ouvidos pelo R7, Lula ajudou a ampliar as fronteiras de influência do Brasil, que agora organiza a Copa do Mundo e a Olimpíada. O presidente também Consolidou a presença brasileira na América do Sul. Mas também deu vários tropeços no campo dos direitos humanos e entrou em temas polêmicos, como o Oriente Médio.
O R7 conversou com três professores de relações internacionais sobre alguns pontos da diplomacia de Lula. São eles Hector Saint Pierre, da UNESP (Universidade Estadual Paulista), Maria Helena de Castro Santos, da UNB (Universidade de Brasília) e Paulo Edgard Resende da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica).
Todos concordam que o Brasil ganhou mais relevância no mundo, mas não dão crédito exclusivo ao presidente.
Segundo os três, o crescimento econômico favoreceu o Brasil, que passou de apenas global trader (comerciante mundial) para também global player (ator mundial). Lula, dizem, não foi tão inventivo. Continuou, de algum modo, a política externa do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2003).
A diferença é que apimentou a diplomacia com seu carisma, apertou a mão do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad (que defende o apedrejamento de Sakineh e teima em desenvolver um polêmico programa nuclear). Também abraçou o quase folclórico Hugo Chávez, que limita rádios e televisões da oposição e quer ficar eternamente no poder na Venezuela.
Lula conta a mesma história de maneira diferente: diz que apertou a mão do “amigo Ahmadinejad” porque alguém teria de falar com ele, pontua Maria Helena. Recebeu, inclusive, uma carta de Barack Obama, presidente dos EUA, incentivando um acordo nuclear com o Irã, algo que as potências mundiais tentavam há tempos e não conseguiam.
O presidente conseguiu, junto com a Turquia, um “acordo histórico”, em maio de 2010 - na prática ignorado pelos EUA, que no outro dia reuniu o Conselho de Segurança da ONU para impor sanções ao Irã.
Sobre Hugo Chávez, o site WikiLeaks recentemente mostrou que o governo do Brasil acha que o presidente da Venezuela ladra, mas não morde. Lula contrabalanceou a América do Sul, ressalta Saint Pierre, muito amparado no seu próprio carisma (resta saber se Dilma Rousseff terá o mesmo traquejo).
Relações com os EUA não foram ruins
Lula falou com Chávez e tomou uma “aguardente” com o arquirrival do venezuelano, o ex-presidente Álvaro Uribe da Colômbia. Abraçou todos os líderes latino-americanos.
Ele nunca deixou de falar com os EUA, seja com o republicano George W. Bush - ex-presidente dos EUA que liderou a invasão ao Iraque em 2003 -, seja com o atual Barack Obama, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2009. Obama chegou a dizer, inclusive, que Lula era “o cara”. As relações com o EUA nunca estiveram de fato ruins, diz Resende.
A conclusão é que Lula falou com todo mundo: com o Ahmadinejad do Irã, com Shimon Perez de Israel, com o amigo Nicolas Sarkozy da França (este de olho na venda bilionária de caças Rafale para a FAB), com Hu Jintao da China e com vários ditadores africanos.
Lula também defendeu a ditadura os irmãos Fidel e Raúl Castro em Cuba e foi criticado por não apoiar os presos políticos do regime comunista. Ainda assim, foi tratado como celebridade por jornais estrangeiros, como o espanhol El País e o francês Le Monde.
Lula só não falou com Honduras
Em setembro de 2009, Manuel Zelaya, presidente de Honduras foi deposto num golpe meio fora de moda (ao estilo das ditaduras latino-americanas dos anos 1960 e 1970), buscou refúgio na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Lula foi jogado no centro da crise hondurenha.
O Brasil e a maior parte da América Latina não reconheceram as eleições realizadas pelo governo golpista que derrubou Zelaya - a votação teve apoio dos EUA. Acabou prevalecendo a posição americana. Para Saint Pierre e Resende, o Brasil tomou a posição correta. Maria Helena diz que a atuação brasileira foi “um desastre”.
Em oito anos, Lula fez 262 viagens ao exterior, visitou 81 países e três territórios e abriu 44 embaixadas e 21 consulados. Sempre andou acompanhado de Celso Amorim, o ministro das Relações Exteriores que mais tempo esteve à frente do Itamaraty (superando o Barão do Rio Branco, o pai da diplomacia brasileira). Também esteve ao lado de seu polêmico assessor especial, Marco Aurélio Garcia.
No dia 1º de janeiro de 2011, Lula entrega o governo, mas, ao que tudo indica, sua atuação externa e suas andanças pelo mundo vão continuar. Resta saber o que está guardado para o futuro ex-presidente.
Agnelo se mudará para a Residência Oficial
GDF em 31/12/2010 às 9:45
Agnelo
A um dia da posse, o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) se prepara para mudar para a Residência Oficial de Águas Claras já na próxima segunda-feira (3). Acompanhado da esposa, Ilza Maria, o petista deixará sua casa no Lago Sul para ocupar a moradia oficial do governador do DF. Agnelo teria pedido para limparem o local e deixar a casa ‘habitável’, uma vez que o espaço foi pouco utilizado por Rogério Rosso. Para o petista, a Residência Oficial faz parte da história política de Brasília e deve ser utilizada pelo governador. “Em Águas Claras, vou poder trabalhar 24 horas por dia, sem misturar o particular com o institucional. Fazer jantares, reuniões e trabalhar pelo DF”, disse o governador eleito.
A residência é mobiliada e Agnelo deve levar apenas os pertences pessoais. Apaixonado por artes plásticas, sua casa atual tem muitos quadros de artistas brasileiros. Caso não leve nenhuma obra para a nova residência, Agnelo sentirá falta das paredes decoradas. (Por Marcella Oliveira)
GDF em 31/12/2010 às 9:45
Agnelo
A um dia da posse, o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) se prepara para mudar para a Residência Oficial de Águas Claras já na próxima segunda-feira (3). Acompanhado da esposa, Ilza Maria, o petista deixará sua casa no Lago Sul para ocupar a moradia oficial do governador do DF. Agnelo teria pedido para limparem o local e deixar a casa ‘habitável’, uma vez que o espaço foi pouco utilizado por Rogério Rosso. Para o petista, a Residência Oficial faz parte da história política de Brasília e deve ser utilizada pelo governador. “Em Águas Claras, vou poder trabalhar 24 horas por dia, sem misturar o particular com o institucional. Fazer jantares, reuniões e trabalhar pelo DF”, disse o governador eleito.
A residência é mobiliada e Agnelo deve levar apenas os pertences pessoais. Apaixonado por artes plásticas, sua casa atual tem muitos quadros de artistas brasileiros. Caso não leve nenhuma obra para a nova residência, Agnelo sentirá falta das paredes decoradas. (Por Marcella Oliveira)
Mau tempo pode fazer Dilma desfilar em carro fechado
Agência Brasil
Publicação: 31/12/2010 09:12 Atualização:
Brasília – A Esplanada dos Ministérios, por onde a presidenta eleita, Dilma Rousseff, desfilará amanhã (1º), já está preparada para a festa. Se a chuva persistir, o trajeto em carro aberto – um Rolls-Royce – será substituído por um automóvel coberto. Dilma e o vice-presidente eleito, Michel Temer, sairão, em carros separados, por volta das 14h15, da Catedral rumo ao Congresso Nacional, depois ao Palácio do Planalto e em seguida ao Itamaraty.
A expectativa é que cerca de 1,7 mi pessoas compareçam ao Congresso, número que deve ser semelhante no Planalto, e cerca de 2,5 mil no coquetel que será oferecido no Itamaraty. No Congresso, Dilma fará o compromisso constitucional, quando dará a palavra que vai honrar e desempenhar da melhor forma possível o cargo de presidente da República. Ela pretende fazer um discurso de 40 minutos.
Em seguida, Dilma e Temer vão para o Planalto. Na rampa do palácio, Dilma será recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por volta das 16h30. No parlatório, que fica do lado de fora do prédio, Dilma recebe a faixa presidencial de Lula. No local, ela faz um discurso à nação, no qual deve relacionar suas prioridades e compromissos para os quatro anos de gestão.
O parlatório fica de frente para a Praça dos Três Poderes, onde deverá estar a maior concentração de pessoas de toda a Esplanada dos Ministérios. Ainda no Planalto, Dilma dará posse ao novo ministério e posa para a foto oficial com a toda a equipe. Convidados estrangeiros e brasileiros poderão acompanhar, mas não terão tempo para cumprimentá-la.
Os apertos de mão e eventuais abraços e beijos ficarão para o coquetel no Itamaraty – na chamada Sala Duas Épocas, que fica no 3º andar. Porém, cada autoridade terá, no máximo, 30 segundos para conversar com a presidenta.
No Itamaraty, o coquetel para cerca de 50 autoridades estrangeiras e mais de 2 mil brasileiras serão servidos vinho nacional – da Casa Valduga -, refrigerantes, sucos e pratos leves. A previsão é que as comemorações acabem por volta das 21h.
Agência Brasil
Publicação: 31/12/2010 09:12 Atualização:
Brasília – A Esplanada dos Ministérios, por onde a presidenta eleita, Dilma Rousseff, desfilará amanhã (1º), já está preparada para a festa. Se a chuva persistir, o trajeto em carro aberto – um Rolls-Royce – será substituído por um automóvel coberto. Dilma e o vice-presidente eleito, Michel Temer, sairão, em carros separados, por volta das 14h15, da Catedral rumo ao Congresso Nacional, depois ao Palácio do Planalto e em seguida ao Itamaraty.
A expectativa é que cerca de 1,7 mi pessoas compareçam ao Congresso, número que deve ser semelhante no Planalto, e cerca de 2,5 mil no coquetel que será oferecido no Itamaraty. No Congresso, Dilma fará o compromisso constitucional, quando dará a palavra que vai honrar e desempenhar da melhor forma possível o cargo de presidente da República. Ela pretende fazer um discurso de 40 minutos.
Em seguida, Dilma e Temer vão para o Planalto. Na rampa do palácio, Dilma será recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por volta das 16h30. No parlatório, que fica do lado de fora do prédio, Dilma recebe a faixa presidencial de Lula. No local, ela faz um discurso à nação, no qual deve relacionar suas prioridades e compromissos para os quatro anos de gestão.
O parlatório fica de frente para a Praça dos Três Poderes, onde deverá estar a maior concentração de pessoas de toda a Esplanada dos Ministérios. Ainda no Planalto, Dilma dará posse ao novo ministério e posa para a foto oficial com a toda a equipe. Convidados estrangeiros e brasileiros poderão acompanhar, mas não terão tempo para cumprimentá-la.
Os apertos de mão e eventuais abraços e beijos ficarão para o coquetel no Itamaraty – na chamada Sala Duas Épocas, que fica no 3º andar. Porém, cada autoridade terá, no máximo, 30 segundos para conversar com a presidenta.
No Itamaraty, o coquetel para cerca de 50 autoridades estrangeiras e mais de 2 mil brasileiras serão servidos vinho nacional – da Casa Valduga -, refrigerantes, sucos e pratos leves. A previsão é que as comemorações acabem por volta das 21h.
