GDF contratará mais empresas para reforçar poda do mato
No próximo dia 2, pregão eletrônico define a contratação de empresas para fazer o serviço com a GHS, a única encarregada do trabalho
Thalita Lins
Publicação: 28/01/2011 08:00 Atualização:
O cenário em muitas regiões administrativas do Distrito Federal, como São Sebastião, Guará e Samambaia denuncia a lentidão da Operação Casa Arrumada — programa coordenado pela Secretaria de Obras —, em ação desde o primeiro dia de mandato do governador Agnelo Queiroz. Uma equipe do Correio percorreu regiões do Plano Piloto e de várias regiões administrativas e constatou pontos que parecem ter sido esquecidos pelo governo. O secretário de Obras, Luiz Carlos Pitiman, admite que há demora no serviço de poda de mato, problema que se arrasta desde a greve dos funcionários da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) (Veja Entenda o caso). De acordo com o chefe do Departamento de Parques e Jardins da Novacap, Rômulo Ervilha, apenas 800 homens de uma única empresa estão nas ruas para fazer o trabalho em todo o DF. A situação deve melhorar no início de fevereiro, quando pelo menos mais duas companhias serão contratadas por pregão eletrônico.
O motivo para a demora na execução do serviço se deve ao fato de que a empresa responsável pelos trabalhos, a GHS Indústrias e Serviços Ltda., está hoje com apenas 40% dos homens e das máquinas em atividade. “No primeiro dia, eles estavam com 30% dos funcionários e máquinas. Nos reunimos e dei um prazo para que aumentassem esse número. No último dia 18, constatamos que a GHS tinha acrescentado apenas 10%”, declara o secretário. “Depois disso, eles apresentaram documento com a desistência de três dos quatro lotes dos quais eram responsáveis (veja quadro). E ficaram apenas com o lote I, que engloba Plano Piloto, lagos Sul e Norte, Cruzeiro e Sudoeste”, explica o gestor da pasta.
Pitiman deu prazo até o fim de fevereiro para que todos os matos e gramas do DF estejam cortados. “Mas, para isso, não podemos ter problemas com o pregão das empresas que serão contratadas”, frisa o secretário. Até o último dia 22, 17.506.040 m² foram capinados, o equivalente a 2.121 Maracanãs. Em 2 de fevereiro, será aberto uma concorrência eletrônica para a contratação de mais empresas para executarem o serviço.
Exigências
Para que o mesmo problema da gestão passada não se repita nos próximos quatro anos de governo, o secretário delimitou novas exigências. “Ninguém pode ganhar mais de dois lotes. Como temos três, no mínimo teremos três empresas, contando com a GHS. Já no primeiro dia de trabalho, elas devem apresentar 75% dos homens e equipamentos em atividade. Dez dias depois, já devem estar com 100% disso nas ruas”, esclarece Pitiman.
Até que a situação seja normalizada, os brasilienses terão que enfrentar as consequências do problema. Em São Sebastião, um caso chama a atenção. Na Rua Marginal do Agudo, no bairro São José, um parque que deveria servir de lazer para a população desde novembro mais parece uma reserva ambiental. A vegetação tomou conta da quadra de esportes e das mesas e cadeiras de cimento.
A coordenadora do Projeto Viva Padre Gailhac — que atende 256 crianças e adolescentes carentes de São Sebastião —, Badia Dolores Garcia, 58 anos, não tem sossego desde que a grama da área de lazer deixou de ser aparada. “O lugar virou depósito para objetos roubados, drogas, refúgio para assaltantes e até cemitério de animais. Já liguei várias vezes para a Novacap e para a Administração da cidade e nada”, declara.
Outro parque, localizado na Quadra 204 do Setor Residencial Oeste, também em São Sebastião, vive o mesmo descaso. A poucos metros de lá, em um descampado, dois amigos tentam empinar pipa em meio ao matagal. “Ficou difícil brincar porque ficamos com medo de encontrar cobra. Meus pais têm medo também que eu me divirta aqui”, conta o estudante Emerson Dias Ferreira, 12 anos, acompanhado do vizinho, Marlison Sodré, 15.
No Guará I, ao lado da casa do funcionário público Donizete da Silva, 50 anos, existe outro parque, que também está tomado pelo mato alto. Se não fosse pelas próprias mãos, o muro do imóvel dele ainda estaria coberto pelo verde que sai do terreno público vizinho. “Eu capinei porque, se não fizesse isso, eu ainda encontraria cobras e sapos grandes na minha casa”, conta Dozinete, que já teve de matar quatro bichos com medo que os dois filhos pequenos, Leonardo, 8, e Laila, 2, fossem atacados.
Na QR 611 de Samambaia, a vegetação dificulta o trabalho até das pessoas envolvidas na operação de limpeza. “Eu tenho que catar lixo em vários lugares de Samambaia e fica difícil entrar nessas gramas altas. Tenho medo de bichos, até porque ninguém consegue enxergar direito o que tem nesses lugares”, reclama a gari Francisca Alves de Souza Lima, 45 anos.
Áreas de atuação
Divisão dos lotes para o serviço de capinagem:
Lote I
Plano Piloto / Lago Sul/ São Sebastião / Granja do Torto / Lago Norte/ Varjão / Paranoá/ Itapoã/ Taquari/ Sudoeste/ Cruzeiro/ Octogonal / S I A/ SCIA/ SOF Sul/ EPIA Viaduto Guará ao Viaduto Colorado / Escolas Públicas/ Residências Oficiais (Granja do Torto, Alvorada e Jaburu)
Lote II
Sobradinho I/ Sobradinho II/ Fercal l/ Lago Oeste / Planaltina / BR 020 (Viaduto Colorado até Trevo Planaltina) e suas faixas de domínios/ Escolas Públicas
Lote III
Samambaia/ Taguatinga/ Águas Claras/ Vicente Pires / Guará / Park Way - Quadras 01 a 05 Ceilândia / Brazlândia / Escolas Públicas
Lote IV
Núcleo Bandeirante / Candangolândia/ Vargem Bonita / Park Way 06 a 29 / Santa Maria / Gama Caub I e II/ Recanto das Emas / Riacho Fundo I e II / Escolas Públicas
ENTENDA O CASO
Greve e lentidão
Em 22 de novembro de 2010, os servidores da Novacap cruzaram os braços. Os funcionários da GHF, companhia terceirizada responsável pela poda de grama no DF, também pararam durante a greve. A paralisação acabou em 7 de dezembro. A expectativa dos brasilienses era de que o governo montasse uma força-tarefa para acelerar a poda da grama nas cidades, mas o que se vê, até hoje, é uma tímida mobilização, incapaz de devolver ao DF antiga paisagem.
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