sábado, 1 de janeiro de 2011

DISTRITO FEDERAL




Agnelo deverá ter habiildade para garantir base de apoio na Câmara



Para lidar com a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Agnelo Queiroz (PT) terá de conversar permanentemente com 17 partidos. A maioria dos 24 deputados distritais eleitos na última eleição fez parte do grupo de sustentação da chapa do petista. Juntas, as 11 legendas da coligação Um Novo Caminho e as duas siglas que declararam apoio a Agnelo no decorrer do pleito emplacaram 15 nomes. A maior bancada é a do PT, com cinco parlamentares. Do outro lado, parte dos nove eleitos pela chapa adversária está alinhada com o futuro governador.



Entretanto, o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) Paulo César Nascimento acredita que o grande número de partidos deverá complicar as relações entre Executivo e Legislativo. Segundo ele, são muitos interesses pulverizados e o novo governador precisará saber negociar com os distritais. “Quanto mais fragmentada a base, mais difícil encontrar um denominador comum”, afirma. Segundo ele, tudo vai depender da habilidade política do governo e da construção de uma ponte com os distritais, por meio de um nome forte e articulado. “Senão, vai ter de tratar no varejo.”



Bolo fatiado

Essas conversas começaram na fase de transição. Um dos principais articuladores foi o novo secretário de Governo, Paulo Tadeu (PT). As primeiras movimentações levaram em conta as eleições para a Mesa Diretora, que ocorrerá hoje. Para a disputa, os distritais formaram cinco blocos, com a média de cinco membros para cada grupo. As negociações petistas fizeram com que, para a Presidência, o nome mais cotado seja o de Cabo Patrício (PT). Para isso, além do apoio da bancada petista, foi preciso ceder pedaços do governo para conquistar aliados e retirar de cena adversários. Por exemplo, Alírio Neto (PPS), principal concorrente ao cargo mais alto da Casa, será secretário de Justiça. Com essa movimentação, os votos dos membros dos blocos dos dois devem ir para Patrício.



De toda sorte, o que foi negociado para a eleição pode não valer a partir de 1º de fevereiro, quando começarão as sessões no plenário da Casa. Por isso, a articulação do governo deverá ser constante. Para a divisão das secretarias e das administrações regionais, Agnelo afirma ter conversado com todos. “Uma coisa é eleger, outra é governar”, diz Nascimento. Segundo o especialista, o surgimento de elementos, como a distribuição de cargos e de poder, muda as relações políticas. “Agnelo tem as condições para encontrar um novo enfoque para agregar apoio, com base no programa de governo, mas vai ser muito difícil transformar as práticas anteriores, como de pagamento de mesadas”, afirma o cientista político. Informações do Correio Braziliense





Quem é quem / Deputados distritais da nova legislatura



Agaciel Maia (PTC)

Elegeu-se um ano e meio após ser exonerado do cargo de diretor-geral do Senado. Pivô do escândalo dos atos secretos, é acusado de ocultar da Justiça imóvel avaliado em mais de R$ 4 milhões. No último mês, virou réu em ação de improbidade administrativa devido a "fortes indícios de prejuízo ao erário".



Aylton Gomes (PR)

Um dos deputados citados como suposto beneficiário do esquema de pagamento de propina revelado na Operação Caixa de Pandora. Bombeiro militar, foi administrador regional de Planaltina no governo Arruda. Atuou, de 2007 a 2008, como vice-presidente da Comissão de Segurança da Câmara.



Benedito Domingos (PP)

Vice-governador na chapa de Roriz em 1998, perdeu a eleição para o GDF em 2002. Quatro anos depois, foi eleito distrital. Investigado na Caixa de Pandora, teve os bens bloqueados pela Justiça. O MPDFT pede a restituição de R$ 6 milhões que Benedito teria recebido em troca de apoio ao governo.



Benício Tavares (PMDB)

O peemedebista teve de garantir a reeleição na Justiça. Ele havia sido impugnado pelo TRE-DF, com base na Lei da Ficha Limpa, por ter sido condenado por apropriação indébita de recursos da Associação dos Deficientes Físicos de Brasília. Também é citado na Operação Caixa de Pandora.



Cabo Patrício (PT)

Principal nome para a Presidência da Câmara Legislativa, foi o vice-presidente da Casa em 2009 e 2010. Assumiu o posto mais alto por alguns meses, com a renúncia de Leonardo Prudente. PM por 16 anos, foi expulso em 2000 da corporação por

liderar uma greve. Anistiado pelo governo Lula, Patrício será reintegrado e promovido.





Celina Leão(PMN)

Afilhada política de Joaquim Roriz (PSC), foi secretária da Juventude e chefe de gabinete de Jaqueline Roriz (PMN) na Câmara Legislativa. Após as eleições, Celina se afastou da família Roriz e prometeu manter uma postura independente em relação ao governo Agnelo. É administradora de empresas.





Chico Leite (PT)

Teve a maior votação para a Câmara Legislativa, com 36,8 mil votos. Promotor de Justiça e professor de direito penal, o cearense da cidade de Milagres foi eleito para o terceiro mandato consecutivo. Na fase de transição de governo, esteve cotado para diversas secretarias, como a de Justiça e Cidadania.