Futuro chanceler aproveitará ministros estrangeiros na posse para reuniões
Agência Brasil
Publicação: 31/12/2010 09:14 Atualização:
Brasília – Nomeado para ser o novo ministro das Relações Exteriores, o embaixador Antonio Patriota quer evitar a perda de tempo. Antes mesmo de ser empossado no cargo – o que ocorrerá amanhã (1º) -, o diplomata já começa a trabalhar. Patriota se reúne hoje (31) à tarde com o chanceler de Cuba, Bruno Rodréguez Parrilla e, em seguida com o primeiro-ministro do Haiti, Jean Max Bellerive. Com os países caribenhos, o Brasil mantém estreitos vínculos de cooperação.
No dia 1º, pela manhã, Patriota conversa com o ministro da Defesa da França, Alain Juppé. Um dos temas em discussão, segundo assessores, deve ser a compra dos 36 caças que o Brasil pretende comprar. A França disputa a venda com a Suécia e os Estados Unidos.
Em novembro, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o francês Nicolas Sarkozy discutiram sobre o assunto durante rápido encontro em Seul, na Coreia do Sul. Na ocasião, o presidente da França afirmou que estava confiante, mas que a decisão dependia das autoridades brasileiras.
Lula e Sarkozy assinaram, em novembro, um acordo de defesa estratégica incluindo a compra de helicópteros e submarinos convencionais e de energia nuclear.
No domingo (2), Patriota se reúne com o chanceler da Argentina, Héctor Timerman. No encontro, eles deverão rever os principais temas da relação entre os dois países. Timerman disse que, durante a conversa, quer sugerir a realização de uma reunião em Buenos Aires, já no o primeiro trimestre de 2011.
Agência Brasil
Publicação: 31/12/2010 09:14 Atualização:
Brasília – Nomeado para ser o novo ministro das Relações Exteriores, o embaixador Antonio Patriota quer evitar a perda de tempo. Antes mesmo de ser empossado no cargo – o que ocorrerá amanhã (1º) -, o diplomata já começa a trabalhar. Patriota se reúne hoje (31) à tarde com o chanceler de Cuba, Bruno Rodréguez Parrilla e, em seguida com o primeiro-ministro do Haiti, Jean Max Bellerive. Com os países caribenhos, o Brasil mantém estreitos vínculos de cooperação.
No dia 1º, pela manhã, Patriota conversa com o ministro da Defesa da França, Alain Juppé. Um dos temas em discussão, segundo assessores, deve ser a compra dos 36 caças que o Brasil pretende comprar. A França disputa a venda com a Suécia e os Estados Unidos.
Em novembro, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o francês Nicolas Sarkozy discutiram sobre o assunto durante rápido encontro em Seul, na Coreia do Sul. Na ocasião, o presidente da França afirmou que estava confiante, mas que a decisão dependia das autoridades brasileiras.
Lula e Sarkozy assinaram, em novembro, um acordo de defesa estratégica incluindo a compra de helicópteros e submarinos convencionais e de energia nuclear.
No domingo (2), Patriota se reúne com o chanceler da Argentina, Héctor Timerman. No encontro, eles deverão rever os principais temas da relação entre os dois países. Timerman disse que, durante a conversa, quer sugerir a realização de uma reunião em Buenos Aires, já no o primeiro trimestre de 2011.
Transmissão ministerial começará durante festa de Dilma no Itamaraty
Agência Brasil
Publicação: 31/12/2010 09:33 Atualização:
Brasília - Após tomar posse como presidenta da República amanhã (1º), Dilma Rousseff empossará seus 37 ministros em cerimônia que acontece entre as 18h e as 18h30 no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Entretanto, a transição ministerial só termina com as transmissões de 28 cargos, que começam ainda no dia 1º e terminam na segunda-feira (3).
A mobilização para as cerimônias varia de acordo com a importância dos ministérios, e os roteiros seguem linhas muito semelhantes: composição da mesa, leitura do decreto de nomeação, discurso de quem deixa o cargo, discurso de quem assume e cumprimentos de convidados.
O primeiro ministro a assumir é o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), que chefiará a pasta dos Transportes, em cerimônia agendada para as 20h de amanhã. O dia e horário escolhidos chocam com a recepção que será oferecida em homenagem a Dilma Rousseff no Palácio do Itamaraty. A assessoria de Nascimento afirma que o político faz questão que seus parentes participem da cerimônia, o que não seria possível em outra data pois eles eles retornam ao estado para seus afazeres. Também afirma que o futuro ministro não espera uma cerimônia badalada porque gosta de coisas simples.
O domingo (2) terá a transmissão de cargos de mais seis ministros. Entre eles, Antônio Patriota assume o Ministério das Relações Exteriores às 14h. Uma das finalidades de agendar o evento para o fim de semana é aproveitar a presença dos chanceleres estrangeiros que prestigiarão a posse de Dilma Rousseff. Após a transmissão de cargo dos ministros, 19 autoridades internacionais participarão de encontros bilaterais com Patriota, entre elas, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, e Hilary Clinton, secretária de Estado dos Estados Unidos.
A segunda-feira (3) será o dia de maior movimento na transmissão de cargos ministeriais, com 20 cerimônias. Uma das mais concorridas será do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que ocorre às 15h no auditório do prédio. A assessoria de imprensa do órgão afirma que muitas pessoas são esperadas para a cerimônia, o que motivou a instalação de um telão na frente do ministério e de três TVs na biblioteca, para onde devem ser deslocados alguns convidados. A transmissão também deverá ser feita por TVs localizadas no hall de entrada do prédio.
Em nove ministérios não haverá transmissão de cargos, uma vez que os ocupantes serão os mesmos do governo Lula. São eles: Guido Mantega na Fazenda; Fernando Haddad, na Educação; Luis Inácio Adams na Advocacia-Geral da União; Jorge Hage na Controladoria-Geral da União; Nelson Jobim no ministério da Defesa; Orlando Silva, de Esportes; Wagner Rossi na Agricultura; e Izabella Teixeira no Meio Ambiente.
Ainda não há definição sobre o dia e horário da transmissão de cargo de Moreira Franco, que assume a Secretaria de Assuntos Estratégicos no lugar de Samuel Pinheiro Guimarães.
Agência Brasil
Publicação: 31/12/2010 09:33 Atualização:
Brasília - Após tomar posse como presidenta da República amanhã (1º), Dilma Rousseff empossará seus 37 ministros em cerimônia que acontece entre as 18h e as 18h30 no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Entretanto, a transição ministerial só termina com as transmissões de 28 cargos, que começam ainda no dia 1º e terminam na segunda-feira (3).
A mobilização para as cerimônias varia de acordo com a importância dos ministérios, e os roteiros seguem linhas muito semelhantes: composição da mesa, leitura do decreto de nomeação, discurso de quem deixa o cargo, discurso de quem assume e cumprimentos de convidados.
O primeiro ministro a assumir é o senador Alfredo Nascimento (PR-AM), que chefiará a pasta dos Transportes, em cerimônia agendada para as 20h de amanhã. O dia e horário escolhidos chocam com a recepção que será oferecida em homenagem a Dilma Rousseff no Palácio do Itamaraty. A assessoria de Nascimento afirma que o político faz questão que seus parentes participem da cerimônia, o que não seria possível em outra data pois eles eles retornam ao estado para seus afazeres. Também afirma que o futuro ministro não espera uma cerimônia badalada porque gosta de coisas simples.
O domingo (2) terá a transmissão de cargos de mais seis ministros. Entre eles, Antônio Patriota assume o Ministério das Relações Exteriores às 14h. Uma das finalidades de agendar o evento para o fim de semana é aproveitar a presença dos chanceleres estrangeiros que prestigiarão a posse de Dilma Rousseff. Após a transmissão de cargo dos ministros, 19 autoridades internacionais participarão de encontros bilaterais com Patriota, entre elas, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, e Hilary Clinton, secretária de Estado dos Estados Unidos.
A segunda-feira (3) será o dia de maior movimento na transmissão de cargos ministeriais, com 20 cerimônias. Uma das mais concorridas será do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que ocorre às 15h no auditório do prédio. A assessoria de imprensa do órgão afirma que muitas pessoas são esperadas para a cerimônia, o que motivou a instalação de um telão na frente do ministério e de três TVs na biblioteca, para onde devem ser deslocados alguns convidados. A transmissão também deverá ser feita por TVs localizadas no hall de entrada do prédio.
Em nove ministérios não haverá transmissão de cargos, uma vez que os ocupantes serão os mesmos do governo Lula. São eles: Guido Mantega na Fazenda; Fernando Haddad, na Educação; Luis Inácio Adams na Advocacia-Geral da União; Jorge Hage na Controladoria-Geral da União; Nelson Jobim no ministério da Defesa; Orlando Silva, de Esportes; Wagner Rossi na Agricultura; e Izabella Teixeira no Meio Ambiente.
Ainda não há definição sobre o dia e horário da transmissão de cargo de Moreira Franco, que assume a Secretaria de Assuntos Estratégicos no lugar de Samuel Pinheiro Guimarães.
2010 é um ano para ficar na memória
Após a divulgação de vídeos com políticos embolsando dinheiro, Brasília assistiu à inédita prisão de um governador, à renúncia do vice e a um governo tampão marcado pelo caos em áreas vitais, como saúde e segurança. Por tudo isso, o ano do cinquentenário não pode ser esquecido
Juliana Boechat
Publicação: 31/12/2010 07:52 Atualização:
O ano que termina hoje ficará para sempre marcado na história do Distrito Federal. Justamente quando a capital da República comemoraria seu cinquentenário, os brasilienses assistiram a uma sucessão de escândalos que mancharam a imagem da cidade e afetou diretamente a vida dos cidadãos. Na verdade, 2010 começou 35 dias antes. Mais precisamente em 27 de novembro do ano anterior, quando a Polícia Federal e o Ministério Público deflagraram a Operação Caixa de Pandora, que revelou um organizado esquema de corrupção cristalizado por toda a estrutura de poder. Diversos vídeos mostraram autoridades recebendo maços de dinheiro e escondendo a suposta propina em bolsas, na cueca e até nas meias.
No início de 2010, o governador José Roberto Arruda foi preso por dois meses e cassado — foi a primeira vez que um chefe de Estado foi detido no exercício do cargo em todo o país. O vice, Paulo Octávio, renunciou ao cargo e houve a eleição indireta de Rogério Rosso para um mandato-tampão. Dois deputados distritais renunciaram para escapar da degola e um terceiro — a deputada Eurides Brito — acabou cassada por seus pares. A metástase institucional respingou no próprio Ministério Público, que viu ser afastado por 120 dias o ex-procurador-geral de Justiça Leonardo Bandarra, também acusado de corrupção.
Em meio a essa sucessão de escândalos, o brasiliense enfrentou uma conturbada eleição, dominada não pelo debate de propostas, mas pelo embate jurídico em torno da Lei da Ficha Limpa, que acabou por tirar da política o ex-governador Joaquim Roriz. Impedido de disputar, mas na expectativa de se manter no poder, ele lançou a mulher, Weslian, como candidata ao Buriti. As gafes cometidas pela ex-primeira-dama em debates e entrevistas deram ares de folclore à política de uma cidade já envergonhada.
