quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Wikileaks: até agora o vexame é estadunidense




Os relatórios confidenciais do governo estadunidense vazados na internet pelo Wikileaks até agora não trouxe nenhuma grande novidade sobre o Brasil. Ainda há muito a vazar.



São relatórios de análise, feitos por embaixadores e outros diplomatas sobre o Brasil, que trazem impressões, comentários e fofocas às vezes constrangedoras, mas até agora, praticamente nada que já não tivesse saído nos jornais, salvo algum factóide sem maior importância.



Nada do que foi vazado até agora se aproxima sequer, daquela declaração grosseira do ex-secretário de Comércio dos EUA, Robert Zoellick, quando disse publicamente, sem qualquer confidencialidade, que "se o Brasil não aceitasse a ALCA teria que vender seus produtos na Antártida".



Das críticas da embaixada dos EUA, é evidente que o Brasil não faria uma lei de excessão anti-terror nos moldes da "guerra ao terror" de Bush, e esse debate chegou ao público na época. Também é evidente que as relações de paz do Brasil com árabes e persas é muito diferente daquela de guerra que os EUA mantém, e o Brasil não iria tratar arábes e descendentes que vivem no Brasil com presunção de culpa.



Também é evidente que o Brasil colabora com a captura de quaisquer criminosos, de qualquer país, pois integra a Interpol.



Também é clara a diferença de relações entre o Brasil e os EUA, com vizinhos como Venezuela e Bolívia.



Enfim, esperar o quê de relatórios confidenciais escritos pela embaixada dos EUA? É sabido que os EUA se guiam por seus interesses, e os relatórios já divulgados não contém surpresa nenhuma.



Saia justa ficou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao receber alguns elogios indesejáveis, e ainda ser retratado como um tanto quanto "linguarudo". Mas, ao contrário do que muitos viram e independente dos defeitos de Jobim, não vi, até o momento, na leitura do relatório nada que comprometa naquilo que importa: os relatos dão conta de que ele desencorajou o lobby dos EUA na compra de caças, que seguiu a orientação do governo brasileiro ao manifestar contrariedade com a política militar dos EUA na Colômbia, e refutou a pretensão dos EUA de isolar Hugo Chavez.



Quem lê o relatório, vê Jobim como ele é. Aliás, é justamente por isso que o presidente Lula o colocou no ministério, e que Dilma o está mantendo. Não é por suas semelhanças com o presidente e com a presidenta eleita. É por suas diferenças. É parte da cota de conservadorismo necessária à governabilidade, e a evitar crises. O presidente Lula é um hábil negociador e conciliador, e essa história dos EUA verem Jobim "como uma contraposição ao Itamaraty", parece bastante conveniente e interessante para o governo Lula.



No final das contas, vexame fez os EUA. Imaginem se um país latino-americano deixasse vazar a comunicação entre a diplomacia com conversas confidenciais, expondo diplomatas e autoridades de outros países?

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