DO JORNAL OPÇÃO
Agnelo e o fantasma dos “cristãos novos”
filippelli2010.com.br
Nos bons tempos da campanha, Agnelo Queiroz era cercado pelos senadores eleitos Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB), o vice Tadeu Filippelli (PMDB) e o deputado distrital Chico Vigilante (PT)
Quando o presidente Lula da Silva começou a sinalizar sua preferência pela ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a reação interna no PT foi mais ou menos esperada. Liderança como o governador eleito do Rio Grande Sul e então ministro da Justiça Tarso Genro chegou a se afirmar pré-candidato e a aventar a ideia de levar a discussão para as prévias da sigla. Entre as questiúnculas colocadas na época, a mais repetida era a de que Dilma era “cristã nova” no PT, já que havia se filiado à legenda apenas um anos antes da eleição da primeira eleição de Lula. Com o tempo, no entanto, o presidente mais popular da história deste país conseguiu aparar as arestas e seu projeto se consolidou.
A refrega intestina enfrentada pela presidente eleita foi lembrada na semana passada, quando setores do PT do Distrito Federal levantaram a voz para reclamar da formação do governo de Agnelo Queiroz. A corrente majoritária da legenda, a Articulação (a mesma de Lula), reclama que o governador eleito não prestigiou o seu partido na divisão das principais áreas da administração. E o que se comentou nos bastidores? Exatamente a história de que Agnelo, ex-quadro do PC do B e filiado ao PT especialmente para concorrer ao GDF, é um “cristão novo”. Para esses observadores, Agnelo não reconhece a história e a importância de cada uma das alas petistas.
Intrigas internas e dificuldades para amarrar o consenso sempre foram corriqueiras no PT. A falação havia começado nos primeiros momentos deste período de transição quando foram percebidos vários sinais de ciúmes quanto à participação de outras siglas, especialmente do PMDB. Desta vez, no entanto, o descontentamento foi rasgado em praça pública e ganhou espaço no noticiário. Interlocutores do PT, que, semanas antes, mostravam-se contidos, agora soltam o verbo em cima do novo governador. Um deles é o deputado distrital Chico Vigilante, líder da Articulação no DF. Ele foi um dos primeiros entusiastas do projeto Agnelo – inclusive participou da célebre reunião na Granja do Torto, quando Lula articulou a saída de Agnelo do PC do B para criar uma alternativa eleitoral para o PT em Brasília.
Vigilante, nas semanas que se seguiram à vitória do petista, dava entrevistas dizendo que o PT não estava preocupado com espaços ou cargos na administração. “Para Brasília, o mais importante deste governo é o resgate da ética”, dizia ele, quando indagado sobre a divisão do governo. Na semana passada, o discurso era bem diferente. Ele chegou a dizer que “o PT foi alijado do poder”. A birra é com relação ao chamado “núcleo duro do poder”, as pastas que reúnem o maior cacife político, como a Secretaria de Governo e área de Infraestrutura. Para Vigilante, do jeito que Agnelo articulou as forças políticas, “este governo não dura três meses”. Certo ou não, o prognóstico do deputado passa a assombrar o governador petista, que tem apenas mais alguns dias para organizar o time antes do jogo começar de verdade.
Da redação Blog em 27/12/2010 07:26:08
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