A crise que fez ruir todo um governo afetou diretamente a vida de cada morador do DF. O governo paralisou centenas de obras, algumas no coração da cidade. Áreas essenciais mergulharam no caos. Na saúde, faltam médicos, leitos de UTI e até esparadrapos nos hospitais. O centro cirúrgico do Hospital Regional de Ceilândia foi interditado por causa de piolhos de pombo. Na segurança, o crack avançou assustadoramente, tomando conta de áreas encravadas no centro da capital. E o ano termina com o Distrito Federal tomado pelo mato alto e pelo lixo, símbolos do abandono da cinquentenária Brasília.
Apesar de tudo, 2010 não é um ano para ser esquecido. Na avaliação de especialistas ouvidos pelo Correio, Brasília deve buscar amadurecer com a experiência vivida. Para a cientista política Lucia Avelar, os escândalos derrubaram a auto-estima da população, mas também serviram para mobilizar a sociedade. “O brasiliense ficou de cabeça baixa. A população fica mal vista e reafirma a imagem de que ali é o espaço da corrupção”, afirma. Por isso, Lucia defende a participação popular para o fim dos escândalos políticos na capital federal. “Acredito na força da sociedade quando ela se manifesta.”
Na avaliação do professor da UnB David Fleischer, 2010 servirá de exemplo. “O brasiliense não deveria se esquecer deste ano, mas se lembrar para evitar repetições dos mesmos erros. Tem de tentar não eleger ladrões e evitar cair no papo de promessas demagógicas”, afirma. O cientista político Murillo de Aragão também vê um saldo positivo em toda essa crise política. “Foi um ano doloroso por conta de tudo o que aconteceu, mas também foi um ano em que parte dos desvios foram neutralizados. Teve esse lado positivo, com ganhos no aperfeiçoamento da fiscalização. Foi o ano em que se descobriu os esquemas ocorridos nos anos anteriores. Não é um ano para ser esquecido. Agora, a população vai levar tempo para se recuperar e a voltar a confiar na política brasiliense.”
Na avaliação do professor Octaciano Nogueira, a crise vivida em 2010 ajudará Brasília a avançar no processo democrático. “Pela primeira vez um governador foi preso. É um avanço no funcionamento das instituições porque gera a diminuição da taxa de impunidade ou, pelo menos, da percepção da impunidade. É um aviso de que as instituições democráticas estão funcionando e uma advertência para os corruptos”, defende.
O também cientista político João Paulo Peixoto avalia que a cidade ainda não conseguiu se recuperar da crise. “Infelizmente, é isso que vai marcar o ano. Wilson Lima e Rogério Rosso estiveram longe de cumprir minimamente o seu papel de administradores temporários do GDF, o que prejudicou muito a condução e a implementação das políticas públicas que estavam em andamento no GDF. É só olhar a cidade hoje. Ela nunca esteve tão suja e tão descuidada.”
Como a crise afetou a minha vida
Adeilton Lima, 45 anos, ator
Há 23 anos, o ator Adeilton Lima (foto) convive diariamente com o descaso da cultura no Distrito Federal. Os espaços culturais estão abandonados, os artistas locais não contam com incentivo e as manifestações independentes, quando muito, recebem patrocínios do governo federal. “A grande metáfora para este descaso da cidade é o tamanho do mato e a quantidade de lixo nas ruas. A cidade está abandonada”, protesta. A crise afetou diretamente a área cultural. Os repasses do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) foram suspensos e muitos projetos acabaram abandonados por falta de verba. “Muita gente foi prejudicada”, diz Adeilton. Na avaliação do ator, para reerguer a cultura de Brasília é necessário incrementar as condições básicas da população com educação, saúde e segurança. “É tudo interligado e isso reflete diretamente na cultura. As pessoas não vão ao cinema se o sistema de transporte não funciona, se o local não é seguro”, diz.
Raul Cardoso, 23 anos, estudante
O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB, Raul Cardoso, 23 anos , participou ativamente do movimento contra a corrupção no Distrito Federal. Logo após a deflagração do esquema de corrupção pela Polícia Federal, ele reuniu o movimento estudantil e saiu às ruas. “Quando começaram a surgir os casos, na primeira semana, decidimos não deixar isso passar batido”, lembra. Aos poucos, o grupo se uniu e chamou a atenção de Brasília. Ocuparam as duas sedes da Câmara Legislativa, fizeram apitaços pela cidade, manifestações bem humoradas e enfrentaram repressões da Polícia Militar. “Tivemos vitórias concretas, como o afastamento do Arruda. É um recado importante para a sociedade: de que a união consegue o que quer”, explica. Para ele, o ciclo ainda não se completou. Ano que vem, pretendem trabalhar com a sociedade para repensar o Distrito Federal. “Brasília não pode se mobilizar só em época de crise política. Com a união, você divide as ansiedades e inquietações. Acima de tudo, foi um aprendizado coletivo.”
Oliveira Fernandes, 74 anos, agricultor
Há 50 anos, o agricultor Oliveira Fernandes, 74, instalou-se em uma área afastada da capital federal. Com o passar dos anos, acompanhou o crescimento de Águas Claras, o desenvolvimento de Vicente Pires e as obras de ampliação da EPTG, hoje denominada Linha Verde. Tanta mudança na região prejudicou o estilo de vida de Oliveira. “Estão aterrando a minha casa. Um córrego de água se forma no meio da passarela (de pedestres) e cai dentro da chácara, trazendo todo o barro da obra”, reclama. Na entrada da casa de Oliveira, há restos de madeira, concreto e piche. O descaso se repete ao longo de toda a EPTG, que foi entregue inacabada à população — a obra era uma das prioridades do ex-governador Arruda e foi lançada meses antes de estourar o escândalo da Caixa de Pandora. O corredor de transporte que estava previsto não entrou em operação e as paradas de ônibus já estão pichadas. A sinalização é deficiente em muitos pontos.
ANÁLISE DA NOTÍCIA
De todos os brasilienses para...
>> Ana Dubeux
São muitos os destinatários que poderiam receber tais notícias de Brasília. Também são muitos os remetentes. Faço minhas, então, as palavras dos quase 2 milhões de brasilienses, que esperam estar de fato iniciando um novo ano. Que 2011 tenha a cara festiva e alegre que a comemoração dos 50 anos merecia ter tido. Que 2011 seja a derrocada de uma corja que se apossou da nossa capital para se apropriar de sua riqueza, de seus impostos, do resultado de seu consumo. Que em 2011 a esperança imponha uma dura derrota ao pessimismo e ao descrédito na política, marcas registradas pós-Operação Pandora que ainda hoje perduram.
Brasília virou o ano com a sujeira e o mato espalhados por suas ruas num triste retrato do descaso a que somos submetidos desde a queda – bem-vinda – do governo Arruda por corrupção. Poderia ser diferente? Sim, mas o mandato tampão de Rogério Rosso não teve exatamente a marca do resgate de cidadania. Terminou tristemente com denúncias de shows superfaturados totalmente dispensáveis – inclusive para a biografia de Rosso. Aos senhores governantes e autoridades de Brasília nos últimos quatro anos, podemos dizer simplesmente que deixaram um legado de abandono jamais visto na cidade planejada para ser exemplo em todos os sentidos. Se tinham um plano de sucateamento geral da capital, podem se orgulhar, pois o cumpriram com maestria. Já foram tarde. E tenho dito.
Eis que amanhã seguiremos sob nova direção. Difícil estarmos em mãos piores do que já estivemos. Logo, acredito que eu e toda a população do Distrito Federal já estamos perigosamente comemorando de véspera. O mandato Agnelo, se não for muito ruim, já terá sido melhor. Mas, é verdade, esperamos muito mais. Aguardamos limpeza, segurança, educação e saúde de qualidade. Depositamos todas as expectativas, as melhores, num governo mais justo, mais capaz e, por favor, honesto, decente, sem roubalheira e corrupção.
Ao longo dos últimos meses, aqui neste espaço, pedi muito que Brasília fosse varrida, lavada e enxaguada. Na verdade, precisávamos de um dilúvio para tirar toda a sujeira depositada durante tantos anos de desmandos. Apenas algumas espécies deveriam ser resguardadas: os cidadãos honestos, com boas ideias e projetos, sem a ganância que sempre nos impõe castigos imensuráveis. Espero que nossas escolhas nos honrem até 2014.
Após a divulgação de vídeos com políticos embolsando dinheiro, Brasília assistiu à inédita prisão de um governador, à renúncia do vice e a um governo tampão marcado pelo caos em áreas vitais, como saúde e segurança. Por tudo isso, o ano do cinquentenário não pode ser esquecido
Juliana Boechat
Publicação: 31/12/2010 07:52 Atualização:
O ano que termina hoje ficará para sempre marcado na história do Distrito Federal. Justamente quando a capital da República comemoraria seu cinquentenário, os brasilienses assistiram a uma sucessão de escândalos que mancharam a imagem da cidade e afetou diretamente a vida dos cidadãos. Na verdade, 2010 começou 35 dias antes. Mais precisamente em 27 de novembro do ano anterior, quando a Polícia Federal e o Ministério Público deflagraram a Operação Caixa de Pandora, que revelou um organizado esquema de corrupção cristalizado por toda a estrutura de poder. Diversos vídeos mostraram autoridades recebendo maços de dinheiro e escondendo a suposta propina em bolsas, na cueca e até nas meias.
No início de 2010, o governador José Roberto Arruda foi preso por dois meses e cassado — foi a primeira vez que um chefe de Estado foi detido no exercício do cargo em todo o país. O vice, Paulo Octávio, renunciou ao cargo e houve a eleição indireta de Rogério Rosso para um mandato-tampão. Dois deputados distritais renunciaram para escapar da degola e um terceiro — a deputada Eurides Brito — acabou cassada por seus pares. A metástase institucional respingou no próprio Ministério Público, que viu ser afastado por 120 dias o ex-procurador-geral de Justiça Leonardo Bandarra, também acusado de corrupção.
Em meio a essa sucessão de escândalos, o brasiliense enfrentou uma conturbada eleição, dominada não pelo debate de propostas, mas pelo embate jurídico em torno da Lei da Ficha Limpa, que acabou por tirar da política o ex-governador Joaquim Roriz. Impedido de disputar, mas na expectativa de se manter no poder, ele lançou a mulher, Weslian, como candidata ao Buriti. As gafes cometidas pela ex-primeira-dama em debates e entrevistas deram ares de folclore à política de uma cidade já envergonhada.
A crise que fez ruir todo um governo afetou diretamente a vida de cada morador do DF. O governo paralisou centenas de obras, algumas no coração da cidade. Áreas essenciais mergulharam no caos. Na saúde, faltam médicos, leitos de UTI e até esparadrapos nos hospitais. O centro cirúrgico do Hospital Regional de Ceilândia foi interditado por causa de piolhos de pombo. Na segurança, o crack avançou assustadoramente, tomando conta de áreas encravadas no centro da capital. E o ano termina com o Distrito Federal tomado pelo mato alto e pelo lixo, símbolos do abandono da cinquentenária Brasília.
Apesar de tudo, 2010 não é um ano para ser esquecido. Na avaliação de especialistas ouvidos pelo Correio, Brasília deve buscar amadurecer com a experiência vivida. Para a cientista política Lucia Avelar, os escândalos derrubaram a auto-estima da população, mas também serviram para mobilizar a sociedade. “O brasiliense ficou de cabeça baixa. A população fica mal vista e reafirma a imagem de que ali é o espaço da corrupção”, afirma. Por isso, Lucia defende a participação popular para o fim dos escândalos políticos na capital federal. “Acredito na força da sociedade quando ela se manifesta.”
