Razão tinha dona Lindu
Críticos extrapolam ao questionar a qualidade da aprovação popular do presidente da República. Desenvolvem verdadeiras teses para relativizar a importância dos 87% de apoio alcançados por Lula e dos 80% de ótimo ou bom conferidos pelo brasileiro ao governo dele. A mais simplória delas inflige a pecha de populista aos oito anos de bem-sucedidos (na avaliação do povo) mandatos para concluir que tudo se deve a programas sociais como o Bolsa Família. Algumas buscam dividir os louros com FHC! Outras traçam paralelos com ditaduras!
Enfim, nunca jamais na história deste país tão poucos se esforçaram tanto para tapar o sol com a peneira. Essa minoria até se concede que o metalúrgico que ela própria menospreza pelo pouco estudo formal tenha o poder de enganar a todos o tempo todo. Mas é Natal e vale dar desconto aos maledicentes. Afinal, ao tomar um pau de arara do Nordeste para o Sudeste, disposta a melhorar a vida da família, nem dona Lindu (ninguém mesmo!) poderia imaginar que a viagem prosseguiria por décadas e o sonho singelo se revelaria realidade pródiga para milhões de outros brasileiros.
Muito mais Lula fez do que tirar milhões da miséria e multiplicar emprego e renda, muito deixou de realizar, e pode-se avaliá-lo pelos dois ângulos. Só não se pode é negar que seu governo chega ao fim com aprovação popular sem precedentes e que esse é o diploma maior a ser almejado por todo político. No mais, no dia em que um governante concluir o mandato com tudo pronto, não precisará de sucessor.
Preconceito, cegueira e má vontade alheios à parte, Lula se tornou um dos presidentes mais bem-avaliados da história pela excepcional qualidade de algumas de suas virtudes. Inteligência, capacidade de comunicação e de aglutinação e inflexível determinação política são algumas delas. Por fim, teve a altivez dos estadistas para não cair na tentação do terceiro mandato. E se herança maldita deixará aos sucessores, será o novo paradigma de aprovação popular a ser superado.
Razão tinha dona Lindu, que certa vez disse do sétimo filho: “Este aqui vai ser gente, vai ter uma profissão”. Diante da situação da família, não seria pouco. Mas hoje vê-se o quanto a mãe do futuro metalúrgico foi modesta, ainda que já significasse enorme avanço a formação do jovem pelo Senai. Ponto exato, aliás, em que alguns — felizmente uma ínfima, embora barulhenta, minoria — gostariam que Lula tivesse parado.Por:Adriano Lafetá
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