quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Imagens reuniões suspeitas


MPDFT em 18/11/2010 às 10:01



Bandarra





Do Correio Braziliense: As imagens gravadas pelas câmeras instaladas da casa de Deborah Guerner revelam encontro da promotora com o então procurador-geral de Justiça do DF, Leonardo Bandarra, dois dias depois da Operação Caixa de Pandora. Num domingo, a partir das 19h01, os dois mantiveram uma conversa sigilosa e demonstraram preocupação com o vazamento do conteúdo do diálogo. O momento era de perplexidade em todo o país. Na sexta-feira anterior, 27 de novembro, policiais federais, promotores de Justiça do DF e procuradores da República haviam realizado buscas e apreensões em gabinetes e casas de integrantes do primeiro escalão do Executivo e de deputados distritais. Bandarra chega à residência da colega horas depois de desembarcar de uma viagem a Florianópolis, onde participara de Congresso Nacional do Ministério Público. Como era alvo da investigação, Bandarra não participou da operação coordenada pela subprocuradora-geral da República Raquel Dodge.



Antes de começar a conversa no escritório de sua casa, Deborah fecha as janelas e as cortinas. Bandarra desliga os celulares. Tira as baterias — segundo o Ministério Público Federal (MPF), para evitar que o telefone agisse como uma escuta ambiental. Os dois cochicham. O teor desse diálogo não foi captado pelo circuito interno da mansão de Deborah. Uma outra conversa mantida pelos donos da casa, Deborah e Jorge Guerner, ocorrida no mesmo 29 de novembro, é registrada. A promotora de Justiça e o marido, Jorge Guerner, discutem a possibilidade de uma eventual ação de busca e apreensão na casa deles, diante de um provável desdobramento da Operação Caixa de Pandora.



O temor era de que os investigadores encontrassem documentos, gravações e dinheiro de origem ilícita. A essa altura, os Guerner sabiam que eram alvo do Inquérito nº 650 em curso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), graças a uma delação premiada feita pelo então secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa. O relator do processo no STJ, Fernando Gonçalves, autorizou a quebra do sigilo e as informações do inquérito circulavam na internet desde sexta-feira. Num dos depoimentos, Durval havia citado denúncias de que prestadoras de serviço no ramo de coleta de lixo eram beneficiadas pelo MPDFT, em um suposto lobby de Deborah e do marido, com a ajuda de Bandarra.



Nas gravações apreendidas pelo MPF, num bunker no jardim da casa dos Guerner, o lobista Jorge Guerner fala com a mulher, a promotora Deborah Guerner, sobre como despistar os investigadores da Operação Caixa de Pandora. “Esses dois são dinheiros quentes, da conta do Banco do Brasil. Esse pode ficar aqui no cofre para chamar a atenção, pros ‘cara’ pensar que tem dinheiro e levarem”, afirmou Jorge.



Surpresa e irritação

Até a Operação Caixa de Pandora, Leonardo Bandarra não sabia que dois promotores de Justiça do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) do Ministério Público do DF, Sérgio Bruno Fernandes e Clayton Germano, haviam registrado depoimento de Durval Barbosa e encaminhado as denúncias diretamente ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. No primeiro dia de trabalho, depois da operação, Bandarra reuniu sua assessoria e os promotores de Justiça que atuam na área de investigação para pedir explicações sobre o que estava acontecendo. O clima foi tenso, mas todos evitaram dar detalhes sobre o Inquérito nº 650, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).



O advogado de Bandarra, Cezar Bitencourt, sustenta a inocência do ex-procurador-geral de Justiça. Ele garante não haver provas de que Bandarra cometeu os crimes de concussão, violação do sigilo funcional e formação de quadrilha conforme consta de denúncias protocoladas contra ele e a promotora Deborah Guerner pelo procurador regional da República Ronaldo Albo. Segundo Bitencourt, Bandarra esteve na casa da colega apenas “quatro ou cinco vezes” e nunca tratou de dinheiro. “Ele combateu o crime organizado e agora sofre perseguições. Está segurando a barra sozinho”, disse. Deborah Guerner não comenta as denúncias que correm em segredo de justiça.

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