Na avaliação do professor da UnB David Fleischer, 2010 servirá de exemplo. “O brasiliense não deveria se esquecer deste ano, mas se lembrar para evitar repetições dos mesmos erros. Tem de tentar não eleger ladrões e evitar cair no papo de promessas demagógicas”, afirma. O cientista político Murillo de Aragão também vê um saldo positivo em toda essa crise política. “Foi um ano doloroso por conta de tudo o que aconteceu, mas também foi um ano em que parte dos desvios foram neutralizados. Teve esse lado positivo, com ganhos no aperfeiçoamento da fiscalização. Foi o ano em que se descobriu os esquemas ocorridos nos anos anteriores. Não é um ano para ser esquecido. Agora, a população vai levar tempo para se recuperar e a voltar a confiar na política brasiliense.”
Na avaliação do professor Octaciano Nogueira, a crise vivida em 2010 ajudará Brasília a avançar no processo democrático. “Pela primeira vez um governador foi preso. É um avanço no funcionamento das instituições porque gera a diminuição da taxa de impunidade ou, pelo menos, da percepção da impunidade. É um aviso de que as instituições democráticas estão funcionando e uma advertência para os corruptos”, defende.
O também cientista político João Paulo Peixoto avalia que a cidade ainda não conseguiu se recuperar da crise. “Infelizmente, é isso que vai marcar o ano. Wilson Lima e Rogério Rosso estiveram longe de cumprir minimamente o seu papel de administradores temporários do GDF, o que prejudicou muito a condução e a implementação das políticas públicas que estavam em andamento no GDF. É só olhar a cidade hoje. Ela nunca esteve tão suja e tão descuidada.”
Como a crise afetou a minha vida
Adeilton Lima, 45 anos, ator
Há 23 anos, o ator Adeilton Lima (foto) convive diariamente com o descaso da cultura no Distrito Federal. Os espaços culturais estão abandonados, os artistas locais não contam com incentivo e as manifestações independentes, quando muito, recebem patrocínios do governo federal. “A grande metáfora para este descaso da cidade é o tamanho do mato e a quantidade de lixo nas ruas. A cidade está abandonada”, protesta. A crise afetou diretamente a área cultural. Os repasses do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) foram suspensos e muitos projetos acabaram abandonados por falta de verba. “Muita gente foi prejudicada”, diz Adeilton. Na avaliação do ator, para reerguer a cultura de Brasília é necessário incrementar as condições básicas da população com educação, saúde e segurança. “É tudo interligado e isso reflete diretamente na cultura. As pessoas não vão ao cinema se o sistema de transporte não funciona, se o local não é seguro”, diz.
Raul Cardoso, 23 anos, estudante
O coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB, Raul Cardoso, 23 anos , participou ativamente do movimento contra a corrupção no Distrito Federal. Logo após a deflagração do esquema de corrupção pela Polícia Federal, ele reuniu o movimento estudantil e saiu às ruas. “Quando começaram a surgir os casos, na primeira semana, decidimos não deixar isso passar batido”, lembra. Aos poucos, o grupo se uniu e chamou a atenção de Brasília. Ocuparam as duas sedes da Câmara Legislativa, fizeram apitaços pela cidade, manifestações bem humoradas e enfrentaram repressões da Polícia Militar. “Tivemos vitórias concretas, como o afastamento do Arruda. É um recado importante para a sociedade: de que a união consegue o que quer”, explica. Para ele, o ciclo ainda não se completou. Ano que vem, pretendem trabalhar com a sociedade para repensar o Distrito Federal. “Brasília não pode se mobilizar só em época de crise política. Com a união, você divide as ansiedades e inquietações. Acima de tudo, foi um aprendizado coletivo.”
Oliveira Fernandes, 74 anos, agricultor
Há 50 anos, o agricultor Oliveira Fernandes, 74, instalou-se em uma área afastada da capital federal. Com o passar dos anos, acompanhou o crescimento de Águas Claras, o desenvolvimento de Vicente Pires e as obras de ampliação da EPTG, hoje denominada Linha Verde. Tanta mudança na região prejudicou o estilo de vida de Oliveira. “Estão aterrando a minha casa. Um córrego de água se forma no meio da passarela (de pedestres) e cai dentro da chácara, trazendo todo o barro da obra”, reclama. Na entrada da casa de Oliveira, há restos de madeira, concreto e piche. O descaso se repete ao longo de toda a EPTG, que foi entregue inacabada à população — a obra era uma das prioridades do ex-governador Arruda e foi lançada meses antes de estourar o escândalo da Caixa de Pandora. O corredor de transporte que estava previsto não entrou em operação e as paradas de ônibus já estão pichadas. A sinalização é deficiente em muitos pontos.
ANÁLISE DA NOTÍCIA
De todos os brasilienses para...
>> Ana Dubeux
São muitos os destinatários que poderiam receber tais notícias de Brasília. Também são muitos os remetentes. Faço minhas, então, as palavras dos quase 2 milhões de brasilienses, que esperam estar de fato iniciando um novo ano. Que 2011 tenha a cara festiva e alegre que a comemoração dos 50 anos merecia ter tido. Que 2011 seja a derrocada de uma corja que se apossou da nossa capital para se apropriar de sua riqueza, de seus impostos, do resultado de seu consumo. Que em 2011 a esperança imponha uma dura derrota ao pessimismo e ao descrédito na política, marcas registradas pós-Operação Pandora que ainda hoje perduram.
Brasília virou o ano com a sujeira e o mato espalhados por suas ruas num triste retrato do descaso a que somos submetidos desde a queda – bem-vinda – do governo Arruda por corrupção. Poderia ser diferente? Sim, mas o mandato tampão de Rogério Rosso não teve exatamente a marca do resgate de cidadania. Terminou tristemente com denúncias de shows superfaturados totalmente dispensáveis – inclusive para a biografia de Rosso. Aos senhores governantes e autoridades de Brasília nos últimos quatro anos, podemos dizer simplesmente que deixaram um legado de abandono jamais visto na cidade planejada para ser exemplo em todos os sentidos. Se tinham um plano de sucateamento geral da capital, podem se orgulhar, pois o cumpriram com maestria. Já foram tarde. E tenho dito.
Eis que amanhã seguiremos sob nova direção. Difícil estarmos em mãos piores do que já estivemos. Logo, acredito que eu e toda a população do Distrito Federal já estamos perigosamente comemorando de véspera. O mandato Agnelo, se não for muito ruim, já terá sido melhor. Mas, é verdade, esperamos muito mais. Aguardamos limpeza, segurança, educação e saúde de qualidade. Depositamos todas as expectativas, as melhores, num governo mais justo, mais capaz e, por favor, honesto, decente, sem roubalheira e corrupção.
Ao longo dos últimos meses, aqui neste espaço, pedi muito que Brasília fosse varrida, lavada e enxaguada. Na verdade, precisávamos de um dilúvio para tirar toda a sujeira depositada durante tantos anos de desmandos. Apenas algumas espécies deveriam ser resguardadas: os cidadãos honestos, com boas ideias e projetos, sem a ganância que sempre nos impõe castigos imensuráveis. Espero que nossas escolhas nos honrem até 2014.
POLÍTICA
PT distribui cartilha e pede cuidado com grande imprensa
A nova versão do "Manual do Deputado Petista", destinada aos 88 parlamentares que assumirão o mandato na Câmara em fevereiro, recomenda aos eleitos tomarem cuidado com a grande imprensa, que, segundo a cartilha petista, teria má vontade com o PT e com o governo Lula desde 2003. Mas o livreto, de 51 páginas, faz um alerta ao deputado do partido e recomenda que não polemize com os meios de comunicação: "evite a suposição da existência de conspirações da imprensa contra o Congresso. Não seja corporativista".
Esta é a sexta edição do manual, atualizado a cada nova legislatura. O líder do PT, deputado Fernando Ferro (PE), apresenta o documento como um mapa dos caminhos do Congresso e classifica as dicas como orientações úteis para a bancada.
Em relação à imprensa, o manual do PT afirma que muitas vezes a pauta do repórter já vem "fechada", que é elaborada pela direção do jornal, "o pessoal da retaguarda", caso de editores, coordenadores e diretores de redação. "São quem moldam a forma final da reportagem". Classificam a reportagem como "tese da redação". E sugerem: "não participe ou tente derrubar (a pauta). É preciso ter paciência e resistência".
Partido diz que população nota as manipulações
E concluem que "não é incomum a reportagem discordar da redação". Diz que há uma diferença clara entre o jornalista, apresentado como trabalhador assalariado, e a empresa para a qual trabalha.
Para o PT, não existe informação neutra ou imparcial. "Uma regra é falar pouco, e entrevista, de preferência, gravada. Em caso de off (sem identificação da fonte), passe-o apenas para um repórter. Jamais para dois". O manual recomenda ao deputado portador de alguma notícia que circule pelo Salão Verde, local próximo ao plenário, onde há intensa movimentação de jornalistas. Mas que tome cuidado com o dead line, que é o horário de fechamento dos jornais: "Se tem algo a divulgar, que o faça até as 16h, no máximo até as 17h".
Para o partido, a população está vacinada contra manipulações. A saída é a internet e as redes sociais, que, segundo o livreto, esvaziaram o poder de manipulação da grande imprensa. Os blogs alternativos são um caminho mais direto, "sem o filtro ideológico".
Na TV, diz o manual, é mais difícil colocar o parlamentar em evidência. O tempo disponível é curto e as emissoras entrevistam os mais conhecidos ou seus parlamentares preferidos, que "vendem" mais a notícia. Mas se for dar entrevista para televisões, recomenda-se, antes, fazer um "media training", uma espécie de treino com o assessor de imprensa.
A imprensa regional - conjunto de jornais, rádios e TVs dos estados de origem dos deputados - é citada como fundamental para o contato com as bases desses políticos, seus eleitores. A sugestão é fazer visitas de cortesia às redações. "Mas são veículos que pertencem a grupos políticos locais, muitos deles hostis ao PT".
Tratar bem jornalistas dos pequenos jornais também é outra dica. O PT diz que a profissão é marcada por alta rotatividade. "Vale lembrar que o jornalista que hoje trabalha no pequeno jornal ou na rádio do interior pode, amanhã, ser contratado por um veículo maior". Se enviar release (material de divulgação do mandato), sugere a cartilha, não esqueça de colocar telefone de contato e estar sempre localizável. Informações de O Globo.
PT distribui cartilha e pede cuidado com grande imprensa
A nova versão do "Manual do Deputado Petista", destinada aos 88 parlamentares que assumirão o mandato na Câmara em fevereiro, recomenda aos eleitos tomarem cuidado com a grande imprensa, que, segundo a cartilha petista, teria má vontade com o PT e com o governo Lula desde 2003. Mas o livreto, de 51 páginas, faz um alerta ao deputado do partido e recomenda que não polemize com os meios de comunicação: "evite a suposição da existência de conspirações da imprensa contra o Congresso. Não seja corporativista".
Esta é a sexta edição do manual, atualizado a cada nova legislatura. O líder do PT, deputado Fernando Ferro (PE), apresenta o documento como um mapa dos caminhos do Congresso e classifica as dicas como orientações úteis para a bancada.
