ELEIÇÕES 2010 - DISTRITO FEDERAL
Na Praça da Bíblia, o mea-culpa de Lula
A Praça da Bíblia, em Ceilândia, cidade-satélite de Brasília, foi o local cuidadosamente escolhido para a reaparição do presidente Lula ao lado da candidata do PT, Dilma Rousseff, e do vice, Michel Temer (PMDB-SP), em evento de campanha do segundo turno. Antes de discursar, o presidente passeou pelo palanque tentando passar confiança, abraçando os aliados e sorrindo bastante. Dilma repetiu o tom agressivo do último debate, acusando o adversário José Serra (PSDB) de fazer a campanha do ódio. Distante do público desde o primeiro turno, no melhor estilo de animador de comício, o presidente levantou os militantes e conclamou todos a trabalharem pela eleição de Dilma e do candidato do PT ao governo do Distrito Federal, Agnelo Queiroz. Ele voltou a admitir o “salto alto” no primeiro turno.
— Não se pode achar que tem eleição ganha antes do tempo. Quando no primeiro turno eu estava indo para o aeroporto, vi que tinha pouco papel vermelho e muito papel azul. Não se pode cantar vitória antes do tempo, se não acontece que nem com Corinthians e Fluminense: acharam que seriam campeões e perderam uma atrás da outra — disse Lula, que completou: — Não temos como eleger um companheiro se não transformarmos a eleição numa profissão de fé. Temos de trabalhar como se fosse para nós. Tem uma parte da população que não entendeu o nosso discurso ou acreditou nas mentiras do adversário.
Lula disse que “a militância não pode nem respirar porque o adversário vem para cima”.
Repetindo o discurso de Dilma de aproximação com a candidata derrotada do PV, Marina Silva, Lula disse que o resultado do primeiro turno mostrou que a população quer uma mulher presidente.
— Se a lógica prevalecer, é ela e o nosso adversário. E Dilma representa melhor as mulheres que querem participar em condições de igualdade — afirmou.
Um dia após partir para o ataque contra Serra, Dilma repetiu a dose: — Nós vamos escutar ainda muitos boatos. O meu adversário faz uma campanha baseada no ódio, na boataria e calúnia, na mentira e falsidade.
E ele não acusa de frente, olho no olho.
Ele não faz aquela disputa justa, leal e verdadeira.
Usa de artifícios para atacar um projeto que ele sabe que é diferente do dele, porque é um projeto generoso — disse Dilma.
Dilma seguiu a linha de comparar os resultados do governo Lula com o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A candidata petista citou Deus três vezes.
— Se Deus quiser, nós vamos ganhar esta eleição.
Dilma lembrou que o Brasil deixou de ser devedor do Fundo Monetário Nacional (FMI) e passou inclusive a emprestar dinheiro para o FMI. Depois falou de educação: — Tentaram proibir o Bolsa Família, dizendo que era Bolsa Esmola e o que fazia era acabar com a capacidade do povo brasileiro trabalhar — disse Dilma. — Eles têm uma visão do Brasil que é o Brasil de poucos. Nós, não. De 190 milhões de brasileiros.
Aí está a nossa força.
Dilma fez um apelo à militância e abriu o discurso dizendo que, de ontem até 31 de outubro, todos terão que ser “guerreiros”: — Faltam 20 dias para a eleição e, nesses 20 dias, cada um de nós vai ser um guerreiro e uma guerreira.
Segundo Dilma, o povo brasileiro não quer voltar ao passado e, por isso, votará pela continuidade do projeto de Lula e não em Serra: — O Brasil não é caranguejo que volta para trás.
— Eles desprezam o professor, recebem a cassetete.
Nós, não. Para ter qualidade (na educação), o professor tem que ser bem pago — discursou.
— Antes o filho do trabalhador não tinha acesso à escola universitária privada, e hoje tem através do ProUni (Programa Universidade para Todos).
Eles queriam acabar com o ProUni e hoje falam bem porque é eleição.
O candidato a vice de Dilma, Michel Temer (PMDB-SP), sem citar o nome do tucano José Serra, disse que as propostas do adversário já foram implantadas no governo Lula.
— O nosso adversário ou está com uma venda nos olhos e não vê nada, ou está se inspirando no governo Lula. Quando dizemos que queremos ganhar as eleições é para continuar a energia e a força do governo Lula — afirmou. Informações de O Globo.

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