Benício Tavares, um símbolo de sobrevivência política
A carreira política do deputado distrital Benício Tavares (PMDB) merece uma reflexão. Ele é um símbolo de sobrevivência política. Um vencedor numa corrida de obstáculos.
Nesta quarta-feira (11), Benício conseguiu uma liminar no TSE que o mantém no cargo até julgamento final dos recursos contra a cassação de seu mandato por 5 votos a 1 no TRE-DF. Ele é acusado de captação ilícita de votos e abuso de poder econômico.
Esta é apenas mais uma vitória judicial do distrital do PMDB. No ano passado, mesmo antes da decisão do STF de que a Lei da Ficha Limpa só vale para as próximas eleições, Benício já havia escapado de uma impugnação do MP Eleitoral porque a condenação que havia provocado a sua inelegibilidade prescreveu.
Com a prescrição, Benício se livrou de várias condenações judiciais por desvios de recursos da Associação dos Deficientes de Brasília, entidade que presidiu no início da vida pública e lhe deu visibilidade para entrar na política.
Em 2009, Benício conseguiu também ser absolvido por unanimidade pelo Tribunal de Justiça do DF do crime de exploração sexual de menores durante pescaria na Amazônia. Ele havia sido denunciado pelo Ministério Público do DF, mas sua absolvição foi pedida pelo próprio Ministério Público do DF em alegações finais elaboradas pelo então procurador-geral de Justiça, Leonardo Bandarra.
Benício também aparece no maior escândalo da história do DF, um dos rumorosos do país, a Operação Caixa de Pandora. De acordo com depoimentos de Durval Barbosa, o peemedebista recebia mesada para apoiar a campanha de José Roberto Arruda no PMDB em 2006 e também na Câmara Legislativa.
Ele, no entanto, escapou de bloqueio dos bens e da cassação do mandato. Benício aparece em vídeo com Durval, mas apenas conversando, sem imagem de dinheiro. E não foi citado no diálogo captado por escuta da Polícia Federal (PF) em que Arruda fala de recursos para a base aliada.
Com tantas adversidades, Benício evita exposições públicas. Depois de presidir a Câmara Legislativa duas vezes, o distrital -- único reeleito em todas as legislaturas da história do DF -- não disputa mais o comando da Casa. Também não aspira cargos no Executivo.
Mas nos bastidores tem muito poder. Indica pessoas de sua confiança para cargos estratégicos, participa de costuras políticas importantes e é respeitado pelos colegas pela habilidade de negociação.
No ano passado, Benício ajudou a fazer Rogério Rosso governador do DF no mandato tampão. Ele tinha prestígio nos dois governos anteriores, de Joaquim Roriz e de José Roberto Arruda. E mantém influência agora na gestão de Agnelo Queiroz.
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