Em relação à imprensa, o manual do PT afirma que muitas vezes a pauta do repórter já vem "fechada", que é elaborada pela direção do jornal, "o pessoal da retaguarda", caso de editores, coordenadores e diretores de redação. "São quem moldam a forma final da reportagem". Classificam a reportagem como "tese da redação". E sugerem: "não participe ou tente derrubar (a pauta). É preciso ter paciência e resistência".
Partido diz que população nota as manipulações
E concluem que "não é incomum a reportagem discordar da redação". Diz que há uma diferença clara entre o jornalista, apresentado como trabalhador assalariado, e a empresa para a qual trabalha.
Para o PT, não existe informação neutra ou imparcial. "Uma regra é falar pouco, e entrevista, de preferência, gravada. Em caso de off (sem identificação da fonte), passe-o apenas para um repórter. Jamais para dois". O manual recomenda ao deputado portador de alguma notícia que circule pelo Salão Verde, local próximo ao plenário, onde há intensa movimentação de jornalistas. Mas que tome cuidado com o dead line, que é o horário de fechamento dos jornais: "Se tem algo a divulgar, que o faça até as 16h, no máximo até as 17h".
Para o partido, a população está vacinada contra manipulações. A saída é a internet e as redes sociais, que, segundo o livreto, esvaziaram o poder de manipulação da grande imprensa. Os blogs alternativos são um caminho mais direto, "sem o filtro ideológico".
Na TV, diz o manual, é mais difícil colocar o parlamentar em evidência. O tempo disponível é curto e as emissoras entrevistam os mais conhecidos ou seus parlamentares preferidos, que "vendem" mais a notícia. Mas se for dar entrevista para televisões, recomenda-se, antes, fazer um "media training", uma espécie de treino com o assessor de imprensa.
A imprensa regional - conjunto de jornais, rádios e TVs dos estados de origem dos deputados - é citada como fundamental para o contato com as bases desses políticos, seus eleitores. A sugestão é fazer visitas de cortesia às redações. "Mas são veículos que pertencem a grupos políticos locais, muitos deles hostis ao PT".
Tratar bem jornalistas dos pequenos jornais também é outra dica. O PT diz que a profissão é marcada por alta rotatividade. "Vale lembrar que o jornalista que hoje trabalha no pequeno jornal ou na rádio do interior pode, amanhã, ser contratado por um veículo maior". Se enviar release (material de divulgação do mandato), sugere a cartilha, não esqueça de colocar telefone de contato e estar sempre localizável. Informações de O Globo.
ECONOMIA
Dilma vai aceitar concessão privada de aeroportos
Uma das primeiras medidas da presidente Dilma Rousseff quando assumir o Planalto será aceitar a concessão privada de aeroportos. Dilma já bateu o martelo com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre a mudança, informa Ancelmo Gois na edição desta sexta-feira do jornal O Globo.
Jobim já apresentou decreto com modelo que prevê, entre outras coisas, um leque de opções de concessão, entre elas a por outorga, em que o valor pago seria destinado a um fundo para financiar os aeroportos deficitários e as malhas regionais de aviação sob administração do governo.
Nesta semana, o governador do Rio, Sergio Cabral Filho, defendeu a privatização dos aeroportos no Rio para que a cidade possa receber os Jogos Olímpicos de 2016 e a Copa do Mundo em 2014. Cabral classificou o problema dos areoportos como a pedra no sapato da cidade.
Dilma vai aceitar concessão privada de aeroportos
Uma das primeiras medidas da presidente Dilma Rousseff quando assumir o Planalto será aceitar a concessão privada de aeroportos. Dilma já bateu o martelo com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, sobre a mudança, informa Ancelmo Gois na edição desta sexta-feira do jornal O Globo.
Jobim já apresentou decreto com modelo que prevê, entre outras coisas, um leque de opções de concessão, entre elas a por outorga, em que o valor pago seria destinado a um fundo para financiar os aeroportos deficitários e as malhas regionais de aviação sob administração do governo.
Nesta semana, o governador do Rio, Sergio Cabral Filho, defendeu a privatização dos aeroportos no Rio para que a cidade possa receber os Jogos Olímpicos de 2016 e a Copa do Mundo em 2014. Cabral classificou o problema dos areoportos como a pedra no sapato da cidade.
CABO PASSA O
BASTÃO AO DOUTOR
Cabo Patrício, em franca campanha
para eleger-se presidente da Câmara
Legislativa, foi o escolhido para dar
posse a Agnelo Queiroz (PT). Essa
função caberá a ele por ser o único
remanescente da atual Mesa Diretora
do órgão na próxima legislatura.
Resta saber se esse protocolo será
um bom agouro para os seus planos de
ser confirmado no comando da Câmara
Legislativa para os próximos dois anos.
BASTÃO AO DOUTOR
Cabo Patrício, em franca campanha
para eleger-se presidente da Câmara
Legislativa, foi o escolhido para dar
posse a Agnelo Queiroz (PT). Essa
função caberá a ele por ser o único
remanescente da atual Mesa Diretora
do órgão na próxima legislatura.
Resta saber se esse protocolo será
um bom agouro para os seus planos de
ser confirmado no comando da Câmara
Legislativa para os próximos dois anos.
Buriti está pronto para a posse de Agnelo Queiroz
O Palácio do Buriti está pronto para a solenidade de transmissão de cargos, que será realizada no dia 1° após o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) ser empossado na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Na tarde desta quinta-feira (30), o cerimonial do GDF realizou o ensaio-geral para ajustar os últimos detalhes da cerimônia. A coordenadora do cerimonial de transição, Tatiana Magalhães, e o futuro chefe da Casa Militar, coronel Leão, participaram do ensaio.
O evento começará às 11h30. Na ocasião, o governador Rogério Rosso e a vice-governadora, Ivelise Longhi, recepcionarão Agnelo na entrada do Palácio do Buriti para passar a faixa do cargo. Rosso e Agnelo farão um pronunciamento, e na sequência o novo governador assinará o termo de posse dos novos secretários de estados e administradores regionais do Distrito Federal. Ao final da solenidade, Agnelo concederá entrevista à imprensa e depois seguirá para a Praça do Buriti para cumprimentar a população.
Segundo o chefe do cerimonial do GDF, Robson Marques, somente convidados e imprensa credenciada terão acesso ao prédio. “Embora os eventos sejam somente para convidados, a população não vai perder nenhum momento. Vamos disponibilizar telões de led na Praça do Buriti para quem quiser acompanhar a cerimônia. Montamos uma estrutura para garantir conforto e segurança para toda a população. Está todo mundo envolvido para proporcionar uma festa bonita para Brasília e para o novo governador”, garante Marques.
O Palácio estará cercado por seguranças. Secretários e administradores atuais e nomeados, presidentes dos tribunais e profissionais da imprensa devidamente credenciados, entre outros convidados, terão acesso à solenidade. O encerramento está previsto para as 13h30.
Praça do Buriti
O cerimonial do GDF providenciou uma ampla estrutura para quem quiser acompanhar tanto a solenidade de posse quanto a cerimônia de transmissão de cargos. Foram montadas 11 tendas de 12m x 12m no local, e serão disponibilizados dois telões de led. Nove tendas serão destinadas à população. As outras duas estão reservadas para Polícia Civil e Corpo de Bombeiros.
A Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) distribuirá água gratuita, e foram instalados banheiros químicos por toda a praça.
Trânsito alterado
Por volta das 11h, quando Agnelo deve sair da Casa Legislativa rumo ao Palácio do Buriti, o retorno em frente ao Tribunal de Justiça, que dá acesso à sede do Executivo local, será bloqueado para a passagem do comboio. Durante a solenidade de transmissão do cargo, as duas faixas da direita da via N1 serão fechadas.
Fonte: Agência Brasília
O Palácio do Buriti está pronto para a solenidade de transmissão de cargos, que será realizada no dia 1° após o governador eleito Agnelo Queiroz (PT) ser empossado na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Na tarde desta quinta-feira (30), o cerimonial do GDF realizou o ensaio-geral para ajustar os últimos detalhes da cerimônia. A coordenadora do cerimonial de transição, Tatiana Magalhães, e o futuro chefe da Casa Militar, coronel Leão, participaram do ensaio.
O evento começará às 11h30. Na ocasião, o governador Rogério Rosso e a vice-governadora, Ivelise Longhi, recepcionarão Agnelo na entrada do Palácio do Buriti para passar a faixa do cargo. Rosso e Agnelo farão um pronunciamento, e na sequência o novo governador assinará o termo de posse dos novos secretários de estados e administradores regionais do Distrito Federal. Ao final da solenidade, Agnelo concederá entrevista à imprensa e depois seguirá para a Praça do Buriti para cumprimentar a população.
Segundo o chefe do cerimonial do GDF, Robson Marques, somente convidados e imprensa credenciada terão acesso ao prédio. “Embora os eventos sejam somente para convidados, a população não vai perder nenhum momento. Vamos disponibilizar telões de led na Praça do Buriti para quem quiser acompanhar a cerimônia. Montamos uma estrutura para garantir conforto e segurança para toda a população. Está todo mundo envolvido para proporcionar uma festa bonita para Brasília e para o novo governador”, garante Marques.
O Palácio estará cercado por seguranças. Secretários e administradores atuais e nomeados, presidentes dos tribunais e profissionais da imprensa devidamente credenciados, entre outros convidados, terão acesso à solenidade. O encerramento está previsto para as 13h30.
Praça do Buriti
O cerimonial do GDF providenciou uma ampla estrutura para quem quiser acompanhar tanto a solenidade de posse quanto a cerimônia de transmissão de cargos. Foram montadas 11 tendas de 12m x 12m no local, e serão disponibilizados dois telões de led. Nove tendas serão destinadas à população. As outras duas estão reservadas para Polícia Civil e Corpo de Bombeiros.
A Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) distribuirá água gratuita, e foram instalados banheiros químicos por toda a praça.
Trânsito alterado
Por volta das 11h, quando Agnelo deve sair da Casa Legislativa rumo ao Palácio do Buriti, o retorno em frente ao Tribunal de Justiça, que dá acesso à sede do Executivo local, será bloqueado para a passagem do comboio. Durante a solenidade de transmissão do cargo, as duas faixas da direita da via N1 serão fechadas.
Fonte: Agência Brasília
A cerca de 48h da posse de Dilma, últimos detalhes são acertados
Agência Brasil
Publicação: 30/12/2010 14:54 Atualização:
A cerca de 48 horas da posse da presidenta eleita, Dilma Rousseff, os últimos detalhes são acertados. Só para o coquetel no Itamaraty, são esperados 2,5 mil convidados brasileiros e estrangeiros. Os convites nominais foram enviados para todos eles com a orientação para que usem traje passeio ou tradicional e, no caso de militares, o uniforme. No convite, o termo utilizado para se referir a Dilma é “a presidenta”, como ela quer ser chamada.
A expectativa é que ocorra um desfile de roupas típicas de países africanos e muçulmanos. A previsão é que 12 presidentes estrangeiros – principalmente dos países latino-americanos e africanos – compareçam à posse de Dilma. O presidente da Bolívia, Evo Morales, informou que chegará em cima da hora para a posse em 1º de janeiro, assim como o presidente do Uruguai, José Mujica.
