Após derrotas no Senado, partido espera dobrar bancada e formar uma 'guarda pretoriana' com nomes da confiança pessoal de Lula
27 de junho de 2010
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Comentários 2EmailImprimirTwitterFacebookDeliciousDiggNewsvineLinkedInLiveRedditTexto - + Andrea Jubé Vianna, BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
Calejado pelas derrotas no Senado, e pressionado pelas faturas cobradas pelos aliados, o PT concentra esforços para aumentar ? se possível, dobrar ? a bancada de senadores em outubro. O objetivo é formar uma tropa de senadores da confiança pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incumbidos da defesa de um eventual governo Dilma Rousseff (PT).
Um peemedebista, com trânsito no comando da campanha presidencial petista, relatou que Lula empenha-se, pessoalmente, em formar uma "guarda pretoriana de senadores" ? a tropa pretoriana era um corpo militar de elite criado, na Roma Antiga, pelo imperador Otávio Augusto para sua proteção pessoal. Notabilizou-se pela combatividade e lealdade aos imperadores.
"É fato que durante os oito anos de governo Lula nunca conseguimos formar uma maioria consistente no Senado", admitiu o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra.
O dirigente rechaça a expressão "tropa pretoriana", mas confirma os esforços para formar uma maioria sólida no Senado na próxima legislatura.
Ele trabalha com a possibilidade de eleger de 15 a 18 senadores e lembra que quadros importantes do partido foram destacados para esta eleição, como Fernando Pimentel, ex-prefeito de Belo Horizonte.
Pimentel ? um dos coordenadores da campanha de Dilma ? venceu as prévias do Diretório Estadual para disputar o governo de Minas Gerais, mas o comando nacional do PT cedeu a cabeça de chapa para o peemedebista Hélio Costa.
Dependência do PMDB. A determinação para escalar uma "tropa de choque" para o Senado partiu do próprio Lula, revela uma fonte petista.
Foi decisão do presidente, por exemplo, lançar a candidatura do ex-ministro da Previdência José Pimentel ao Senado pelo PT do Ceará, contrariando o deputado e ex-ministro Eunício Oliveira (PMDB), que viu ameaçada sua eleição. Também foi uma ordem presidencial não liberar a petista Gleisi Hoffmann para ser vice em eventual chapa ao governo do Paraná, encabeçada pelo pedetista Osmar Dias.
Dois fatores, em especial, norteiam o PT nessa empreitada: a falta de trânsito de Dilma com o Congresso e a excessiva dependência de aliados como o PMDB, que conscientes do peso dessa relação, cobram um preço alto pelas demonstrações de lealdade ao governo.
Em 2007, a bancada peemedebista ? a maior do Senado, hoje com 18 titulares ? articulou a rejeição da medida provisória que criava a Secretaria de Ações de Longo Prazo, para a qual seria nomeado Mangabeira Unger (atualmente filiado ao PMDB). Foi um recado para que Lula devolvesse ao partido o Ministério de Minas e Energia, então nas mãos do PT. Meses depois, o senador Edison Lobão (PMDB-MA) assumiu a pasta.
Desde o primeiro mandato de Lula, o PT tem dificuldade para aprovar emendas constitucionais no Senado. Na derrota mais emblemática, o governo arregimentou 45 votos ? eram necessários 49 ? para aprovar a prorrogação da CPMF. Como seis senadores da base votaram contra o imposto do cheque, o governo perdeu R$ 40 bilhões que estavam previstos no Orçamento da União de 2009. Outra derrota foi a criação da CPI da Petrobrás em 2009, além da CPI das ONGs, reduto da oposição em funcionamento há quase três anos.
Para um senador petista, porém, a fatura mais alta que recaiu sobre o PT nesse período teria sido o apoio da sigla ao presidente do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), durante a grave crise dos atos secretos do Senado, revelados pelo Estado em junho de 2009. Na época, dois constrangidos senadores ? Delcídio Amaral (PT-MS) e Ideli Salvatti (PT-SC) ? votaram a favor de Sarney no Conselho de Ética. O líder da bancada, Aloizio Mercadante (SP), anunciou no Twitter que renunciaria ao cargo em "caráter irrevogável", mas voltou atrás, a pedido de Lula.
Projeções. Para Antonio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), a perspectiva de dobrar a bancada é irreal, mas ele acredita que o PT eleja entre 10 e 12 senadores. Contabilizando-se os suplentes e os dois titulares com mandato até 2014 ? Eduardo Suplicy (SP) e Tião Viana (AC) ?, o PT pode contar com 16 senadores. Tião Viana concorre ao governo do Acre, mas seu suplente é do PT.
Atualmente, a bancada petista tem nove senadores. Já contou com 12, antes das defecções de Marina Silva, hoje no PV, e Flávio Arns, que se mudou para o PSDB. A terceira baixa foi a do senador João Pedro (PT), que voltou à suplência com o retorno do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR).
Dois suplentes do PT podem assumir cadeiras em 2011: se Nascimento vencer a eleição para o governo do Amazonas, João Pedro volta ao Senado. No Espírito Santo, o senador Renato Casagrande (PSB) é franco favorito ao governo, liderando as pesquisas com mais de 60% das intenções de voto. A primeira suplente dele, Anita Rita Esgario, é petista.
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