Chico Vigilante (PT)

Foi o presidente do Sindicato dos Vigilantes do DF de 1984 a 1990, quando saiu para se tornar deputado federal. Em 2002, conquistou uma vaga na Câmara Legislativa, mas ficou

de fora na última legislatura. O distrital foi um dos fundadores do PT-DF, legenda que presidiu por três vezes.



Cláudio Abrantes (PPS)

Policial civil e bacharel em direito, ficou conhecido por interpretar o papel de Jesus Cristo na Via Sacra no Morro da Capelinha, em Planaltina. Na última legislatura, foi suplente do PPS, tendo exercido o mandato com a saída de Alírio Neto para a Secretaria de Justiça do DF.



Cristiano Araújo (PTB)

Teve posição de destaque, em 2010, ao presidir uma das comissões mais importantes da Casa, a de Economia, Orçamento e Finanças, e ao relatar o Orçamento do DF para 2011. Atualmente com 27 anos, estreou na Câmara em 2007, com a força eleitoral da família, dona de empresas de segurança.



Dr. Michel (PSL)

Delegado de polícia, Márcio Michel Alves atuou em Planaltina, Paranoá e Sobradinho. Respondeu a cinco denúncias por abuso de poder e uma de tortura. Foi absolvido de todas. Em 2009, foi acusado de torturar uma empregada doméstica para obter a confissão. Laudo do IML não confirmou a agressão.



Eliana Pedrosa (DEM)

Eleita para o terceiro mandato, foi secretária de Desenvolvimento Social na gestão Arruda. Na campanha eleitoral para governador deste ano, preferiu manter a neutralidade a defender a candidatura de Weslian Roriz (PSC) ou de Agnelo Queiroz (PT). É empresária do ramo de segurança.





Evandro Garla (PRB)

Pastor da Igreja Universal do Reino Deus, conseguiu se eleger no lugar do ex-distrital, correligionário e pastor Aguinaldo de Jesus — que não concorreu nas últimas eleições por determinação de bispos superiores. Radialista, Garla participou

da fundação do PRB, em 2005.



Israel Batista (PDT)

Suplente na última legislatura, o cientista político e professor elegeu-se pela primeira vez no pleito de outubro. De 2007 a 2009, coordenou o Departamento de Pesquisas em Economia Solidária do Ministério do Trabalho, fez parte da Assessoria de Juventude do DF e foi secretário de Trabalho.



Joe Valle (PSB)

Cotado para secretário de Agricultura no governo de Agnelo Queiroz (PT), decidiu assumir o primeiro mandato na Câmara Legislativa. Engenheiro florestal, foi secretário de Ciência e Tecnologia do Ministério da Tecnologia e assumiu a Emater-DF poucos dias antes da Operação Caixa de Pandora.



Liliane Roriz (PRTB)

A filha caçula do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) assume o primeiro mandato na Câmara Legislativa. Ela sucede a irmã, que ocupará uma vaga na Câmara dos Deputados. Liliane é administradora de empresas e promete fazer a oposição ao governo Agnelo.



Luzia de Paula (PPS)

Professora da rede pública, foi suplente na legislatura passada pelo PSL. Agora, assume o mandato no lugar de Alírio Neto (PPS) — que volta à Secretaria de Justiça. Do interior de Minas Gerais, chegou a ser noviça e mudou-se para o DF na década de 1970 com uma congregação religiosa.



Olair Francisco (PTdoB)

Empresário, possui uma rede de 40 lojas de calçados no Distrito Federal e em Goiás.

Foi administrador de Águas Claras e presidente da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga. Na última legislatura, foi suplente do distrital Aylton Gomes (PR).



Raad Massouh (DEM)

Suplente, assumiu definitivamente a cadeira na Câmara no início de 2010, depois da renúncia do titular, Leonardo Prudente (sem partido). Natural da Síria, é empresário do setor de turismo rural. Sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no fim de novembro, mas se recuperou e tomará posse.



Rejane Pitanga (PT)

Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no DF, foi eleita primeira suplente do PT, mas assume na vaga de Arlete Sampaio, que comandará a Secretaria de Desenvolvimento Social. Rejane liderou uma das maiores greves de professores da rede pública, ainda na gestão de Cristovam Buarque.



Rôney Nemer (PMDB)

Assumiu o cargo na Câmara Legislativa pela primeira vez em 2003, de onde saiu para ser secretário de Obras no governo Roriz e presidente da Brasiliatur na gestão Arruda. Arquiteto, atuou como administrador de Samambaia e do Recanto das Emas. É um dos investigados pela Operação Caixa de Pandora.



Washington Mesquita (PSDB)

Com grande votação em Taguatinga e Ceilândia, o novo distrital é conhecido pela atuação na Igreja Católica. Considerado braço direito do padre Moacir Anastácio, da Paróquia São Pedro, foi coordenador-geral da semana de Pentecostes, em Taguatinga. Elegeu-se aliado a Joaquim Roriz (PSC).



Wasny de Roure (PT)

Mestre em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade de Oxford (Inglaterra), foi secretário de Fazenda no governo Cristovam. Em 2003, assumiu o cargo de deputado federal e hoje toma posse para o quarto mandato na Câmara Legislativa.



Wellington (PSC)

Presidente do Sindicato dos Agentes da Polícia Civil há 11 anos. Foi bancário e militar do Corpo de Bombeiros. Teve as contas de campanha reprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do DF e pode se tornar alvo de representação do

Ministério Público e ter o diploma cassado.

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