Em meio a protestos, GDF cria fórum para negociar com servidores
Em meio aos protestos de integrantes do Sinpro que reivindicam a convocação de professores aprovados em concurso realizado em 2010, GDF cria mesa permanente para dialogar com servidores e sindicatos
Lucas Tolentino
Publicação: 01/02/2011 08:00 Atualização:
Professores que fizeram o último concurso da Secretaria de Educação conseguiram um canal de discussão com o poder público. O Governo do Distrito Federal criou ontem a Mesa Permanente de Negociação com os servidores e seus sindicatos. Por enquanto, no caso dos docentes, a decisão continua a mesma. Apenas os 400 primeiros colocados assumirão as salas de aula. Segundo a pasta, os nomes devem sair no Diário Oficial do DF de hoje. Como forma de protesto, os docentes que ficaram fora da lista fecharam parte do Eixo Monumental durante a manhã de ontem, na altura do Palácio do Buriti.
A convocação cumpre as determinações do edital, já que, pelas regras da seleção, o governo tinha o prazo de dois anos para empossar os 400 candidatos que se saíram melhor nas provas. Mas a carência nas escolas públicas do DF supera o quantitativo de professores chamados até agora. A estimativa inicial da Secretaria de Educação calcula um deficit de cerca de 3 mil docentes na rede. Nos próximos dias, os técnicos do órgão concluirão o levantamento que mostrará a situação precisa das deficiências do sistema público de ensino.
Outro concurso
O embate esquentou ainda mais por conta da possibilidade de contratação de outras pessoas em cadeiras efetivas da rede. O governo homologou no Diário Oficial do DF de ontem a relação de candidatos aprovados em outro concurso, desta vez para a seleção de professores temporários. De acordo com a Secretaria de Educação, no entanto, a publicação não atrapalha a convocação dos 400 docentes. A intenção do GDF é preencher as demais vagas e reduzir de forma gradativa a quantidade de contratos temporários da rede, dentro dos meios legais.
A criação da mesa de discussões com o funcionalismo ocorreu em meio aos protestos de integrantes do Sindicato dos Professores no DF (Sinpro) e de mais de 150 pessoas que participaram da seleção para a carreira efetiva de magistério, realizada no segundo semestre do ano passado. Durante a manifestação, uma comissão deixou de lado as faixas e os apitos e se reuniu com representantes do GDF. O grupo foi recebido pelos secretários de Administração Pública, Denilson da Costa, de Educação, Regina Vinhaes, e de Governo, Paulo Tadeu.
O ano letivo das escolas públicas começa na quinta-feira da semana que vem. Os professores com o futuro incerto só terão um novo posicionamento depois do início das aulas. Durante o primeiro encontro da mesa de negociação, marcado para o próximo dia 16, a Secretaria de Educação deverá apresentar o cronograma de nomeação dos demais candidatos do certame.
Uma hora de manifestações
A manhã começou tumultuada em frente ao Palácio do Buriti. Dirigentes do Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) gritavam ao microfone em cima do trio elétrico e mais de 150 docentes aprovados no último concurso da Secretaria de Educação apitavam e seguravam faixas com as reivindicações do grupo. Durante cerca de uma hora, o grupo invadiu o Eixo Monumental e fechou quatro faixas de rolamento da pista, em direção ao Memorial JK.
Na semana passada, o site da Secretaria de Educação divulgou uma lista com 1.545 aprovados na seleção. O problema é que a chefe da pasta, Regina Vinhaes, suspendeu o ato de convocação sob alegação de problemas orçamentários. Na última sexta-feira, o governador do DF, Agnelo Queiroz, anunciou que os primeiros 400 professores da lista publicada anteriormente seriam chamados.
Diante da impossibilidade apresentada de aumento na quantidade de convocações, o grupo marcou um novo protesto. Líderes sindicais e os demais aprovados que não conseguiram a nomeação vão hoje à Câmara Legislativa em busca de apoio parlamentar para possíveis mudanças no orçamento deste ano.
O posicionamento irredutível do governo deixou insatisfeitos os manifestantes. Rosilene Corrêa, diretora de comunicação do Sinpro-DF, acredita que as negociações não têm avançado. “A cada encontro, a frustração aumenta. Ainda não foi apresentado o calendário de nomeações, nem o número real de carências. Mas as convocações estão sendo feitas abaixo do que a secretaria precisa”, afirmou.
Técnicos
Os aprovados para os cargos de técnicos em gestão educacional engrossaram o protesto, mas não conseguiram ser recebidos pelo GDF. O grupo reivindica a convocação de candidatos da seleção de novembro de 2009. De acordo com o representante do grupo, Luís Antônio de Oliveira, cerca de 1,8 mil pessoas aguardam chamada para as carreiras de secretário escolar, monitor e apoio administrativo. “Existem muitas vacâncias nessas três áreas e o orçamento deste ano prevê 650 nomeações. Mas o governo ainda não deu previsões concretas sobre o assunto”, explicou Luís Antônio. (LT)
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