sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ensaio da posse de Dilma teve simulação de tiroteio e emboscada




Ensaios de emboscada e de tiroteio fizeram parte do último treinamento dos policiais que cuidarão da segurança de Dilma durante a posse







Alana Rizzo



Publicação: 31/12/2010 08:00 Atualização:



O último treinamento da equipe de segurança e inteligência da posse presidencial deixou de fora os militares do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O ensaio reuniu apenas policiais federais envolvidos diretamente na escolta da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). As corporações disputam nos bastidores a competência pelo trabalho. Durante quase três horas, os agentes simularam o trajeto de aproximadamente dois quilômetros da Catedral, quando o comboio vindo da Granja do Torto trocará o carro fechado pelo Rolls Royce, até o Senado. Seis mulheres — três de cada lado — acompanharão o percurso a pé. As agentes precisarão correr a uma velocidade de aproximadamente 15km/h. Vinte agentes homens — 10 de cada lado — completarão a segurança aproximada de Dilma. Foram feitos também ensaios de emboscadas, tiros e resgates aéreos com uma dublê da presidente eleita. Ao todo, 70 policiais federais vão trabalhar nesse grupo.



A equipe destacada há seis meses — desde o início das eleições — para a segurança de Dilma é especializada em segurança de dignitários (autoridades). Todos já trabalharam em visitas de grandes líderes internacionais ao país, como o Papa Bento XVI, o presidente israelense Shimon Peres, e a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton. Mesmo em treinamento, a tensão dos policiais é visível. Para a equipe, a imagem do país está em jogo.



Falhas anteriores

Em 2003, a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou transparecer falhas na segurança. As ruas de Brasília estavam tomadas por uma multidão e a equipe não conseguiu conter alguns militantes. Um admirador conseguiu romper o cordão de isolamento e se agarrou no pescoço de Lula, quase derrubando o presidente. Um outro manifestante subiu a rampa do Palácio do Planalto para tirar uma foto. Desta vez, grades serão instaladas na Esplanada dos Ministérios para separar a comitiva da presidente eleita do público que acompanhará o desfile.



A Polícia Federal é responsável pela proteção de Dilma da residência oficial até o Congresso, contrariando anos anteriores em que essa competência coube ao GSI. Os militares ficaram insatisfeitos com a decisão tomada pela própria presidente e disputam nos bastidores mais poder.



Neste ano, os Dragões da Independência e as motocicletas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ficarão à frente do carro da presidente eleita. Nas posses anteriores, tanto os cavalos como as motos percorreram o trajeto ao lado do veículo oficial. A decisão desagradou o GSI. A PF defende que a alteração foi feita para garantir mais visibilidade dos militantes e a segurança de Dilma.



Plateia nacional

A posse da primeira presidenta da República da história do país deverá atrair cerca de 20 mil pessoas à Esplanada dos Ministérios amanhã. Apesar de a expectativa ser bem menor do que a registrada nas festividades para o presidente Lula em 2003, que levaram cerca de 70 mil pessoas ao centro de Brasília, o evento de 1º de janeiro de 2011 promete. “É um momento histórico, né? Eu vim à posse do Lula em 2007 e apertei a mão dele duas vezes na Praça dos Três Poderes depois que ele discursou no parlatório. Agora, vou de novo com a família para ver a Dilma Rousseff”, afirma o comerciante paranaense Antonio Carlos Berbel, 55 anos, que chegou de Rolândia (PR) com a mulher, na última quinta-feira, para visitar a filha e a neta e ir à Esplanada.



Mesmo se chover — e a previsão do tempo indica 90% de chance de tempo nublado com pancadas de chuva —, o eleitor de Dilma pretende marcar presença para ver as solenidades de mudança de governo a partir das 13h30. “Pode fazer o tempo que for, estaremos lá. Vou levar a minha neta de três anos, que nasceu aqui em Brasília, para presenciar esse momento. Minha sogra, que também apertou a mão do Lula em 2007, vai junto”, conta o paranaense, que viajou 1,1 mil quilômetros de carro e recepcionou, ontem, na rodoviária, o resto da família, que veio a Brasília de ônibus.



