A constante crise interna do PT
GDF, Partidos em 01/03/2011 às 17:22
Agnelo, PT
Resolvido o problema com a base aliada na Câmara Legislativa, o governador Agnelo Queiroz tem agora uma crise maior para administrar: as insatisfações dentro de seu próprio partido. Há algumas semanas, petistas reclamam da atuação do governo, das alianças firmadas com partidos adversários, da partilha desigual de cargos estratégicos entre tendências internas e, principalmente, da falta de acesso ao governador e ao secretário de Governo, Paulo Tadeu.
As insatisfações tornaram-se palpáveis esta semana com dois episódios distintos. O primeiro foi o envio de um email, anônimo, para uma lista de petistas, com queixas pontuais ao andamento do GDF nestes primeiros 60 dias de mandato. Assinado por “petistas abandonados”, o email criticava as alianças partidárias e a escolha de antigos adversários para a composição do Executivo, em detrimento a militantes experientes e capazes. “Qual é este novo caminho”, questionava a carta. O email provocou uma discussão animada entre petistas, que aproveitaram a deixa para explicitar vários outros motivos de insatisfação, como a demora em implantar programas de governo definidos como pioritários para o partido.
O segundo episódio foi a ausência do presidente do PT, Roberto Policarpo, na reunião do conselho partidário do GDF na noite de segunda-feira (28). O encontro mensal, feito para discutir com os presidentes de partidos aliados as ações e prioridades do governo, não contou com a presença do presidente do partido do governador. O ato foi simbólico. Sem conseguir marcar uma audiência com Agnelo há semanas, Policarpo não quis discutir as mazelas internas da legenda diante de outros partidos. “Esse era um assunto para ser resolvido internamente”.
Os dois casos revelaram a pressão interna existente hoje no partido. Legenda forjada em discussões e grandes embates, o PT ameaça sair do controle agora que está no poder. Principalmente porque nem todas as tendências do partido integram efetivamente este poder. Parte das insatisfações surgem também do fato de campos majoritários da legenda, que antes mantinham o controle sobre as decisões partidárias, perderam espaço nas últimas eleições - tanto na disputa interna quanto na eleitoral. O símbolo máximo desta mudança de mãos do poder petista é o secretário de Governo, Paulo Tadeu. Integrante do Campo Democrático Socialista, ele compõe um bloco de esquerda que tem conquistado cada dia mais espaço dentro do partido. Não à-toa parte da críticas internas cabe a Tadeu - “manda mais que o governador”, “não atende nem a secretários”, e reclamações semelhantes.
Para contornar a crise, secretário e presidente do PT almoçaram nesta terça-feira (1°). E participarão de um café da manhã com presidentes das zonais partidárias na quarta-feira (2). Com a máxima de que “é conversando que a gente se entende”, dirigentes partidários esperam aproximar mais os dirigentes do GDF da militância. Desfazer os mal-entendidos e, ao menos, criar um canal de comunicação entre partido e governo.
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