sábado, 28 de agosto de 2010

Na garupa de Lula






Aliados ou não, muitos candidatos repaginam e disputam o DNA de programas federais para tentar herdar parte da popularidade do presidente





A alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez os candidatos regionais apelarem para todos os artifícios possíveis no intuito de absorver conquistas do governo federal. Programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família são remodelados, recauchutados e têm até o DNA disputado aos cotovelos pelos candidatos a governador. A corrida rumo à melhor foto ao lado dos benefícios não obedece nem à coloração partidária. Oposição ou governistas, a todos interessa o mesmo pote.





Inimigo declarado de Lula desde que veio a público dizer que alertara o presidente sobre o mensalão, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) tenta comandar Goiás pela terceira vez. A principal bandeira do tucano é disputar a paternidade do Bolsa Família. No horário eleitoral, contou ao eleitor que foi dele a ideia de criar o programa. A sugestão teria sido dada ao petista em 2003. Na propaganda, em formato de entrevista, ao citar o Renda Cidadão, projeto estadual que transfere renda a famílias pobres de Goiás, Marconi cita o presidente e explica a sugestão dada há sete anos. "Insisti muito com o presidente Lula no sentido de que ele juntasse os programas sociais num só. Eu não sugeri o nome, daí a coisa evoluiu para o nome Bolsa Família."





Segundo o candidato, no dia do lançamento do Bolsa Família pelo governo federal, Lula teria reservado agradecimentos especiais apenas a ele, Marconi, e ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP). "O Lula fez dois agradecimentos: um ao (senador) Suplicy e o outro à minha pessoa, pela insistência para que ele criasse o programa", revela o senador goiano. Ele ainda frisa que sempre apoiou as iniciativas do governo federal a favor do desenvolvimento do Brasil.





A tarefa de colher frutos de uma suposta paternidade do Bolsa Família inclui também a utilização de redes sociais para divulgação da mensagem. No vídeo postado pelo senador, contudo, o presidente confirma apenas que ouviu de Marconi a sugestão de "unificar os programas de assistência deste país".





A carona nos programas do governo federal também é constatada em estados como a Bahia e o Rio Grande do Norte, e no Distrito Federal. Candidato ao governo do DF, Joaquim Roriz (PSC) anunciou a criação do Minha Família, Meu Lar, versão brasiliense do Minha Casa, Minha Vida. O ex-governador promete construir apartamentos, regularizar terrenos e condomínios e criar uma linha de crédito para a reforma das casas. As propostas, segundo a assessoria de imprensa do candidato, seriam originais. Lula é quem teria copiado os programas habitacionais do ex-governador.





Genérico





Na Bahia, o mesmo programa inspirou Geddel Vieira Lima (PMDB) em sua tentativa de alcançar o Palácio de Ondina. O candidato prometeu criar uma versão do programa habitacional de Lula. Intitulou-o de Casa Bonita e promete ajudar as pessoas a remodelar e concluir obras inacabadas de suas residências. Outra promessa de Geddel é elevar o benefício mensal do Bolsa Família no estado para R$ 120, com recursos estaduais. "Só no primeiro ano do meu governo serão 226 mil famílias atendidas", anunciou. A assessoria do deputado ressaltou que o aumento do Bolsa Família deve-se às cidades baianas terem Índice de Desenvolvimento Humano abaixo da média nacional.





A oposicionista Rosalba Ciarlini (DEM-RN) também decidiu embarcar na onda do Bolsa Família para tentar se eleger governadora. A senadora colocou no programa de governo a promessa de ampliar os benefícios do Bolsa Família. "Meu adversário, que é governador (Iberê Ferreira), mandou agora um projeto sugerindo o complemento de até 25% no valor do benefício. A única coisa que fiz foi dizer que, se a proposta for aprovada, com verba prevista no Orçamento, bancarei o aumento", aponta Rosalba.





Ao passo em que lembra do Bolsa Família, Rosalba tem esquecido de Serra - ela não faz qualquer referência ao presidenciável. "A população aqui demonstrou que quer mudanças no governo estadual, mas está satisfeita com o governo federal", explica a senadora. Irritado com a apropriação de programas do governo federal por candidatos da oposição, Lula reclamou publicamente da prática. Em comício em Campo Grande, na terça, o presidente disse que o governador André Puccinelli (PMDB) apoderou-se de diversas bandeiras federais e conclamou os aliados a separar os projetos e apresentar ao eleitor.





O número





36 Dias





FALTAM PARA O 1º TURNO





Parece, mas não é





O que prometem quatro candidatos a governador





Geddel Vieira Lima (PMDB-BA)





Ex-integrante do governo Lula, Geddel mantém vínculos com programas do ex-chefe. Quer aumentar o Bolsa Família no estado e criar uma versão do Minha Casa, Minha Vida para os baianos: o Casa Bonita.





Joaquim Roriz (PSC-DF)





O candidato ao GDF anunciou a criação do Minha Família, Meu Lar, versão brasiliense do Minha Casa, Minha Vida. Ele alega que foi Lula quem copiou seus programas habitacionais.





Marconi Perillo (PSDB-GO)





O senador goiano disse no horário eleitoral que foi dele a ideia de criar o programa Bolsa Família. O presidente Lula confirmou ter ouvido de Marconi apenas uma sugestão para unificar programas sociais.





Rosalba Ciarlini (DEM-RN)





A senadora oposicionista promete bancar aumento de até 25% no Bolsa Família e ampliar o Programa Universidade para Todos, que concede financiamento para universitários de baixa renda no ensino privado.CB

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