Por motivos de segurança, a Embaixada dos Estados Unidos não detalha a chegada da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. No caso dos países parlamentaristas, o destaque na política é para quem ocupa o cargo de primeiro-ministro. Pelo menos dez primeiros-ministros confirmaram que virão a Brasília e dois ex-ministros (Japão e Sri Lanka) também informaram que estarão na cidade para a posse.
Para confeccionar o convite, o Itamaraty optou pela sobriedade e simplicidade. A lista de convidados foi expedida pelas equipes de transição de Dilma com o apoio do atual governo.
O príncipe Felipe de Borbón (da Espanha) também deve ter um lugar de destaque entre os convidados estrangeiros. A última cerimônia de posse a que ele compareceu foi em março, no Chile, do presidente Sebastián Piñera. Na ocasião, o príncipe e todos os presentes ao evento sofreram um susto pois foram registrados dois tremores de terra no país durante a cerimônia.
No fim da tarde desta quinta-feira (30/12), às 17h, Dilma se reúne com o primeiro-ministro da Bulgária, Boyko Medtodiev Borisov. Filha do búlgaro Petar Rusev (que virou Rousseff no Brasil), a presidenta indica que o país de suas origens integrará os temas da política externa nacional na sua gestão. Para os búlgaros, basta ela ser filha de um cidadão do país para ser considerada também búlgara.
Agência Brasil
Publicação: 30/12/2010 14:54 Atualização:
A cerca de 48 horas da posse da presidenta eleita, Dilma Rousseff, os últimos detalhes são acertados. Só para o coquetel no Itamaraty, são esperados 2,5 mil convidados brasileiros e estrangeiros. Os convites nominais foram enviados para todos eles com a orientação para que usem traje passeio ou tradicional e, no caso de militares, o uniforme. No convite, o termo utilizado para se referir a Dilma é “a presidenta”, como ela quer ser chamada.
A expectativa é que ocorra um desfile de roupas típicas de países africanos e muçulmanos. A previsão é que 12 presidentes estrangeiros – principalmente dos países latino-americanos e africanos – compareçam à posse de Dilma. O presidente da Bolívia, Evo Morales, informou que chegará em cima da hora para a posse em 1º de janeiro, assim como o presidente do Uruguai, José Mujica.
Por motivos de segurança, a Embaixada dos Estados Unidos não detalha a chegada da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. No caso dos países parlamentaristas, o destaque na política é para quem ocupa o cargo de primeiro-ministro. Pelo menos dez primeiros-ministros confirmaram que virão a Brasília e dois ex-ministros (Japão e Sri Lanka) também informaram que estarão na cidade para a posse.
Para confeccionar o convite, o Itamaraty optou pela sobriedade e simplicidade. A lista de convidados foi expedida pelas equipes de transição de Dilma com o apoio do atual governo.
O príncipe Felipe de Borbón (da Espanha) também deve ter um lugar de destaque entre os convidados estrangeiros. A última cerimônia de posse a que ele compareceu foi em março, no Chile, do presidente Sebastián Piñera. Na ocasião, o príncipe e todos os presentes ao evento sofreram um susto pois foram registrados dois tremores de terra no país durante a cerimônia.
No fim da tarde desta quinta-feira (30/12), às 17h, Dilma se reúne com o primeiro-ministro da Bulgária, Boyko Medtodiev Borisov. Filha do búlgaro Petar Rusev (que virou Rousseff no Brasil), a presidenta indica que o país de suas origens integrará os temas da política externa nacional na sua gestão. Para os búlgaros, basta ela ser filha de um cidadão do país para ser considerada também búlgara.
Visual que Dilma assumirá como presidente ainda é uma incógnita
A presidente eleita nunca teve a vaidade como uma de suas prioridades, mas viu-se obrigada a remodelar o rosto e o cabelo na campanha. Depois de empossada, o desafio será definir um estilo que corresponda à importância do cargo
Olívia Meireles
Publicação: 31/12/2010 08:00 Atualização:
[FOTO1]Eleita pela revista Forbes uma das três mulheres mais poderosas do mundo, a presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, já se tornou uma imagem reconhecida globalmente. Uma mudança drástica se comparada à trajetória dessa senhora de 63 anos até 2008. Naquela época, ela era uma ministra de características técnicas com pretensões políticas — se é que existiam — muito mais modestas.
Nos últimos dois anos, Dilma teve de ser repensada como candidata. Não apenas politicamente. Visualmente também. Agora, a 24 horas da posse, ela deve passar por nova transformação — aquela que cabe à presidente do país mais importante da América Latina. O “new look de candidata” — como definiu o governador eleito do Acre, Tião Viana (PT) — está longe de ser unanimidade. E o dilema é saber como a ministra pouco apegada à vaidade vai se vestir a partir de amanhã, na condição de uma das mulheres mais poderosas do mundo.
O que se convencionou como “imagem pública” certamente não estava nas prioridades de Dilma. O anúncio da candidatura a obrigou a encarnar uma série de mudanças. A fama de brava, por exemplo, foi suavizada na marra. Para resolver o problema, primeiro ela tirou os óculos e fez plástica para atenuar as linhas de expressão. Em seguida, emagreceu para ficar mais elegante. O cabelo começou a mudar quando ela precisou passar por um tratamento contra o câncer, até que ela os clareou e os penteou para trás. Tudo em etapas, para que o público não estranhasse.
Dilma, no entanto, modificou nada — ou quase nada — na maneira como se veste. Continua optando por ternos apagados, que pecam não só por falta de grife, mas também por falta de personalidade. As cores que ela escolhe são básicas: azul, vermelho, creme, preto e cinza. E o principal problema: por alguma razão, os tamanhos das peças são sempre maiores que seu corpo. “Nunca se espera surpresas quando a presidente se arruma. Nem na cor da roupa e muito menos no modelo”, analisa Andreia Miron consultora de moda e professora da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo.
A falta de um profissional para auxiliar Dilma a se vestir fez diferença na hora de criar a imagem política. “Parece que são duas pessoas diferentes. Do pescoço para cima, onde a presidente contou com uma ajuda profissional, ela é uma mulher superelegante. Do pescoço para baixo, ela parece alguém lutando para definir um estilo. Ela já é clássica, agora tem que aprender a ser elegante”, analisa Cleuza Ferreira, empresária da moda em Brasília.
Até na Vogue
A imagem de Dilma Rousseff causa tanta intriga no mundo que até a Vogue Itália dedicou um artigo exclusivo para o guarda-roupa da futura presidente brasileira. A jornalisa Alice Capieghi analisa o passado de guerrilheira de Dilma e o compara com os ternos clássicos que ela usa hoje em dia. A publicação tenta avaliar como uma mulher dessa idade, que não é muito bonita,consegue conquistar um país inteiro em uma era que a política virou sinônimo de imagem. “Qual a mensagem que Dilma está querendo passar para um mundo obcecado com imagem?”, indagam.
A equipe dela até tentou reverter o cenário. No início da campanha foi montado um quadro de referências com imagem de várias mulheres que estiveram em posições de poder. Estavam lá fotos de Michelle Obama, Carla Bruni e Hillary Clinton. Dilma, porém, nunca deu atenção à pesquisa. Não achava que o tema tinha importância, e até hoje ela demonstra um certo incômodo quando se aborda, na imprensa, o estilo (ou a busca dele).
Durante a campanha, até houve uma tentativa de reverter esse quadro considerado problemático pelos marqueteiros. O exemplo era a primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, que conquistou o eleitorado quando começou a fazer referências à moda e à criação dos filhos em programas femininos. A equipe de Dilma acertou com Alexandre Herchcovitch, o maior estilista nacional, para que ele fosse consultor de estilo durante a campanha. A ideia era montar um apelo visual com roupas de outros estilistas e criações próprias. Semanas depois do anúncio, a dupla comunicou que a parceria nunca foi concretizada por incompatibilidade de agendas.
Rumores, no entanto, indicam que Dilma não teria aceitado os pitacos mais modernos de Herchcovitch. E ele não abriu mão de desenhar roupas com as características arrojadas do seu trabalho. “Ela ainda não acertou o estilo. Mas eu acredito que até o fim do mandato, vai perceber que é um modelo feminino e a sua figura é importante. Se ela quiser, ainda pode surpreender com as roupas”, acredita Cleuza Ferreira.
COM POTENCIAL
Kelly
Em julho do ano passado, quando a candidatura à Presidência ainda estava na categoria “rumores”, Dilma surgiu com uma bolsa Kelly, da Hermés. Nenhum problema, se a peça não custasse, em média, R$ 20 mil. Logo, ela correu para desmentir que não se tratava de um modelo original — teoricamente, era uma cópia comprada em uma lojinha na Itália.
[FOTO2]Cores
Difícil ver Dilma em cores que não sejam azul ou vermelho. A peça não foi unanimidade, mas causou surpresa: um azul chamativo com rendas roxas, na diplomação, há duas semanas. O modelo foi criado por Luísa Standlander, a mesma estilista que desenhou o tailleur branco off-white que ela vai usar na posse.
Crocs
No gabinete, Dilma busca o clássico. Pérolas, terninhos e sapatos tipo chanel. Em casa, naturalmente, ela é um pouco mais descontraída. Pouco antes do primeiro turno, apareceu de Crocs, um sapato canadense emborrachado, que gera amor e ódio entre os apaixonados por moda. Para completar, ela combinou a peça com modernos óculos escuros.
O poder e a indústria
Embora seja óbvio que chefe de Estado tem uma função e primeira-dama, outra, completamente diferente, quando o assunto é estilo, é praticamente impossível não compará-las. E apesar de moda não ser — mesmo — o assunto mais importante do cargo, é natural notar o que essas mulheres usam. “Por mais estranho que pareça, faz parte do trabalho delas impulsionar a indústria da moda. Mulheres poderosas usando roupas brasileiras é uma maneira de ajudar o consumo e a valorização indústria têxtil nacional. Todo mundo fica curioso para saber o que elas estão usando”, argumenta Cleuza Ferreira, empresária de moda.
Nos Estados Unidos, a primeira-dama, Michelle Obama, é conhecida pelo seu estilo. Ela mistura peças de roupas baratas com as de jovens estilistas. Durante a campanha de Barack Obama, o tema foi explorado em suas entrevistas, para tirar a fama de durona. Ela já chegou a ter 76% de aprovação popular, número maior que o do marido. A fama de ícone fashion rendeu mais de US$ 2,7 bilhões de dólares para as 29 empresas que Michelle já foi vista usando roupas por aí. No Brasil, ninguém conseguiu igualar a primeira-dama americana. Mas não é por isso que Dilma deixa de gerar menos expectativa. “Não adianta fugir desse papel. Dilma é uma imagem pública internacional. Cabe a ela saber como vai representar o povo e a moda brasileira no mundo”, conclui a consultora de moda e professora da Faculdade Santa Marcelina Andréia Miron. (OM)
A presidente eleita nunca teve a vaidade como uma de suas prioridades, mas viu-se obrigada a remodelar o rosto e o cabelo na campanha. Depois de empossada, o desafio será definir um estilo que corresponda à importância do cargo
Olívia Meireles
Publicação: 31/12/2010 08:00 Atualização:
[FOTO1]Eleita pela revista Forbes uma das três mulheres mais poderosas do mundo, a presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, já se tornou uma imagem reconhecida globalmente. Uma mudança drástica se comparada à trajetória dessa senhora de 63 anos até 2008. Naquela época, ela era uma ministra de características técnicas com pretensões políticas — se é que existiam — muito mais modestas.
