quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Queda do desemprego foi um dos grandes destaques do governo Lula






Marcelo da Fonseca



Publicação: 29/12/2010 08:15 Atualização: 29/12/2010 08:51



A área do emprego foi um dos grandes destaques do governo Lula. Em 2002, a taxa de desocupação nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrava 12,6%, aproximadamente oito milhões de pessoas com mais de 15 anos sem trabalho. Em 2010, Lula deixará o Palácio do Planalto com uma taxa de desemprego inferior a 7%, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego divulgada neste mês. “São estatísticas significativas, com uma redução inédita na história do Brasil. O governo Lula foi o melhor da história em relação à geração de empregos”, afirma Frederico Jayme, coordenador do curso de pós-graduação em economia da UFMG.



O sucesso não veio de uma ora para outra. No início do governo, Lula não conseguiu emplacar o programa que anunciou na campanha presidencial de 2002. O Primeiro Emprego foi lançado em junho de 2003, como a segunda prioridade do governo federal, atrás apenas do Fome Zero. Tinha como meta criar 70 mil posições para jovens a cada ano. Nove meses, depois foram registradas 1,3 mil vagas abertas, distante do proposto. Em 2006, o projeto chegou ao fim, com um total de 3,9 mil empregos criados. Nos anos seguintes, a criação de vagas apareceu de forma contundente em outras áreas, como a construção civil, como reflexo da força do mercado consumidor brasileiro e dos investimentos do governo em projetos estruturantes, como Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).



Os números, contudo, não indicam que o problema foi superado. Outros desafios se apresentam para a próxima presidente. “A qualificação da mão de obra é importante, porque não é possível acompanhar o crescimento se os trabalhadores não puderem ocupar as posições necessárias no mercado. A maior formalização do trabalho também é um desafio, porque quanto maior o número de carteiras assinadas, maior o número de pessoas que contribuem para a Previdência, fazendo com que o sistema funcione”, explica Frederico.



Promessa

Dilma Rosseff prometeu, na campanha deste ano, aumentar os investimentos nas pesquisas tecnológicas e alcançar o pleno emprego, um equilíbrio entre as ofertas de empregos para todos os setores da população, até 2014. “Uma continuidade no cenário vai favorecer que as taxas de desemprego continuem caindo. As flutuações a curto, médio e longo prazo permitem que os governantes atuem nas áreas com maior deficiência em geração de novos postos. Esperamos que Dilma consiga manter a tendência”, disse Cimar Pereira.



“O governo Lula pode ser separado em dois momentos. No primeiro, continuidade da política de Fernando Henrique, com controle fiscal e taxa de juros alta. Já em um segundo, os investimentos públicos cresceram e as taxas de juros abaixaram. Uma estratégia ousada”, comentou Frederico Jayme.



Missões para o futuro



* Qualificação da mão de obra. Alguns setores já enfrentam um verdadeiro apagão em relação à oferta de trabalhadores com experiência. A construção civil é um exemplo.

* Aumentar o número de novos cargos com carteira assinada. Grande parte dos trabalhadores do Brasil continuam atuando na informalidade.

* Reduzir os custos trabalhistas que afetam o salário dos trabalhadores e encarecem os valores pagos pelas empresas.

* Combater o risco de desindustrialização em 2011. Com a valorização do real os produtos nacionais podem perder mercado.



Crise e bonança



As vagas no mercado de trabalho foram crescendo com o aquecimento da economia. Com exceção de 2008 para 2009, os desempregados no Brasil foram reduzindo ano a ano. A construção civil foi a grande responsável pela redução no número dos desocupados, mas os setores do comércio e de serviços também acompanharam o bom momento econômico ao longo da década. “O mercado interno do Brasil se mostrou significativo. Com investimentos em obras de infraestrutura e estímulos ao crédito, os números positivos começaram a aparecer de forma mais regular”, afirma Frederico Jayme, coordenador da pós-graduação de economia da UFMG.



O grande teste para a economia brasileira foi 2008. Durante a crise financeira, a taxa de desemprego voltou a subir, de 7,8% em 2008, para 8,1% em 2009. Mas foi um crescimento mínimo comparado com a grande maioria das economias internacionais. “A ação rápida do governo durante a crise teve uma eficiência impressionante. Foram feitos gastos e investimentos certos que salvaram a economia e conseguiram evitar maiores problemas para o país. Em relação ao emprego, o Brasil se recuperou rapidamente da crise”, diz Frederico.



Cenário

“Os dados deste ano comprovam que a crise ficou para trás. Em um cenário de estagnação, não há geração de empregos, e foi o que aconteceu a partir do fim de 2008. Já percebemos a queda contínua no desemprego”, conta Cimar Azeredo Pereira, gerente das Pesquisas Mensais de Emprego do IBGE. (MF)

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