A partir das 10 horas, várias apresentações deverão ser realizadas na Esplanada e na Praça dos Três Poderes, com entrada franca. “Esperamos ver a Esplanada cheia para prestigiar a posse da primeira mulher eleita presidente do país. Sem dúvida, esse momento estará registrado nos livros de história que minha neta lerá na escola. Espero que a Dilma melhore a qualidade do ensino público brasileiro”, afirma a professora de educação especial Juracides Berbel, mulher de Antonio.



Garçons da posse

Cerca de 3 mil convidados prestigiarão a festa de posse de Dilma e Michel Temer no fim do dia, no Palácio do Itamaraty. Os cearenses João Alberto e Renato Siqueira, irmãos e eleitores da petista, estarão lá. Eles são garçons há mais de 20 anos e fazem parte da extensa lista de profissionais que estarão de serviço em 1º de janeiro. “Eu acho que vai ser muito bom, tudo da melhor maneira possível. Votei na Dilma porque acho que ela vai dar continuidade ao que o Lula fez. A expectativa é boa”, diz João Alberto.



A mulher de Francisco Renato também espera que a petista faça um bom governo, apesar de não ter votado nela, e se orgulha de ver o marido trabalhando na posse. “Chique, né?”, diz.



Mais nomes divulgados

» Tiago Pariz



O futuro ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, indicou ontem o petista Wagner Pinheiro para chefiar os Correios, substituindo Davi José Matos. Pinheiro preside a Petros, fundo de pensão da Petrobras. A decisão diminui ainda mais o espaço do PMDB no governo Dilma. O partido reduziu o volume orçamentário de ministérios que administrará a partir de janeiro. E, agora, começa a perder postos chaves das estatais.



Matos é uma indicação do partido e tem como padrinho político o vice-governador eleito do DF, Tadeu Fillipelli, e o senador Gim Argello (PTB-DF). Pinheiro é economista e comandou a Petros durante todo o mandato de Lula. Além dos Correios, o PMDB perderá o comando da Secretaria de Atenção à Saúde e da Eletrobras.



Já o futuro ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, nomeou ontem a advogada Maria Filomena De Luca Miki para a Secretaria Nacional de Segurança Pública e o a-tual presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão Pires Junior, para a Secretaria Nacional de Justiça. O atual secretário de Assuntos Legislativos, Pedro Abramovay, chefiará a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Vinícius Marques de Carvalho, que é conselheiro do Cade, foi nomeado para a Secretaria de Direito Econômico.



O ROTEIRO DA CERIMÔNIA



14h30

» Dilma e Temer embarcam em carros abertos na Catedral e seguem, escoltados por batedores e pela cavalaria do Batalhão da Guarda Presidencial, até a rampa do Congresso Nacional.



» No Congresso, Dilma e Temer são recebidos por José Sarney, presidente do Senado, e seguem para o plenário da Câmara dos Deputados.



» Do plenário, Dilma e Temer seguem para a rampa principal na área externa, onde será executado o Hino Nacional pela banda do Batalhão da Guarda Presidencial, com salva de 21 tiros.



» Depois, os dois partem, em carro aberto, para o Palácio do Planalto.



16h30

» Dilma e Temer sobem a rampa do Planalto, são recebidos pelo presidente Lula na área interna e seguem ao parlatório para a cerimônia de passagem da faixa presidencial. Lula passa a faixa a Dilma Rousseff e todos voltam ao interior do palácio para os cumprimentos das delegações estrangeiras.



» Após essa cerimônia, Dilma acompanha o presidente Lula até o alto da rampa e, de lá, se despede do já ex-presidente. Dilma retorna, então, ao parlatório, onde fará o seu pronunciamento. Em seguida, retorna ao interior do palácio e, no Salão Nobre, dá posse ao seu ministério.



18h30

» Dilma e Temer participam de um coquetel no Itamaraty para 2 mil pessoas.



* Em caso de chuva, as cerimônias da rampa e do parlatório serão canceladas. Tudo ocorrerá no interior do Palácio do Planalto.

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