Nos últimos dois anos, Dilma teve de ser repensada como candidata. Não apenas politicamente. Visualmente também. Agora, a 24 horas da posse, ela deve passar por nova transformação — aquela que cabe à presidente do país mais importante da América Latina. O “new look de candidata” — como definiu o governador eleito do Acre, Tião Viana (PT) — está longe de ser unanimidade. E o dilema é saber como a ministra pouco apegada à vaidade vai se vestir a partir de amanhã, na condição de uma das mulheres mais poderosas do mundo.
O que se convencionou como “imagem pública” certamente não estava nas prioridades de Dilma. O anúncio da candidatura a obrigou a encarnar uma série de mudanças. A fama de brava, por exemplo, foi suavizada na marra. Para resolver o problema, primeiro ela tirou os óculos e fez plástica para atenuar as linhas de expressão. Em seguida, emagreceu para ficar mais elegante. O cabelo começou a mudar quando ela precisou passar por um tratamento contra o câncer, até que ela os clareou e os penteou para trás. Tudo em etapas, para que o público não estranhasse.
Dilma, no entanto, modificou nada — ou quase nada — na maneira como se veste. Continua optando por ternos apagados, que pecam não só por falta de grife, mas também por falta de personalidade. As cores que ela escolhe são básicas: azul, vermelho, creme, preto e cinza. E o principal problema: por alguma razão, os tamanhos das peças são sempre maiores que seu corpo. “Nunca se espera surpresas quando a presidente se arruma. Nem na cor da roupa e muito menos no modelo”, analisa Andreia Miron consultora de moda e professora da Faculdade Santa Marcelina, em São Paulo.
A falta de um profissional para auxiliar Dilma a se vestir fez diferença na hora de criar a imagem política. “Parece que são duas pessoas diferentes. Do pescoço para cima, onde a presidente contou com uma ajuda profissional, ela é uma mulher superelegante. Do pescoço para baixo, ela parece alguém lutando para definir um estilo. Ela já é clássica, agora tem que aprender a ser elegante”, analisa Cleuza Ferreira, empresária da moda em Brasília.
Até na Vogue
A imagem de Dilma Rousseff causa tanta intriga no mundo que até a Vogue Itália dedicou um artigo exclusivo para o guarda-roupa da futura presidente brasileira. A jornalisa Alice Capieghi analisa o passado de guerrilheira de Dilma e o compara com os ternos clássicos que ela usa hoje em dia. A publicação tenta avaliar como uma mulher dessa idade, que não é muito bonita,consegue conquistar um país inteiro em uma era que a política virou sinônimo de imagem. “Qual a mensagem que Dilma está querendo passar para um mundo obcecado com imagem?”, indagam.
A equipe dela até tentou reverter o cenário. No início da campanha foi montado um quadro de referências com imagem de várias mulheres que estiveram em posições de poder. Estavam lá fotos de Michelle Obama, Carla Bruni e Hillary Clinton. Dilma, porém, nunca deu atenção à pesquisa. Não achava que o tema tinha importância, e até hoje ela demonstra um certo incômodo quando se aborda, na imprensa, o estilo (ou a busca dele).
Durante a campanha, até houve uma tentativa de reverter esse quadro considerado problemático pelos marqueteiros. O exemplo era a primeira-dama norte-americana, Michelle Obama, que conquistou o eleitorado quando começou a fazer referências à moda e à criação dos filhos em programas femininos. A equipe de Dilma acertou com Alexandre Herchcovitch, o maior estilista nacional, para que ele fosse consultor de estilo durante a campanha. A ideia era montar um apelo visual com roupas de outros estilistas e criações próprias. Semanas depois do anúncio, a dupla comunicou que a parceria nunca foi concretizada por incompatibilidade de agendas.
Rumores, no entanto, indicam que Dilma não teria aceitado os pitacos mais modernos de Herchcovitch. E ele não abriu mão de desenhar roupas com as características arrojadas do seu trabalho. “Ela ainda não acertou o estilo. Mas eu acredito que até o fim do mandato, vai perceber que é um modelo feminino e a sua figura é importante. Se ela quiser, ainda pode surpreender com as roupas”, acredita Cleuza Ferreira.
COM POTENCIAL
Kelly
Em julho do ano passado, quando a candidatura à Presidência ainda estava na categoria “rumores”, Dilma surgiu com uma bolsa Kelly, da Hermés. Nenhum problema, se a peça não custasse, em média, R$ 20 mil. Logo, ela correu para desmentir que não se tratava de um modelo original — teoricamente, era uma cópia comprada em uma lojinha na Itália.
[FOTO2]Cores
Difícil ver Dilma em cores que não sejam azul ou vermelho. A peça não foi unanimidade, mas causou surpresa: um azul chamativo com rendas roxas, na diplomação, há duas semanas. O modelo foi criado por Luísa Standlander, a mesma estilista que desenhou o tailleur branco off-white que ela vai usar na posse.
Crocs
No gabinete, Dilma busca o clássico. Pérolas, terninhos e sapatos tipo chanel. Em casa, naturalmente, ela é um pouco mais descontraída. Pouco antes do primeiro turno, apareceu de Crocs, um sapato canadense emborrachado, que gera amor e ódio entre os apaixonados por moda. Para completar, ela combinou a peça com modernos óculos escuros.
O poder e a indústria
Embora seja óbvio que chefe de Estado tem uma função e primeira-dama, outra, completamente diferente, quando o assunto é estilo, é praticamente impossível não compará-las. E apesar de moda não ser — mesmo — o assunto mais importante do cargo, é natural notar o que essas mulheres usam. “Por mais estranho que pareça, faz parte do trabalho delas impulsionar a indústria da moda. Mulheres poderosas usando roupas brasileiras é uma maneira de ajudar o consumo e a valorização indústria têxtil nacional. Todo mundo fica curioso para saber o que elas estão usando”, argumenta Cleuza Ferreira, empresária de moda.
Nos Estados Unidos, a primeira-dama, Michelle Obama, é conhecida pelo seu estilo. Ela mistura peças de roupas baratas com as de jovens estilistas. Durante a campanha de Barack Obama, o tema foi explorado em suas entrevistas, para tirar a fama de durona. Ela já chegou a ter 76% de aprovação popular, número maior que o do marido. A fama de ícone fashion rendeu mais de US$ 2,7 bilhões de dólares para as 29 empresas que Michelle já foi vista usando roupas por aí. No Brasil, ninguém conseguiu igualar a primeira-dama americana. Mas não é por isso que Dilma deixa de gerar menos expectativa. “Não adianta fugir desse papel. Dilma é uma imagem pública internacional. Cabe a ela saber como vai representar o povo e a moda brasileira no mundo”, conclui a consultora de moda e professora da Faculdade Santa Marcelina Andréia Miron. (OM)
Ensaio da posse de Dilma teve simulação de tiroteio e emboscada
Ensaios de emboscada e de tiroteio fizeram parte do último treinamento dos policiais que cuidarão da segurança de Dilma durante a posse
Alana Rizzo
Publicação: 31/12/2010 08:00 Atualização:
O último treinamento da equipe de segurança e inteligência da posse presidencial deixou de fora os militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O ensaio reuniu apenas policiais federais envolvidos diretamente na escolta da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). As corporações disputam nos bastidores a competência pelo trabalho. Durante quase três horas, os agentes simularam o trajeto de aproximadamente dois quilômetros da Catedral, quando o comboio vindo da Granja do Torto trocará o carro fechado pelo Rolls Royce, até o Senado. Seis mulheres — três de cada lado — acompanharão o percurso a pé. As agentes precisarão correr a uma velocidade de aproximadamente 15km/h. Vinte agentes homens — 10 de cada lado — completarão a segurança aproximada de Dilma. Foram feitos também ensaios de emboscadas, tiros e resgates aéreos com uma dublê da presidente eleita. Ao todo, 70 policiais federais vão trabalhar nesse grupo.
A equipe destacada há seis meses — desde o início das eleições — para a segurança de Dilma é especializada em segurança de dignitários (autoridades). Todos já trabalharam em visitas de grandes líderes internacionais ao país, como o Papa Bento XVI, o presidente israelense Shimon Peres, e a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton. Mesmo em treinamento, a tensão dos policiais é visível. Para a equipe, a imagem do país está em jogo.
Falhas anteriores
Em 2003, a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou transparecer falhas na segurança. As ruas de Brasília estavam tomadas por uma multidão e a equipe não conseguiu conter alguns militantes. Um admirador conseguiu romper o cordão de isolamento e se agarrou no pescoço de Lula, quase derrubando o presidente. Um outro manifestante subiu a rampa do Palácio do Planalto para tirar uma foto. Desta vez, grades serão instaladas na Esplanada dos Ministérios para separar a comitiva da presidente eleita do público que acompanhará o desfile.
A Polícia Federal é responsável pela proteção de Dilma da residência oficial até o Congresso, contrariando anos anteriores em que essa competência coube ao GSI. Os militares ficaram insatisfeitos com a decisão tomada pela própria presidente e disputam nos bastidores mais poder.
Neste ano, os Dragões da Independência e as motocicletas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ficarão à frente do carro da presidente eleita. Nas posses anteriores, tanto os cavalos como as motos percorreram o trajeto ao lado do veículo oficial. A decisão desagradou o GSI. A PF defende que a alteração foi feita para garantir mais visibilidade dos militantes e a segurança de Dilma.
Plateia nacional
A posse da primeira presidenta da República da história do país deverá atrair cerca de 20 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios amanhã. Apesar de a expectativa ser bem menor do que a registrada nas festividades para o presidente Lula em 2003, que levaram cerca de 70 mil pessoas ao centro de Brasília, o evento de 1º de janeiro de 2011 promete. “É um momento histórico, né? Eu vim à posse do Lula em 2007 e apertei a mão dele duas vezes na Praça dos Três Poderes depois que ele discursou no parlatório. Agora, vou de novo com a família para ver a Dilma Rousseff”, afirma o comerciante paranaense Antonio Carlos Berbel, 55 anos, que chegou de Rolândia (PR) com a mulher, na última quinta-feira, para visitar a filha e a neta e ir à Esplanada.
Mesmo se chover — e a previsão do tempo indica 90% de chance de tempo nublado com pancadas de chuva —, o eleitor de Dilma pretende marcar presença para ver as solenidades de mudança de governo a partir das 13h30. “Pode fazer o tempo que for, estaremos lá. Vou levar a minha neta de três anos, que nasceu aqui em Brasília, para presenciar esse momento. Minha sogra, que também apertou a mão do Lula em 2007, vai junto”, conta o paranaense, que viajou 1,1 mil quilômetros de carro e recepcionou, ontem, na rodoviária, o resto da família, que veio a Brasília de ônibus.
A partir das 10 horas, várias apresentações deverão ser realizadas na Esplanada e na Praça dos Três Poderes, com entrada franca. “Esperamos ver a Esplanada cheia para prestigiar a posse da primeira mulher eleita presidente do país. Sem dúvida, esse momento estará registrado nos livros de história que minha neta lerá na escola. Espero que a Dilma melhore a qualidade do ensino público brasileiro”, afirma a professora de educação especial Juracides Berbel, mulher de Antonio.
