domingo, 1 de agosto de 2010

ESTRATÉGIA »


Serra e Dilma intensificam campanha em estados onde aparecem em desvantagem





Denise Rothenburg



Izabelle Torres



Publicação: 01/08/2010 10:25 Atualização: 01/08/2010 10:53



Os candidatos a presidente da República aproveitam os últimos dias anteriores aos debates e ao horário eleitoral gratuito de rádio e TV para tentar tirar a diferença onde o adversário predomina. Na última semana, por exemplo, a candidata do PT, Dilma Rousseff, investiu no Sul do país, única região em que ela apresentou queda na pesquisa de intenção de voto divulgada na sexta-feira pelo Ibope. Enquanto isso, o tucano se dedicou a caminhadas em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, onde a petista aparece com uma vantagem de 19 pontos percentuais sobre Serra.



No Sul, Dilma caiu de 35% para 31% segundo o Ibope, enquanto Serra subiu de 42% para 46%, o que elevou de sete para 15 pontos percentuais a diferença entre os dois candidatos. Coincidentemente, o presidente Lula concentrou a sua agenda em cidades sulistas na semana passada. O presidente foi a Santa Cruz do Sul (RS), onde visitou microusinas de biodiesel e falou da produção de alimentos. De lá, seguiu para Porto Alegre, onde participou de comício com Dilma. Ontem, Lula e Dilma apareceram juntos novamente em Curitiba onde o presidente prometeu ajudar o candidato a governador, Osmar Dias (PDT).



Nos dois discursos nos palanques sulistas, Lula criticou as “elites” e fez apelos ao voto feminino. “O Paraná poderia contribuir e ser um estado que ajudou a vencer o preconceito contra a mulher. Afinal o governo da Dilma não terá a minha cara. Terá a cara dela e mais mulheres no governo”, disse. “Somos diferentes das elites. Se alguém tem simpatia por mim, é só comparar o que somos hoje com o Brasil de 2002. Em que momento da história fomos tão respeitados?”, discursou Lula.



Enquanto isso, no Rio, Serra caminhou por mais de três horas ao lado do prefeito de Duque de Caxias, José Camilo Zito dos Santos (PSDB), e do candidato a vice presidente, deputado Índio da Costa (DEM-RJ).



Estratégias

Negociadores políticos dos candidatos afirmam que a ideia é aumentar o número de visitas aos estados em que as pesquisas mostram alguma desvantagem e nos discursos tentar buscar uma identidade entre eles e a região. Foi o que fizeram ontem. Dilma lembrou suas visitas ao Paraná na época da ditadura e disse que a região lhe trazia muitas lembranças. O PT estadual tratou de divulgar fotos em que Lula aparecia na região da Boca Maldita nos anos de 1980 quando tentava divulgar o recém-nascido PT. Serra por sua vez citou diversas vezes durante a caminhada que se preocupa com o Rio e que demonstrou isso ao escolher um vice carioca. Nas conversas com os fluminenses, o candidato garantiu que pretende prestigiar o estado e que a chapa com Índio da Costa é a prova disso.



Os analistas políticos consideram normal o fato de os candidatos escolherem terrenos onde o adversário está melhor. “Serra ainda tem o que crescer no Sul, assim como Dilma tem um palanque melhor no Rio. É natural que trabalhem agora para reduzir as diferenças e reforçar onde estão bem”, diz o cientista político Antônio Lavareda, da MCI, que tem analisado as pesquisas com uma lupa.



Lavareda atribui a diferença de 20 pontos percentuais entre Dilma e Serra no Rio ao fato de Gabeira ter apenas 14% na última pesquisa do Ibope. E para completar, esse percentual de Gabeira está hoje dividido entre dois candidatos a presidente, o tucano e a senadora Marina Silva, do PV. Não dá para esquecer ainda que o Rio serviu de palco para o primeiro comício com a presença de Lula, onde o governador-candidato, Sérgio Cabral, aparece com 58%. Se a eleição fosse hoje, Cabral venceria no primeiro turno.



Serra ainda tem o que crescer no Sul, assim como Dilma tem um palanque melhor no Rio. É natural que trabalhem agora para reduzir as diferenças e reforçar onde estão bem”

Antônio Lavareda, cientista político







O número

5

pontos percentuais é a vantagem de Dilma sobre Serra, segundo o Ibope





Análise

Tática arriscada



A estratégia de jogar no campo do adversário pode ajudar, mas alguns especialistas a consideram meio arriscada. No caso de José Serra, há quem recorde que ele tem um terreno mais promissor para ampliar a diferença sobre Dilma Rousseff, que é São Paulo, o estado que governou.



O Ibope apresentou o candidato tucano ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, com 50% das intenções de voto, e Aloizio Mercadante (PT), com 14%. Serra apareceu com 44% e Dilma com 33%, uma diferença de 11 pontos percentuais. Como em São Paulo, cada ponto são 300 mil votos, são 3,3 milhões de votos de vantagem para Serra.



O PSDB já calculou que precisaria de uma vantagem acima de 6 milhões de votos em São Paulo para compensar a vantagem de Dilma no Norte e Nordeste e Centro Oeste. Se conquistar os seis pontos percentuais que o separam de Alckmin, Serra terá bem mais do que essa margem de seis milhões. (DR)

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