Derrotados vivem nova realidade
Derrotados depois de passar os últimos anos nos holofotes, nomes como Arthur Virgílio (PSDB-AM), Fernando Gabeira (PV-RJ) e Heráclito Fortes (DEM-PI) tentam descobrir que há vida fora da política. Passado o choque inicial, nenhum deles descarta voltar à vida pública.
A lista das estrelas que amargaram revés eleitoral é composta, na maioria, por opositores de Lula. Assim, o discurso comum é culpar o ex-presidente pela derrota.
A tribuna deu lugar ao Twitter, onde os derrotados opinam sobre o governo Dilma Rousseff e tentam não perder contato com eleitores.
Arthur Virgílio atua como assistente do Ministério Público Eleitoral em representações contra Eduardo Braga (PMDB) e Vanessa Grazziotin (PC do B), eleitos para o Senado no Amazonas.
Ele aponta fraude eleitoral e diz que houve ordem de Lula para derrotá-lo, graças a sua atuação pela derrubada da CPMF, em 2007. "A história vai dar ao Fernando Henrique papel maior que o do Lula. Ele não escapa desse julgamento'', diz.
Longe da tribuna do Senado, de onde ameaçou, em 2005, dar uma "surra" no ex-presidente, Virgílio se prepara para retomar a carreira diplomática, da qual estava licenciado havia 16 anos. Está finalizando uma tese sobre o papel do Parlamento na formulação da política externa, de Rio Branco a Lula.
Mas não esconde que se prepara mesmo é para voltar à política, seja com uma vitória na Justiça Eleitoral, seja disputando a eleição para prefeito de Manaus, no ano que vem. "Não tenho como ficar fora da política", diz.
Algo comum a quem está longe de Brasília é dizer que encontrou tempo para retomar velhos hábitos, como leitura, exercícios físicos e contato com a família.
"Fazia vários anos que eu não passava um mês inteiro em Curitiba", se espanta o ex-deputado Gustavo Fruet (PSDB), ex-estrela da CPI dos Correios, que perdeu a eleição para o Senado.
Embora não quisesse mais um mandato na Câmara, Fruet não esconde o estranhamento com a nova rotina, que inclui palestras pagas e a briga pelo comando do PSDB local. "Estou há 48 dias sem terno e gravata."
O ex-campeão de votos do Paraná é um dos poucos tucanos que não culpam Lula por seu fracasso e aponta a divisão em seu próprio partido como fator principal.
"Sou um estranho no ninho do PSDB", lamenta.
Inadequação também é a sensação do ex-senador Heráclito Fortes (DEM-PI), um dos próceres anti-Lula. "Eu me sinto como o Mubarak, após 28 anos de mandato.''
"Ociosidade é algo que nunca tinha experimentado. O começo é meio chocante."
Enquanto estuda convites para atuar em conselhos de empresas, o ex-primeiro-secretário do Senado antecipa que pretende ficar 90 dias "de perna pro ar''.
Na contramão da onda de baixo-astral pela vida longe do poder, o ex-deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) comemora a volta à reportagem.
Já cobriu a tragédia da chuva no Rio e fez uma reportagem in loco na Venezuela.
Quer montar uma agência de produção de conteúdo sobre o Rio, de olho na Copa e na Olimpíada. "Reorganizar a vida aos 70 é complexo. Por isso, agora não penso em voltar à política, embora não possa descartar.'' Na Folha, lamentando que seus políticos estejam sem mandato
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