Para poupar postulantes ao Buriti, outros candidatos partem para o ataque
Candidatos a cargos majoritários e proporcionais partem para o ataque aos adversários na tentativa de poupar os cabeças de chapa das coligações. O clima esquentou no último fim de semana
Juliana Boechat
Noelle Oliveira
Publicação: 31/08/2010 07:00
Se a troca de acusações entre os candidatos ao Buriti começou a esquentar no último fim de semana, com provocações e respostas entre os principais postulantes ao governo — Joaquim Roriz (PSC) e Agnelo Queiroz (PT) — , a prática já é comum entre aliados. Vices, concorrentes ao Senado Federal e à Câmara Legislativa aproveitam momentos de corpo a corpo para trocar provocações diretas, as quais os cabeças das chapas ainda preferem evitar. Do lado petista, foi o candidato a distrital Chico Vigilante (PT) que cumpriu esse papel no último fim de semana. Durante a inauguração de um comitê do partido em Brazlândia, chamou Roriz de “coisa ruim”, referência direta ao episódio, no início do mês, em que Roriz disse, durante encontro com eleitores no Itapoã, que o vermelho do PT era “a cor do satanás”.
“O coisa ruim ficou atacando e inventado histórias sobre o Agnelo. Agora o povo deu o troco no coisa ruim”, disse Vigilante, referindo-se às últimas pesquisas eleitorais que mostram empate técnico entre os dois candidatos. Do lado de Agnelo, outro que ataca Joaquim Roriz, vez por outra, é o candidato ao Senado, Cristovam Buarque (PDT). No início da campanha, em uma confusão entre cabos eleitorais na avenida comercial do Riacho Fundo I, Cristovam disse que o adversário político contrata “milicangas”, uma espécie de militantes e capangas, para fazer campanha nas ruas. “Não é a população do Riacho Fundo que recusa apertar as nossas mãos. São os milicangas contratados. É lamentável que façam campanha desse tipo. Queremos ganhar no voto, não no ovo”, afirmou o senador.
Agnelo Queiroz e seu vice, Tadeu Filippelli (PMDB), por sua vez, são contidos quando o assunto é criticar diretamente o adversário. Preferem se pronunciar com palavras mais fortes apenas para responderem acusações. Já Roriz, volta e meia, protagoniza trocas de farpas com o principal adversário nas urnas. Na maioria das vezes, no entanto, os ataques, as comparações e as críticas ficam por conta dos aliados azuis. Nessas ocasiões, o candidato ao Palácio do Buriti foca os discursos em promessas de benfeitorias para as comunidades. No último dia 6, dois dias depois de o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) barrar o registro de candidatura de Roriz, o candidato a vice-governador, Jofran Frejat (PR), blindou o parceiro em um evento em Vicente Pires. “Os adversários tentam derrubar Roriz no tapetão. Essa é a única alternativa deles. Se for no voto, não tem pra ninguém”, disparou. Em seguida, Roriz garantiu a regularização de lotes aos moradores da cidade.
Debate
Um dia após o primeiro debate televisivo entre os quatro principais candidatos ao Governo do Distrito Federal, no último dia 12, foi a filha e candidata a deputada federal, Jaqueline Roriz (PMN), que partiu para o ataque em uma inauguração de comitê político, no Guará II. “Alguns pontos citados pelo PT ficaram entalados na minha garganta. Disseram que Agnelo viu a fita. Mas se ele viu, por que não levou ao Ministério Público e denunciou meu pai? Ele é corrupto. Agnelo tem que voltar para a saúde(1), de onde nunca deveria ter saído. Jofran vai botar ele para trabalhar”, discursou, referindo-se ao vídeo em que Roriz aparece pagando uma suposta propina a um laranja.
Jaqueline também aproveitou um evento em Brazlândia, no último dia 22, para provocar os adversários. “Vocês sabem por que o PT não faz comício? Porque eles não dão conta de juntar esse tanto de gente que tem aqui”, disse aos militantes e possíveis eleitores. Em um evento na Igreja Batista do Gama, na última quinta-feira, o presidente da Ordem dos Ministros Evangélicos, Oséas Rodrigues, saiu em defesa de Roriz. Ele considerou “uma burrice” optar por Agnelo nas eleições deste ano. “Todos os funcionários do Hospital do Gama repudiam Agnelo. Se eu falo que não voto nele é justamente porque conheço Agnelo”, discursou para um salão cheio de evangélicos.
1 - Reação
Agnelo Queiroz revidou no último domingo a declaração que Joaquim Roriz fez a eleitores no Condomínio Sol Nascente, no sábado, quando afirmou que colocaria o petista na cadeia e que mostraria o contracheque do adversário na televisão. Agnelo afirmou que Roriz está “delirando” devido à ascensão do PT nas pesquisas e às “complicações jurídicas da candidatura, que está impugnada, e da vida dele”. “Se há alguém que deve temer cadeia no DF é ele, que será derrotado nas urnas”, disse Agnelo.
DOIS DIAS DE TREINAMENTO
» O Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF) realizou no domingo e ontem o treinamento dos multiplicadores de agentes eleitorais para as eleições do exterior. Foram treinados 16 servidores de embaixadas que serão os responsáveis por repassar as informações a outros funcionários que atuarão como mesários em seções eleitorais nos cinco continentes. Além das aulas presenciais, o TRE-DF, em parceria com Tribunal Superior Eleitoral (TSE), disponibilizou um serviço de ensino a distância, no qual os servidores poderão acessar o conteúdo do treinamento via internet. Este ano, pela primeira vez, a Justiça Eleitoral enviará urnas eletrônicas para todas as 550 seções eleitorais do exterior.
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