terça-feira, 24 de maio de 2011

Moacir Vieira afirma em depoimento que Secretaria está repleta de laranjas








Luísa Medeiros



Publicação: 23/05/2011 18:13 Atualização: 23/05/2011 18:40



O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Distrito Federal, Moacir Vieira, encerrou o depoimento na Comissão de Inquérito Parlamentar (CPI) do Pró-DF. A oitiva ocorreu na tarde desta segunda-feira (23/5), na sala de comissões da Câmara Legislativa, e durou cerca de 1h30. “Os processos que estão na Secretaria de Desenvolvimento Econômico estão infestados de laranjas. Essa cultura está impregnada na secretaria”, afirmou o ex-secretário durante o depoimento. Em seguida, o subsecretário de Desenvolvimento Econômico, Laerte de Oliveira Santos, será ouvido.



O ex-secretário respondeu a perguntas de todos os integrantes da CPI. Ele compareceu à oitiva na condição de técnico, não de testemunha ou indiciado. Vilmar Lacerda, secretário de assuntos parlamentares do GDF, e o secretário de transparência, Carlos Higino, acompanharam o depoimento. No inicio da oitiva, Moacir fez um breve histórico do período em que esteve à frente da secretaria. Ele, inclusive, se referiu à pasta como “território livre para ganhos impúrios” e como um “cenário de horror”. Sobre os funcionários, o ex-secretário afirmou que 1/3 apenas, de 200, trabalhava na secretaria e que os servidores de carreira estavam fora dos pontos estratégicos nas últimas duas décadas.



Em seguida, Moacir explicou como fez um “pente-fino” nos processos do Pró-DF e como percebeu que a situação estava problemática em apenas um ano – durante 2010. O ex-secretário falou sobre as indicações feitas para ocupar cargos na secretaria durante seu período de gestão e contou que entre oito e 10 deputados fizeram pressão para que alguns nomes fossem indicados para a Secretaria de Desenvolvimento. Moacir também explicou que foi convidado a participar do governo por Agnelo Queiroz e que, ao contrário do que foi divulgado, não saiu da pasta por causa das ameaças de morte – registradas na 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia). O ex-secretário ficou apenas 90 dias no cargo e, a partir do momento em que tomou posse, pediu suspensão dos benefícios do Pró-DF para as empresas dele. Ele também assumiu ter posse de três empresas.



Durante o depoimento, Moacir indicou o nome de oito pessoas para serem ouvidas e esclarecerem questões em relação à Pró-DF. Dentre os nomes estão Luiz Estevão, sua esposa Cleuci Meirelles Estevão, Fernanda Meirelles Estevão de Oliveira Rezende, José de Arimatéia Cunha, Georgio Demetri Batista e Aurélio Rosa Batista. Uma mulher da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, com apenas o primeiro nome divulgado - Aurilene, também estava na lista. De acordo com o ex-secretário, foram encontrados indícios de irregularidades na concessão do benefício do Pró-DF envolvendo o nome dessas pessoas.

Na oitiva, Moacir disse que Aurélio conseguiu um lote pelo programa no prazo de 14 dias e isso chamou a atenção. O ex-secretário afirmou que a CPI deveria ficar atenta aos empresários que conseguiram grandes lotes, como os localizados na L2 Sul. Moacir afirmou que “pelo que presenciou, o Pró-DF não deveria ser suspenso, mas sim ser extinto de vez, nesses moldes de hoje, e reformulado”. O ex-secretário fez questão de ressaltar que falava como empresário neste momento.

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