sábado, 26 de fevereiro de 2011

Chico Leite, um aliado de Agnelo Queiroz na Câmara Legislativa




Detentor da maior votação nas últimas eleições, o distrital diz ter recusado convites para o 1º escalão por se sentir mais útil no parlamento







Luísa Medeiros



Publicação: 26/02/2011 08:00 Atualização: 26/02/2011 00:43

 (Iano Andrade/CB/D.A Press)

Recordista de votos na última eleição para a Câmara Legislativa, o deputado distrital Chico Leite (PT), 47 anos, recusa o argumento de que o peso político adquirido nas urnas — simbolizado pela preferência de 36.806 eleitores — deveria ter sido levado em consideração pelo governador Agnelo Queiroz para acomodá-lo no Poder Executivo. Procurador de Justiça e professor de direito penal, ele diz que se sente contemplado e alega não ter aceitado convites feitos pelo colega petista porque entende poder contribuir mais com o governo exercendo o seu terceiro mandato parlamentar. “Meus eleitores só entenderiam se eu abrisse mão do cargo para assumir a Secretaria da Justiça”, contou ao Correio.




Leite garante que desempenhará papel de fiscalizador dos gastos públicos, e, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, coibirá a aprovação de leis inconstitucionais, além de lutar para acabar com barganhas políticas na distribuição de projetos nas comissões temáticas. Ele faz críticas ao comportamento de deputados da oposição, que, até agora, não teriam encabeçado nenhum embate ideológico, e, sim, encenado um “jogo de marketing com oportunismo eleitoreiro”. As ponderações feitas sobre a aliança selada entre PT e PMDB à disputa ao Palácio do Buriti não fazem mais parte do discurso do cearense de Milagres.



Chico Leite afirma ter digerido a união devido à mudança na fundamentação da causa dos políticos peemedebistas. “Tenho verificado que, até agora, os partidos aliados, entre eles o PMDB, têm apoiado o governador Agnelo na causa”, analisa o parlamentar.



O senhor foi um dos maiores opositores à aliança PT/PMDB ao Palácio do Buriti. Já deu tempo para digerir essa união?

Fui contra por coerência e por não compreender como podíamos nos unir a quem sempre contestamos, além de não aceitar o envolvimento de peemedebistas na Caixa de Pandora. Em direito se diz que só se muda a conclusão quando há mudança na fundamentação. Tenho verificado que, até agora, os partidos aliados, entre eles o PMDB, têm apoiado o governador Agnelo na causa. E isso é fundamental para se fazer um governo que coloque em primeiro plano o ser humano e não as obras megalomaníacas ou as privatizações que enchem o bolso dos maus empresários.



Na fase de composição de governo, o senhor foi cotado para ser o titular das secretarias de Justiça e de Transparência, mas acabou assumindo o mandato na Câmara Legislativa. Você se sente contemplado?

Não meço a contemplação segundo o número de cargos que me é conferido. Estarei sempre contemplado enquanto o governo continuar perseguindo as prioridades que fizeram a eleição da coligação Um Novo Caminho. O governador me sondou para várias secretarias, mas eu o fiz verificar que ajudaria mais atuando como deputado. Ele foi generoso de compreender isso.



Que contribuição o senhor pode dar ao Executivo?

Ao fiscalizar os gastos públicos para que o governo possa executar o seu programa sem desvios, e coordenando os trabalhos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara, com base nos princípios do Estado democrático de direito.



O governo está conseguindo se organizar para atender o mais rapidamente possível os anseios da população?

Vejo dois grandes problemas. A generosidade de Agnelo e de Filippelli fez com que buscassem um governo de consenso, sem oposição. Ainda não vi nenhum embate ideológico na Câmara. Quem prega agora a nomeação de professores concursados aprovava leis no passado a favor dos temporários. Oposição não tem adjetivo: ou é ideológica ou jogo de marketing para ganhar voto à custa da expectativa do eleitor. É preciso definir quem está no nosso campo. É um papel do governo a construção política, com estabilidade. O segundo problema é que há um acúmulo de atribuições desumano quando se coloca numa mesma pasta a responsabilidade pela política e pela gestão. É preciso que as tarefas sejam desempenhadas por órgãos diferentes, para que quem faça a política tenha tempo de conversar muito, de convencer, de dizer não olhando nos olhos.

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