quarta-feira, 23 de junho de 2010

Agnelo: Não tenho direito de não ganhar
Em entrevista exclusiva ao jornalista Lívio Di Araújo, o pré-candidato ao GDF pelo PT, Agnelo Queiroz, fala sobre alianças e a pluralidade que mudou a cara do partido dos Trabalhadores. O ex-ministro dos Esportes cogita barganhar mais partidos até o dia 30 em uma chapa que, segundo ele, será vitoriosa. Para Agnelo, estar ao lado do PMDB no DF não significa ceder, mas alinhar-se a um partido importante cujo único empecilho de união, nos velhos tempos, era a presença do ex-governador Roriz na legenda.
Impossível começar um bate papo com você, Agnelo, sem comentar sobre a aliança histórica que é ter o PT e o PMDB juntos em um palanque. O partido abriu mão de quê para tentar ganhar as eleições de outubro?
Vamos deixar claro que a definição formal será no dia 27, com a nossa convenção. Mas como temos o nosso diretório, conseguimos ter a linha geral, uma direção, que é compor uma chapa ampla, plural, rumo á vitória. Hoje temos uma vaga ao Senado que será do senador Cristovam Buarque (PDT) e a outra do deputado Rodrigo Rollemberg (PSB), e a vice, que estamos conversando com o PMDB. A decisão do PMDB ocorre no sábado e aí sim, teremos o desenho da chapa majoritária.
Mas PT e PMDB sempre disputaram como adversários no DF…
O grande adversário do PT não era o PMDB, mas o ex-governador Joaquim Roriz. Nós disputamos mais com ele que com o PMDB. Com a saída de Roriz do partido, essa aliança ficou mais liberada, porque o PMDB faz parte do governo Lula, indicou Michel Temer como vice de Dilma Rousseff á presidência. O PMDB é muito forte, muito importante. Essa aliança conosco retoma o caminho de responsabilidade do partido que sempre teve essa linha e que pode nos ajudar a retomar o caminho da nossa cidade. É uma união em torno da cidade.
Além do PMDB, PSB, PDT, o Partido dos Trabalhadores ainda está de braços abertos às outras legendas?
Estamos também com o PcdoB e o PRB e até dia 30 de junho temos que ampliar essa aliança. O grande objetivo é unir o povo do Distrito Federal e unir os partidos que têm tradição progressista pra fazer uma grande mudança, porque a cidade precisa urgentemente, tanto do ponto de vista de gestão, quanto de prioridades.
Quais as propostas para o choque de gestão e a mudança das prioridades?
Ter uma gestão participativa, transparente, com participação da sociedade, cuidar mais da nossa gente, ter políticas públicas que atendam as áreas fundamentais. A saúde pública está uma tragédia, a educação, a segurança, o transporte público. Precisamos de políticas para a juventude, desenvolvimento econômico, geração de emprego e renda e unir a sociedade em torno dessas propostas, portanto, um palanque amplo, um palanque para ganhar eleição e assumir essas responsabilidades. Não é para simplesmente fazer um protesto, porque a crise é profunda e é preciso resgatar a esperança, a auto estima de Brasília.
Uma proposta que segue a linha do governo federal, focada no social?
O Brasil, graças à visão do presidente Lula, decolou. Cresceu 9% no primeiro trimestre deste ano, gerou 1 milhão de empregos e tem expectativas de fechar o ano 7% de crescimento, isso é espetacular, é prosperidade e nós não podemos ficar na contramão de uma política como essa.
E como o PT local pretende contar isso à sociedade já que a única experiência do DF com uma gestão do partido, quando Cristovam Buarque era governador pela legenda, não teve o foco social?
O Cristovam teve uma marca de dedicação aos serviços públicos, recuperou a saúde que estava em uma situação não muito boa. Valorizou a educação e a segurança pública. O que aconteceu foi que depois que ele perdeu a eleição, esses serviços foram deteriorados. Nosso objetivo é gerar desenvolvimento, oportunidades, dar emprego e renda para a cidade, investir na capital e, ao mesmo tempo, gerar oportunidade com qualificação profissional, como microcrédito, cooperativas, com todo tipo de economia solidária.
Falar em “políticas públicas” e “geração de desenvolvimento” é muito amplo. Especificadamente, como seria aliar isso ao foco social?
Vamos fazer projetos como a Cidade Digital, da nossa forma, com formato avançado, e ao mesmo tempo, cuidar da baixa qualificação, por exemplo. Esse será um governo para todos, para cuidar do desenvolvimento humano. Não adianta ter um viaduto bacana e não ter um remédio no hospital. Temos que ter um plano de transporte público de qualidade. Daqui a 10 anos, teremos o dobro de carros de hoje, o que inviabiliza a cidade. Temos que cuidar da infância, da juventude, com muita determinação. Cuidar do idoso com uma política forte. Fazer uma escola bem atrativa é muito importante. Que tenha ginásio, quadras, escolas de ensino integral. Isso existe um investimento físico importante e vamos fazer, porque isso volta para a sociedade. Escolas técnicas para atender o mercado. Estamos com o dobro da média nacional em desemprego e temos carência no mercado de qualificação. No governo do PT vai ter muito investimento físico, mas estamos muito relacionados com o desenvolvimento humano.
Já está falando como governador?
A maior declaração de amor à sociedade é ganhar a eleição. Jamais podemos confundir o nosso povo do DF, vitorioso, que construiu um patrimônio da humanidade em 50 anos, com a mancha causada por desvio de conduta de um dirigente. Ganhar essa eleição vai ser uma luta dura de superação, de romper com o vício, que tem muitos anos e culminou para esse escândalo. Queremos juntar todos os que querem romper com isso, e vão estar conosco todos que pensam assim, partidos e pessoas.
E esse será o discurso interno e para a militância na tentativa de acalmar os mais nervosinhos com algumas “uniões impensáveis”?
Estamos de braços abertos para qualquer partido e chamando para nós a responsabilidade. É preciso muito esforço para ganhar e por isso precisamos reforçar nossas forças, nossas alianças. A maior responsabilidade que o povo nos dará é ganhar a eleição e depois, fazer o governo que o povo precisa.
Então, seria um “vale tudo para ganhar o GDF”?
Por tudo o que aconteceu no DF, essa não é uma eleição normal. Alinhar a cidade com o que está acontecendo no Brasil é bom para o nosso povo. Vamos ter mais desenvolvimento e cuidar mais de nosso povo. Temos uma responsabilidade gigantesca, não tenho o direito de não ganhar. Até porque, não ganhar significa dar a vitória a quem é responsável por toda essa tragédia.

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