Os números relativos à pratica do bullying no DF são alarmantes e agravados a cada dia pelo uso das redes sociais como ferramenta de violência. A constatação é do consultor Ricardo Chagas, idealizador do programa “Caixa de Ferramentas”. De acordo com seus levantamentos, no DF, três em cada grupo de dez estudantes são vítimas desse tipo de violência. “A prevenção é a medida mais eficaz e nesse contexto de entretenimento, é necessário utilizar a linguagem dos jovens para obtermos melhores resultados”, afirmou Chagas, durante a audiência pública realizada na Câmara Legislativa, nesta terça-feira, para debater a adoção de políticas de combate a essa violência nas escolas públicas e particulares do DF.
Segundo os debatedores que participaram do evento, o cyberbullying tem chamado a atenção dos especialistas e estudiosos do ramo por ser uma das formas mais cruéis e perigosas de bullying, já que uma vez exposta na internet, perde-se o controle do material divulgado.
As discussões abordaram também a qualidade da educação oferecida pelas instituições e a capacidade dos profissionais em lidar com o tema. A consultora da UNESCO, Maria José Rocha, disse que há pouca preparação por parte dos educadores. “Hoje em dia, os pais continaum esperando que seu filho vá para escola para se socializar. No entanto, muitas vezes, eles voltam com a noção de que a escola é um lugar de violência”, ilustrou.
Desde 2003 o pesquisador Augusto Pedra trata do assunto. Segundo ele, o bullying pode ser tratado como uma epidemia psicossocial expansiva, pois atinge todas as classes e traz várias conseqüências negativas. Para ele, há características claras para que as pessoas identifiquem a prática violenta. “Primeiro o processo deve ser repetitivo e ainda, a prática de poder, superioridade e o constrangimento”, acrescentou.
Autor do PL 156/2011, que cria a “Política de Combate ao Bullying no DF”, o deputado Cristiano Araújo (PTB) pretende levar a discussão para todas as escolas do DF. “ Precisamos envolver a sociedade neste debate que é muito importante. O seu filho pode estar sendo vítima desse processo nesse momento”, exemplificou.
Todo o debate circulou em torno do PL 156/2011, de autoria do deputado Cristiano Araújo (PTB), que cria a Política Antibullying nas escolas do DF. O parlamentar resolveu realizar a audiência pública para submeter a proposta a apreciação da sociedade e dos especialistas para ser aperfeiçoado. “Nosso objetivo é deixar a proposta o mais próximo da perfeição”.
O parlamentar lembrou que, segundo o Censo do IBGE-2010, o DF é a primeira capital do País em número de casos de bullying, seguida de Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR). “As outras cidades já criaram suas leis para impedir a evolução do problema. Precisamos agir rápido aqui no DF”, disse.
Cristiano aproveitou a ocasião para fazer o lançamento oficial da campanha “Bullying, Aqui Não!!”, com logmarca e materiais informativos, como forma de conscientização da sociedade para essa forma de violência.
Além dos deles, participaram ainda das discussões representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); Vara de Infância e da Juventude do DF; do Batalhão de Polícia Escolar da PM; e do Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência (Proed/DF) “O silêncio protege o agressor, denuncie!”, finalizou Charles Júnior representante da Comissão de Direitos Humanos da OAB.
Os parlamentares Raad Massouh (DEM), Aylton Gomes (PR), Olair Francisco (PTdoB), Washington Mesquita (PSDB) e Rejane Pitanga (PT) também participaram das discussões e parabenizaram Cristiano e o deputado Agaciel Maia (PTC), que também adotou medidas parlamentares para conter o crescimento do bullying. “É preciso que todos se sensibilizem”, afirmou ao compartilhar a presidência dos trabalhos com Cristiano.
Preconceito - A qualidade do ensino e a desumanização dos processos de trabalho nas escolas públicas também foram alvos de críticas. Em resposta, o secretário-adjunto de educação do DF relatou que a melhora na educação é um processo lento e gradativo, mas que com as novas diretrizes da secretaria esperam ter resultados positivos. “A melhora vem com o tempo, pois esse é um longo processo. O enfrentamento à prática de violência nas escolas e o esclarecimento sobre fatores que geram preconceito e discriminação assim como o combate dos mesmos são mecanismos eficazes”, concluiu.
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