Garçons da posse
Cerca de 3 mil convidados prestigiarão a festa de posse de Dilma e Michel Temer no fim do dia, no Palácio do Itamaraty. Os cearenses João Alberto e Renato Siqueira, irmãos e eleitores da petista, estarão lá. Eles são garçons há mais de 20 anos e fazem parte da extensa lista de profissionais que estarão de serviço em 1º de janeiro. “Eu acho que vai ser muito bom, tudo da melhor maneira possível. Votei na Dilma porque acho que ela vai dar continuidade ao que o Lula fez. A expectativa é boa”, diz João Alberto.
A mulher de Francisco Renato também espera que a petista faça um bom governo, apesar de não ter votado nela, e se orgulha de ver o marido trabalhando na posse. “Chique, né?”, diz.
Mais nomes divulgados
» Tiago Pariz
O futuro ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, indicou ontem o petista Wagner Pinheiro para chefiar os Correios, substituindo Davi José Matos. Pinheiro preside a Petros, fundo de pensão da Petrobras. A decisão diminui ainda mais o espaço do PMDB no governo Dilma. O partido reduziu o volume orçamentário de ministérios que administrará a partir de janeiro. E, agora, começa a perder postos chaves das estatais.
Matos é uma indicação do partido e tem como padrinho político o vice-governador eleito do DF, Tadeu Fillipelli, e o senador Gim Argello (PTB-DF). Pinheiro é economista e comandou a Petros durante todo o mandato de Lula. Além dos Correios, o PMDB perderá o comando da Secretaria de Atenção à Saúde e da Eletrobras.
Já o futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nomeou ontem a advogada Maria Filomena De Luca Miki para a Secretaria Nacional de Segurança Pública e o a-tual presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão Pires Junior, para a Secretaria Nacional de Justiça. O atual secretário de Assuntos Legislativos, Pedro Abramovay, chefiará a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Vinícius Marques de Carvalho, que é conselheiro do Cade, foi nomeado para a Secretaria de Direito Econômico.
O ROTEIRO DA CERIMÔNIA
14h30
» Dilma e Temer embarcam em carros abertos na Catedral e seguem, escoltados por batedores e pela cavalaria do Batalhão da Guarda Presidencial, até a rampa do Congresso Nacional.
» No Congresso, Dilma e Temer são recebidos por José Sarney, presidente do Senado, e seguem para o plenário da Câmara dos Deputados.
» Do plenário, Dilma e Temer seguem para a rampa principal na área externa, onde será executado o Hino Nacional pela banda do Batalhão da Guarda Presidencial, com salva de 21 tiros.
» Depois, os dois partem, em carro aberto, para o Palácio do Planalto.
16h30
» Dilma e Temer sobem a rampa do Planalto, são recebidos pelo presidente Lula na área interna e seguem ao parlatório para a cerimônia de passagem da faixa presidencial. Lula passa a faixa a Dilma Rousseff e todos voltam ao interior do palácio para os cumprimentos das delegações estrangeiras.
» Após essa cerimônia, Dilma acompanha o presidente Lula até o alto da rampa e, de lá, se despede do já ex-presidente. Dilma retorna, então, ao parlatório, onde fará o seu pronunciamento. Em seguida, retorna ao interior do palácio e, no Salão Nobre, dá posse ao seu ministério.
18h30
» Dilma e Temer participam de um coquetel no Itamaraty para 2 mil pessoas.
* Em caso de chuva, as cerimônias da rampa e do parlatório serão canceladas. Tudo ocorrerá no interior do Palácio do Planalto.
Ensaios de emboscada e de tiroteio fizeram parte do último treinamento dos policiais que cuidarão da segurança de Dilma durante a posse
Alana Rizzo
Publicação: 31/12/2010 08:00 Atualização:
O último treinamento da equipe de segurança e inteligência da posse presidencial deixou de fora os militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O ensaio reuniu apenas policiais federais envolvidos diretamente na escolta da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). As corporações disputam nos bastidores a competência pelo trabalho. Durante quase três horas, os agentes simularam o trajeto de aproximadamente dois quilômetros da Catedral, quando o comboio vindo da Granja do Torto trocará o carro fechado pelo Rolls Royce, até o Senado. Seis mulheres — três de cada lado — acompanharão o percurso a pé. As agentes precisarão correr a uma velocidade de aproximadamente 15km/h. Vinte agentes homens — 10 de cada lado — completarão a segurança aproximada de Dilma. Foram feitos também ensaios de emboscadas, tiros e resgates aéreos com uma dublê da presidente eleita. Ao todo, 70 policiais federais vão trabalhar nesse grupo.
A equipe destacada há seis meses — desde o início das eleições — para a segurança de Dilma é especializada em segurança de dignitários (autoridades). Todos já trabalharam em visitas de grandes líderes internacionais ao país, como o Papa Bento XVI, o presidente israelense Shimon Peres, e a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton. Mesmo em treinamento, a tensão dos policiais é visível. Para a equipe, a imagem do país está em jogo.
Falhas anteriores
Em 2003, a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou transparecer falhas na segurança. As ruas de Brasília estavam tomadas por uma multidão e a equipe não conseguiu conter alguns militantes. Um admirador conseguiu romper o cordão de isolamento e se agarrou no pescoço de Lula, quase derrubando o presidente. Um outro manifestante subiu a rampa do Palácio do Planalto para tirar uma foto. Desta vez, grades serão instaladas na Esplanada dos Ministérios para separar a comitiva da presidente eleita do público que acompanhará o desfile.
A Polícia Federal é responsável pela proteção de Dilma da residência oficial até o Congresso, contrariando anos anteriores em que essa competência coube ao GSI. Os militares ficaram insatisfeitos com a decisão tomada pela própria presidente e disputam nos bastidores mais poder.
Neste ano, os Dragões da Independência e as motocicletas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ficarão à frente do carro da presidente eleita. Nas posses anteriores, tanto os cavalos como as motos percorreram o trajeto ao lado do veículo oficial. A decisão desagradou o GSI. A PF defende que a alteração foi feita para garantir mais visibilidade dos militantes e a segurança de Dilma.
Plateia nacional
A posse da primeira presidenta da República da história do país deverá atrair cerca de 20 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios amanhã. Apesar de a expectativa ser bem menor do que a registrada nas festividades para o presidente Lula em 2003, que levaram cerca de 70 mil pessoas ao centro de Brasília, o evento de 1º de janeiro de 2011 promete. “É um momento histórico, né? Eu vim à posse do Lula em 2007 e apertei a mão dele duas vezes na Praça dos Três Poderes depois que ele discursou no parlatório. Agora, vou de novo com a família para ver a Dilma Rousseff”, afirma o comerciante paranaense Antonio Carlos Berbel, 55 anos, que chegou de Rolândia (PR) com a mulher, na última quinta-feira, para visitar a filha e a neta e ir à Esplanada.
Mesmo se chover — e a previsão do tempo indica 90% de chance de tempo nublado com pancadas de chuva —, o eleitor de Dilma pretende marcar presença para ver as solenidades de mudança de governo a partir das 13h30. “Pode fazer o tempo que for, estaremos lá. Vou levar a minha neta de três anos, que nasceu aqui em Brasília, para presenciar esse momento. Minha sogra, que também apertou a mão do Lula em 2007, vai junto”, conta o paranaense, que viajou 1,1 mil quilômetros de carro e recepcionou, ontem, na rodoviária, o resto da família, que veio a Brasília de ônibus.
A partir das 10 horas, várias apresentações deverão ser realizadas na Esplanada e na Praça dos Três Poderes, com entrada franca. “Esperamos ver a Esplanada cheia para prestigiar a posse da primeira mulher eleita presidente do país. Sem dúvida, esse momento estará registrado nos livros de história que minha neta lerá na escola. Espero que a Dilma melhore a qualidade do ensino público brasileiro”, afirma a professora de educação especial Juracides Berbel, mulher de Antonio.
Garçons da posse
Cerca de 3 mil convidados prestigiarão a festa de posse de Dilma e Michel Temer no fim do dia, no Palácio do Itamaraty. Os cearenses João Alberto e Renato Siqueira, irmãos e eleitores da petista, estarão lá. Eles são garçons há mais de 20 anos e fazem parte da extensa lista de profissionais que estarão de serviço em 1º de janeiro. “Eu acho que vai ser muito bom, tudo da melhor maneira possível. Votei na Dilma porque acho que ela vai dar continuidade ao que o Lula fez. A expectativa é boa”, diz João Alberto.
A mulher de Francisco Renato também espera que a petista faça um bom governo, apesar de não ter votado nela, e se orgulha de ver o marido trabalhando na posse. “Chique, né?”, diz.
Mais nomes divulgados
» Tiago Pariz
O futuro ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, indicou ontem o petista Wagner Pinheiro para chefiar os Correios, substituindo Davi José Matos. Pinheiro preside a Petros, fundo de pensão da Petrobras. A decisão diminui ainda mais o espaço do PMDB no governo Dilma. O partido reduziu o volume orçamentário de ministérios que administrará a partir de janeiro. E, agora, começa a perder postos chaves das estatais.
Matos é uma indicação do partido e tem como padrinho político o vice-governador eleito do DF, Tadeu Fillipelli, e o senador Gim Argello (PTB-DF). Pinheiro é economista e comandou a Petros durante todo o mandato de Lula. Além dos Correios, o PMDB perderá o comando da Secretaria de Atenção à Saúde e da Eletrobras.
Já o futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nomeou ontem a advogada Maria Filomena De Luca Miki para a Secretaria Nacional de Segurança Pública e o a-tual presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão Pires Junior, para a Secretaria Nacional de Justiça. O atual secretário de Assuntos Legislativos, Pedro Abramovay, chefiará a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Vinícius Marques de Carvalho, que é conselheiro do Cade, foi nomeado para a Secretaria de Direito Econômico.
O ROTEIRO DA CERIMÔNIA
14h30
» Dilma e Temer embarcam em carros abertos na Catedral e seguem, escoltados por batedores e pela cavalaria do Batalhão da Guarda Presidencial, até a rampa do Congresso Nacional.
» No Congresso, Dilma e Temer são recebidos por José Sarney, presidente do Senado, e seguem para o plenário da Câmara dos Deputados.
» Do plenário, Dilma e Temer seguem para a rampa principal na área externa, onde será executado o Hino Nacional pela banda do Batalhão da Guarda Presidencial, com salva de 21 tiros.
» Depois, os dois partem, em carro aberto, para o Palácio do Planalto.
16h30
» Dilma e Temer sobem a rampa do Planalto, são recebidos pelo presidente Lula na área interna e seguem ao parlatório para a cerimônia de passagem da faixa presidencial. Lula passa a faixa a Dilma Rousseff e todos voltam ao interior do palácio para os cumprimentos das delegações estrangeiras.
» Após essa cerimônia, Dilma acompanha o presidente Lula até o alto da rampa e, de lá, se despede do já ex-presidente. Dilma retorna, então, ao parlatório, onde fará o seu pronunciamento. Em seguida, retorna ao interior do palácio e, no Salão Nobre, dá posse ao seu ministério.
18h30
» Dilma e Temer participam de um coquetel no Itamaraty para 2 mil pessoas.
* Em caso de chuva, as cerimônias da rampa e do parlatório serão canceladas. Tudo ocorrerá no interior do Palácio do Planalto.
Assinar:
Postagens (Atom)