Esquema para campanha de Jaqueline tinha até empréstimo de rádios pelo GDF
Lilian Tahan
Publicação: 19/03/2011 07:00 Atualização:
Além de complicar ainda mais a situação da deputada Jaqueline Roriz, o testemunho de Durval Barbosa aos promotores também esclarece um ponto nebuloso na gravação divulgada há duas semanas. Assim que Jaqueline e Manoel Neto entram no escritório da Codeplan, o marido da então candidata aparece no vídeo fazendo um pedido a Durval: “Resolve isso aí”. Imediatamente, Durval se dirige à porta da sala e chama por um assessor de nome Francinei, a quem pede para providenciar de três a cinco rádios Nextel.
No depoimento ao MP, Durval contou que, no dia em que as imagens foram gravadas, em 2006, o casal solicitou o fornecimento de três a cinco rádios para serem utilizados na campanha de Jaqueline a uma vaga na Câmara Legislativa — em outubro daquele ano, ela seria eleita deputada distrital. Ainda de acordo com o então presidente da Codeplan e ex-secretário de Relações Institucionais, os equipamentos eram alugados pelo GDF perante a empresa Linknet, que em 2009 surgiu nas investigações da Operação Caixa de Pandora como um dos braços financeiros do esquema de corrupção.
Dias depois — o depoente não precisou a data —, o marido de Jaqueline retornou ao gabinete de Durval para receber mais um lote em dinheiro, estimado entre R$ 30 mil e R$ 50 mil. “Valores que também haviam sido recolhidos junto aos prestadores de serviços de informática ao governo”, afirmou Durval no depoimento. O ex-secretário ressaltou que Manoel Neto fora a seu escritório representando Jaqueline Roriz. Nesse encontro, foram entregues os rádios Nextel. Ainda segundo o depoimento, as contas mensais pelo uso dos equipamentos continuaram sendo pagas pelo GDF.
O ex-secretário sustentou que o dinheiro e os rádios foram passados a Jaqueline Roriz como “uma retribuição determinada pelo então candidato José Roberto Arruda, tendo em conta o compromisso de que Jaqueline Roriz não pediria votos a favor da coligação da candidata Maria de Lourdes Abadia”, adversária de Arruda na corrida ao Palácio do Buriti. Na ocasião, Jaqueline estava no PSDB, mesmo partido de Abadia. Segundo Durval, o acerto político foi feito diretamente entre Arruda e Manoel Neto.
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