Parentes de Celina Leão se beneficiaram com cargos dados por Jaqueline
Ricardo Taffner
Lilian Tahan
Publicação: 20/03/2011 08:17 Atualização:
O marido da deputada Jaqueline Roriz, Manoel Neto, se valeu da influência das prerrogativas de sua mulher para empregar parentes na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) entre 2007 e 2010. Ele não foi o único, porém, a usar do expediente para beneficiar familiares. Celina Leão (PMN) aproveitou a condição de chefe de gabinete de Jaqueline para dar empregos à mãe, aos irmãos e à cunhada na estrutura da Casa. O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) recebeu um documento de 200 páginas com denúncias sobre a existência de servidores fantasmas vinculados ao gabinete da parlamentar. Além disso, há acusações de que alguns funcionários eram obrigados a devolver parte dos salários, que teriam beneficiado Manoel Neto e Celina.
Um ex-servidor do gabinete de Jaqueline Roriz contou ao Correio como funcionaria o esquema. “Eu e outros funcionários éramos obrigados a devolver parte dos salários, o que ocorria em parcelas para que não ficassem rastros dos saques nas contas. Essas devoluções ocorriam na garagem da Câmara Legislativa”, diz. Outro ex-funcionário do gabinete acusou Celina de ser conivente com a nomeação de servidores fantasmas. “Ela tinha total conhecimento desses casos. Prova disso é que, como pessoa responsável pela administração do gabinete, Celina abonava a folha de ponto dos servidores.” Esses ex-funcionários aceitaram dar declarações ao Correio, mas preferiram não se identificar por enquanto para evitar retaliações. Eles afirmaram estar dispostos a contar tudo o que sabem ao Ministério Público e às autoridades competentes.
Celina foi nomeada no segundo dia de mandato da amiga com o cargo de natureza especial (CNE) 1, no valor de R$ 11,9 mil. Permaneceu na função por dois anos e três meses. Em seguida, assumiu a vaga Vera Lúcia de Sousa Ferreira. Segundo os ex-funcionários do gabinete de Jaqueline, Vera repassaria mensalmente o salário para Celina e ficaria apenas com R$ 700, valor referente ao auxílio-alimentação. A servidora teria trabalhado na campanha de Jaqueline e era mãe de outra contratada — Gisele Ferreira de Oliveira. Segundo as denúncias, Vera não aparecia para trabalhar e serviria apenas como uma espécie de “laranja”.
Dois irmãos de Celina também foram empregados na cota de indicações de Jaqueline Roriz. Antônio Abrão Hizim foi nomeado em 17 de janeiro de 2007 com o salário de R$ 9,1 mil e deixou o cargo dois meses depois para ganhar R$ 8 mil como secretário parlamentar do deputado federal Natan Donadon (PMDB-RO) — que foi condenado no fim do ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 13 anos de prisão, além de multa, pelo crime de peculato e formação de quadrilha. Para substituir Hizim, foi contratada Terezinha Zaratini Alevato, que, segundo as denúncias, também repassaria o salário ao antigo titular da vaga.
Redistribuição
José Vicente Leão Machado de Araújo foi outro irmão de Celina a passar pela Câmara. Ele assumiu em 1º de março de 2007 cargo com vencimento de R$ 9,1 mil, mas foi exonerado 11 dias depois. Para o posto, foi chamada a própria mulher, Vivian Rodrigues. José Vicente foi realocado e ganhou uma vaga na Administração do SIA.
Vivian permaneceu no cargo até o fim do mandato de Jaqueline, assim como fez a mãe de Celina, Maria Célia Leão Neto. A matriarca entrou na Casa em 3 de janeiro de 2007 e recebia salário de R$ 8,2 mil. Maria Célia também trabalhou na campanha de Jaqueline.
Mandato lucrativo
Durante os quatro anos como integrante do Poder Legislativo local, Jaqueline Roriz empregou uma filha, três enteadas e dois genros de Manoel Neto, entre 2006 e 2010. Ao longo de seu mandato, os salários de parentes de sangue ou por afinidade vinculados ao casal somaram R$ 1,56 milhão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário