Hélio pede desfiliação do PT
Eleições 2010 em 04/08/2010 às 7:52
PT
Do Correio Braziliense: O PT vai escolher outro nome da própria legenda para integrar como primeiro suplente a chapa encabeçada pelo deputado Rodrigo Rollemberg (PSB) ao Senado. Para estancar uma crise provocada pelas denúncias de abuso sexual contra uma sobrinha, o secretário de Assuntos Institucionais e Políticos do PT, Hélio José da Silva Lima, pediu ontem a desfiliação do partido.
Na véspera, a direção regional tentou, em vão, aprovar o afastamento cautelar do dirigente. Embora a tese tenha sido aprovada por maioria, não houve quorum suficiente para suspendê-lo do cargo até que as acusações de pedofilia fossem esclarecidas. Para evitar o desgaste e o sangramento público, no entanto, Hélio José decidiu sair de cena.
Em carta encaminhada ao presidente regional do PT, Roberto Policarpo, o agora ex-dirigente disse que tem sido vítima de “graves acusações”, “sem qualquer espaço de defesa”. Há 30 anos no PT, ele é líder da corrente Base Petista e Socialista, que detém cerca de 15% dos votos nos encontros e convenções petistas, com poder de interferir em decisões apertadas, como as prévias para escolha de candidato ao governo e no processo de eleição direta (PED) para a seleção do presidente regional.
Na disputa interna pela indicação da corrida ao Executivo, Hélio José esteve ao lado do deputado Geraldo Magela (PT), mas sua corrente teve papel importante para a liberação da segunda candidatura ao Senado para o PSB, o que permitiu a aliança do PT com Rodrigo Rollemberg no páreo para o Senado. Por conta da força de sua tendência, Hélio José foi escolhido pelo diretório regional como primeiro suplente de Rollemberg. Em caso de vitória do socialista e uma eventual licença do titular, o petista se tornaria senador.
Desde o início, no entanto, o candidato ao Senado e seu grupo político não concordavam com essa indicação do PT. Na semana passada, ele recebeu uma denúncia — depois protocolada na presidência do partido — de que Hélio José teria cometido abusos sexuais contra uma sobrinha, hoje com 23 anos, quando ela tinha entre 11 e 15 anos.
Familiares
A acusação foi feita pela própria jovem, que contou ter escondido o sofrimento ao longo de anos. Ela procurou Rollemberg duas vezes para dizer que seu tio não poderia se tornar senador. “Soube de um fato grave e, na condição de homem público, cidadão e pai, não podia me omitir. Entendi que meu dever era comunicar o PT e solicitar a substituição”, afirma Rollemberg.
Hélio José esteve ontem no Correio acompanhado de um sobrinho, João Henrique Lima, de um irmão, Itamar Lima, da esposa, Edir, e de militantes petistas que o apoiam. Os familiares deram testemunho a favor de Hélio José contra as acusações da jovem.
Compadre de Hélio José, o ex-deputado Chico Vigilante saiu em defesa da jovem. “Esse sofrimento é solitário e muitas vezes a vítima não tem coragem de denunciar. Quando resolve falar, não tem nem mesmo o apoio da própria família”, disse o petista, que trabalhou internamente para aprovar o afastamento de Hélio José dos quadros do PT, assim como o presidente regional, Roberto Policarpo.
A suspensão contou com o apoio também de integrantes das correntes da esquerda do PT. Os representantes do distrital Chico Leite, do deputado federal Geraldo Magela e do próprio Hélio José na executiva regional defenderam a abertura de prazo para que ele pudesse se defender. “Para mim, a defesa é um princípio de que não abro mão”, explicou Chico Leite.
Com a desfiliação de Hélio José, a direção do PT deverá comunicar a nova situação ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) para que o pedido de registro da candidatura dele como suplente seja rejeitado. Em seguida, o PT deverá indicar um substituto. Rollemberg afirma que não sabe quem será escolhido, mas garante que não vai se intrometer. Entre os petistas lembrados para a substituição de Hélio José estão Daniel Seidl e Pedro Celso, um dos responsáveis pela agenda da campanha de Agnelo Queiroz.
Hélio José sustenta ser vítima de uma execração pública, que prejudicou sua família, supostamente organizada por Rollemberg para tirá-lo da chapa. Demonstra que agora vai trabalhar contra a candidatura dele ao Senado. Quanto às denúncias da sobrinha, os familiares saem sua defesa e apontam o ex-dirigente do PT como um pai íntegro e dedicado, mas ninguém apresenta um motivo real para desmontar a história de abuso sexual contada pela jovem.
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