sexta-feira, 27 de maio de 2011

Deputados distritais pressionam por troca na direção da Polícia Civil


A diretora-geral da Polícia Civil, Mailine Alvarenga, é alvo dos deputados (Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press - 24/3/11)


A diretora-geral da Polícia Civil, Mailine Alvarenga, é alvo dos deputados


A demissão da delegada-chefe de Polícia Especializada (DPE), Rosana Gonçalves, anunciada na última segunda-feira, alimentou a movimentação da bancada da Segurança Pública na Câmara Legislativa contra a permanência da diretora-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Mailine Alvarenga. Está em curso uma campanha política para substituí-la nos próximos dias. Por enquanto, o governador Agnelo Queiroz (PT) não dá sinais de que vai fazer uma troca no comando de área tão delicada. O receio no Executivo é de que uma substituição forçada por demanda política acabe provocando uma crise maior, uma vez que atender a um grupo em detrimento de outro provocará descontentamentos e ciumeiras entre distritais.




A delegada Rosana Gonçalves representava uma ameaça à hegemonia de Mailine no comando da PCDF. Rosana tem o apoio do deputado Cláudio Abrantes (PPS), que é agente de polícia, e de setores do PT para a direção-geral. Nos últimos dias, a relação entre Rosana e Mailine se desgastou porque a chefe da DPE desautorizou em reuniões com escrivães algumas determinações da diretora-geral da Polícia Civil. Mailine soube e não gostou. A resposta foi a exoneração. Rosana foi transferida para a 11ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga. Cláudio Abrantes e o deputado Dr. Michel (PSL), que é delegado, usaram a tribuna da Câmara Legislativa nesta semana para criticar a demissão sem que eles tenham sido consultados antes.



A pressão para afastar Mailine foi reforçada ontem em um jantar, em que o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, foi convidado pela bancada da Segurança Pública para ouvir as queixas que se acumulam. O encontro foi organizado por Abrantes e Dr. Michel, mas todos os deputados da área foram convidados. Entre os 24 distritais, há seis representantes do setor. Além de Abrantes e Michel, também têm interesse na direção da Polícia Civil os distritais Welington Luís (PSC), ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), e o secretário de Justiça e Cidadania, Alírio Neto (PPS). O presidente da Casa, Patrício (PT), e Aylton Gomes (PR) representam, respectivamente, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.



O chefe de gabinete de Agnelo, Cláudio Monteiro, também tem influência no setor. Agente da Polícia Civil aposentado, ele chegou a ser cotado para assumir a Secretaria de Segurança com a saída do delegado da Polícia Federal (PF) Daniel Lorenz, há um mês.



A expectativa no meio político era de que caso Monteiro fosse designado para o cargo, o delegado Onofre de Moraes assumiria a direção-geral da Polícia Civil. A escolha de Agnelo por Sandro Avelar, também delegado da PF, acalmou as fortes especulações. Integrantes do governo, no entanto, apostam que a o novo secretário vai querer escolher o novo diretor-geral da Polícia Civil.



Técnico, mas acostumado a pressões políticas pela passagem por quatro anos na Presidência da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Avelar foi designado por Agnelo para a missão de ouvir os distritais, como forma de prestigiá-los, mas sem obrigação de atender a todos os pedidos. Daniel Lorenz, que passou menos de quatro meses na pasta, era criticado pelos parlamentares porque não os recebia. Saiu do governo por trombar com o secretário de Governo, Paulo Tadeu, e com Patrício.



Outra missão

Cláudio Monteiro é amigo de Agnelo Queiroz desde que os dois foram deputados distritais na primeira legislatura da Câmara Legislativa, de 1991 a 1994. No Ministério do Esporte, quando Agnelo era ministro, Cláudio também foi chefe de gabinete e chegou a assumir a pasta. No governo do DF, ele exerce função estratégica ao coordenar o projeto da Copa de 2014, além de ser o braço direito do petista na governadoria.



A bancada da segurança

Patrício (PT)

É o presidente da Câmara Legislativa. Policial militar por 16 anos, em 2000, ficou preso 101 dias após liderar uma manifestação de PMs e bombeiros, que culminou na primeira greve da categoria. Acabou expulso da corporação. Foi anistiado por um decreto presidencial, em 2010.



Wellington Luiz (PSC)

É o corregedor da Câmara, vice-presidente da Comissão de Constituição e Justiça e integrante do Conselho de Ética. Foi eleito com 10.333 votos com ajuda dos colegas da Polícia Civil. Ficou 11 anos à frente do sindicato da categoria, mas licenciou-se para assumir o cargo no legislativo. Em 1988, ingressou no Corpo de Bombeiros e três anos depois, 1991, entrou na Polícia Civil.



Claúdio Abrantes (PPS)

Ocupa a presidência da Comissão de Assuntos Fundiários e a vice-presidência da Comissão de Economia, Orçamento e Finanças. Eleito com 11.047 votos, é o primeiro mandato dele. Em 2006, concorreu nas eleições mas conquistou apenas a suplência do PPS. Chegou a exercer o mandato por nove meses. Agente da Polícia Civil há 14 anos, também foi professor.



Aylton Gomes (PR)

É o presidente da Comissão de Segurança e integrante da Comissão de Constituição e Justiça. Em seu segundo mandato, é um dos distritais reeleitos que teve o nome citado nas investigações da Caixa de Pandora. Ele foi acusado por Durval Barbosa de receber mesada para garantir apoio ao governo Arruda. Há 19 anos é do Corpo de Bombeiros do DF.



Dr. Michel (PSL)

É o vice-presidente da Câmara e integrante da Comissão de Segurança. Assumiu este ano seu primeiro mandato parlamentar. É delegado da Polícia Civil há mais de 20 anos, mas já foi cobrador de ônibus. Chefiou delegacias em Sobradinho e Planaltina.

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