Dilma pede à Fazenda análise sobre impacto da revisão do Imposto de Renda
Ivan Iunes
Tiago Pariz
Publicação: 25/01/2011 09:23 Atualização:
O governo federal decidiu entregar parte das reivindicações feitas pelas centrais sindicais. De olho em corrigir a tabela do Imposto de Renda, a presidente Dilma Rousseff pediu que o Ministério da Fazenda faça cálculo sobre o impacto dessa decisão e do aumento do salário mínimo nas contas públicas. O reajuste no IR pode ser de até 6,46% e Dilma sinalizou uma flexibilização em relação ao valor de R$ 545.
O estudo vai embasar reunião amanhã entre o ministro da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, e sindicalistas de sete centrais, entre elas a Força Sindical e a Central Única dos Trabalhadores. Pelas contas da equipe econômica, a atualização da tabela no patamar defendido pelos sindicalistas significaria renúncia de arrecadação próxima de R$ 5 bilhões. Já o salário mínimo geraria impacto na economia de R$ 286 milhões a cada R$ 1 de reajuste.
As próprias centrais dão como certa a correção de tabela do imposto em 6,46%. “É o mínimo a ser feito. Tivemos aumentos acima da inflação e parte desse aumento está sendo comido pelo Leão”, diz o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique. Os sindicalistas entraram na Justiça em 20 estados exigindo a atualização, prometida pelo ex-presidente Lula e por Dilma durante a campanha eleitoral.
Ônus
Uma vitória parcial, no entanto, não significará para os trabalhadores abrir mão de um mínimo maior que R$ 545. “O PIB de 2009 foi negativo por causa da crise econômica. Não dar o reajuste superior é transferir o ônus da crise integralmente para os trabalhadores, pois até os empresários tiveram incentivos”, critica Henrique. Mas, embora reivindiquem o novo salário em R$ 580, os sindicalistas admitem nos bastidores aceitar um mínimo de R$ 550. Dilma havia batido o pé por R$ 545 e mandou recados à base aliada através do ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, de que qualquer valor acima disso seria vetado.
Em reunião ontem com Gilberto Carvalho, porém, a presidente disse que estava formulando sua opinião definitiva e que gostaria de ouvir a posição das centrais. Além do valor para este ano, o governo vai prever também o reajuste do mínimo para o ano que vem, que ficará próximo dos 14%.
Recorde
Nos últimos anos, o governo Lula reajustou a tabela do IR em 4,5%, o centro da meta de inflação estabelecido pela equipe econômica. Se Dilma optar pelos 6,46%, será o maior índice desde o aprovado para 2007, que chegou a 7,9%.
Para especialistas, reajustar a tabela e a remuneração base incentiva o consumo, o que aumenta a arrecadação. Na prática, parte do dinheiro retorna aos cofres públicos e compensa o peso dos dois benefícios para as contas do Tesouro.
“A luta salarial se torna inócua sem a correção da tabela. Sem o reajuste do Imposto de Renda, os aumentos salariais do último ano ficam insignificantes. O impacto das medidas no mercado de trabalho acaba gerando mais imposto para a pessoa física”, diz o economista da Universidade de Brasília (UnB) Roberto Piscitelli.
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