domingo, 22 de maio de 2011

Dilma enfrenta fogo amigo disparado pelo PT




Maria Lima e Adriana Vasconcelos, O Globo



Ainda em lua de mel com a população depois de cinco meses de mandato, a presidente Dilma Rousseff enfrenta sua mais difícil batalha no próprio governo: a guerra interna contra sua tentativa de moralizar a ocupação de cargos e as cobranças infernais não só das correntes do PT, mas também do PMDB e de outros aliados.



O fato de barrar pleitos que considera impossíveis de engolir e retardar decisões nessa seara está despertando uma luta fratricida no próprio PT. Para ajudá-la a enfrentar essa guerrilha, entrou em campo o maior conhecedor da alma petista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



O caso do vazamento do enriquecimento relâmpago do seu braço direito, o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, é apontado como mais um caso do fogo amigo em que grupos petistas que perdem espaço tentam mostrar a ela que será derrotada no cabo de força.



- A presidente Dilma está pagando um preço alto justamente por tentar impor no governo uma de suas qualidades: a intolerância com o fisiologismo e a vontade de dar um basta no balcão - avalia uma fonte do governo que tem constante interlocução com a presidente.



Para compensar as dificuldades de Dilma de conter as crises geradas pela guerra de grupos no PT, o ex-presidente Lula assumiu, quase que formalmente, o papel de "intermediário, administrador das questões do partido com a presidente".



Ele esteve em contato permanente com Dilma ao longo da semana, discutindo o episódio do ministro Palocci. Tinha até agendada uma visita a ela, no Alvorada, sexta-feira, que não teria se concretizado.



- Dilma conduziu e foi firme, não cedeu em coisas menores. Tem uma certa dificuldade com o varejo, com as coisas menores da política. Quando se trata de projetos, ela desperta. Mas quando entra na seara política, deixa claro que não é a praia dela - reconhece um importante líder petista, dizendo que cabe a Palocci - ou cabia - matar tudo no peito e dizer os "nãos" que Dilma não diz.

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