sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ex-secretário de Desenvolvimento Econômico sofre ameaça de morte








Juliana Boechat



Publicação: 29/04/2011 06:52 Atualização: 29/04/2011 07:02



O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico José Moacir Vieira registrou uma ocorrência na 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia), por volta das 16h30 de ontem, alegando ter recebido uma ameaça de morte. Durante os três meses que esteve à frente da pasta, ele foi alvo de intimidações. Enquanto ocupava o alto escalão do GDF, José Moacir chegou a pedir escolta policial ao governador Agnelo Queiroz (PT). Como a tensão permaneceu mesmo após o pedido de exoneração, Moacir preferiu agir em favor da sua integridade e da sua família. A delegacia responsável pelo caso suspeita da atuação de servidores da administração pública no esquema. Os suspeitos podem pegar de dois a quatro anos de prisão.



O clima tenso motivou a saída de Moacir, que deixou o governo em 31 de março. “Dias após ter assumido a secretaria e tomado algumas atitudes para moralizar o setor, passei a receber ameaças veladas por telefone. Deixei a pasta, mas depois as ameaças continuaram”, explicou. Ele não deixou transparecer a situação enquanto compunha o GDF por não querer “se curvar a essa situação”. Mas, agora, resolveu ser prudente e proteger os familiares. “Na época em que eu era secretário, cheguei a solicitar escolta. O governador colocou um delegado para trabalhar comigo. Mas eu pedi para sair antes de essa segurança ser efetivada”, lembrou.



Em entrevista concedida ao Correio no início de abril, Agnelo confirmou a situação vivida por José Moacir. “Eu estava muito satisfeito com ele, que veio com coragem e determinação para romper práticas até então vigentes. Por isso, ele sofreu pressões, ameaças. Demos todo o respaldo, mas entraram os limites familiares. Pelo mérito, ele estava correto e essa política vai continuar”, ressaltou. O ex-secretário havia prometido um arrocho nas irregularidades do Programa de Promoção do Desenvolvimento Econômico Integrado e Sustentável (Pró-DF). Alguns empresários beneficiados venderam os espaços comerciais, que passaram a ser usados como residências, o que é proibido pelo projeto de incentivo fiscal.



O delegado da 15ª DP, Fernando Batista Fernandes, instaurou inquérito policial para verificar a origem dos telefonemas e identificar os responsáveis. “Vamos quebrar o sigilo das ligações que ele recebeu no celular e na empresa. Os criminosos podem responder por ameaça e coação no curso do processo”, avaliou. Caso haja envolvimento de servidores públicos, será aberto ainda processo administrativo contra eles. “Não descartamos nada”, afirmou Fernando.

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