Obama elogia democracia no Brasil e diz que esse é o caminho para salvar a Líbia
Da redação em 20/03/2011 22:27:09
Globo, Agência Brasil e Reuters
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, discursou, na tarde deste domingo, para uma plateia de cerca de 2.200 convidados, no Theatro Municipal do Rio, e elogiou a democracia brasileira. Ele falou sobre o delicado momento que vive o Oriente Médio, com uma guerra deflagrada na Líbia. Ao fim de sua fala, ele foi aplaudido de pé. O presidente também citou a presidente Dilma Rousseff como um exemplo de pessoa que sabe superar dificuldades.
- O Brasil é um país que mostra como exigir uma mudança pode começar numa rua e transformar uma cidade, um país, o mundo. Um dos jovens mudou isso: filha de imigrantes, foi presa, mas ela sabe o que é superar, hoje ela é presidente desta nação - afirmou.
O presidente americano disse ainda que embora Brasil e EUA enfrentem muitos desafios, há esperança.
- Mas os homens e mulheres que viveram antes de nós conseguiram - afirmou.
Ele iniciou sua fala desejando em português uma boa tarde a todos os brasileiros.
- Alô, Rio de Janeiro - disse, para, em seguida, mencionar o clássico Vasco x Botafogo. Recebeu vaias e logo sorriu, dizendo que sabe que o futebol é um assunto muito sério no país.
Ele também citou Jorge Ben Jor, ao dizer que o Brasil é uma país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza.
Obama disse que a transição para a democracia no Brasil serve como exemplo para países do Oriente Médio, onde os manifestantes estão pressionando por mais liberdade política. Ele lembrou a ditadura militar brasileira e alertou para a mudança que começa nas ruas e pode transformar um país. Com sua economia em expansão, Obama diz que o Brasil demonstra que as democracias oferecem liberdade e oportunidade para o seu povo.
- Nós temos visto o povo da Líbia tomar uma posição corajosa contra um regime determinado para hostilizar seus próprios cidadãos. Em toda a região, temos visto jovens levantar uma nova geração exigindo o direito de determinar seu próprio futuro - disse o presidente.
- Desde o início, deixamos claro que a mudança que procuram deve ser conduzida por seu próprio povo. Mas, como duas nações que lutaram por muitas gerações para aperfeiçoar nossas próprias democracias, os Estados Unidos e o Brasil sabem que o futuro do mundo árabe será determinado pelo seu povo.
A banda Afroreggae, que este ano completa 18 anos, se apresentou para os convidados, com um repertório de músicas brasileiras e internacionais. O grupo se formou na Favela de Vigário Geral, após chacina de 21 moradores.
Inicialmente, o discurso de Obama estava marcado para as 14h, mas acabou começando às 14h50m. Do lado de fora do teatro, cerca de 300 pessoas aguardavam a chegada dele. Muitos usam fantasias, como a do palhaço e deputado federal Tiririca, da Mulher Maravilha e de um sósia do presidente americano.
No discurso de pouco mais de 15 minutos, com o texto improvisado, o presidente citou o escritor Paulo Coelho. "Como diz o Paulo Coelho, com a força da nossa vontade e amor, podemos mudar", afirmou, arrancando aplausos entusiasmados da plateia.
Entre os convidados, estavam políticos, como Miro Teixeira (PDT-RJ) e Eduardo Cunha (PDMB-RJ), além de vários deputados estaduais como o presidente da Assembleia Legislativa (Alerj), Paulo Melo. Também estiveram presentes artistas como a cantora Alcione, servidores públicos da prefeitura e do estado e de jovens do projeto Criança Esperança. O motorista Rinaldo Gaudêncio, sósia de Obama, conseguiu um convite e entrou no teatro. Ele passou pelo controle da portaria com dois amigos que fazem às vezes de segurança presidencial conhecidos como Jack e Bauer.
Entre os presentes, o sentimento geral foi de simpatia às palavras de Obama. Existiram algumas ressalvas.
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, uma das convidadas para o evento no Theatro Municipal, considerou a fala do presidente "abrangente", mas sentiu falta de uma discussão ambiental.
- Imaginava que ele pudesse dar uma ênfase nas responsabilidades que temos com as gerações presentes e as futuras gerações - afirmou ela.
Marina acrescentou que "a questão das energias renováveis são importantes, mas se não forem aprofundadas as questões de agir, produzir e consumir... acho que perde a potência da necessidade de transformação do modelo de desenvolvimento"
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) elogiou o discurso de Obama, mas esperava que o presidente dos Estados Unidos mencionasse o fim do embargo econômico a Cuba.
- Talvez faça isso no Chile, por haver uma proximidade maior entre as línguas dos dois países - disse.
O forte esquema de segurança na porta do teatro, além dos detectores de metais, incluiu cães farejadores e tanques de Exército, cavalaria da Polícia Militar. O público foi isolado num raio de 200 metros.
Do lado de fora do Theatro Municipal, na praça da Cinelândia, pequenos grupos fizeram protestos pacíficos contra sua presença.
Portando bandeiras vermelhas de partidos políticos como PCdoB, PSTU e do PT, os manifestantes vaiaram quando a comitiva do presidente chegou ao teatro.
Obama, no entanto, usou um acesso lateral sem visão do público para entrar e sair do local, que teve seu entorno isolado por militares armados do Exército.
Obama e sua família devem deixar o Rio na manhã de segunda-feira, quando partem para o Chile e, dias depois, a El Salvador.
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