sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

GDF inicia a Operação Buriti para conter a violência e o tráfico de drogas




O trabalho reúne integrantes das corporações civil e militar, totalizando 1,1 mil homens. Participarão também os bombeiros e os agentes do Detran





Juliana Boechat



Publicação: 21/01/2011 08:22 Atualização:



No combate à violência e ao tráfico de drogas no Distrito Federal, a Secretaria de Segurança Pública lançou, na tarde de ontem, a primeira ação conjunta entre as polícias, o Departamento de Trânsito (Detran) e o Corpo de Bombeiros, batizada de Operação Buriti. Durante os próximos seis meses, cada instituição deverá colocar em prática suas especialidades em torno de uma finalidade comum: garantir a integridade da população. Ao todo, 1,1 mil homens e mulheres participarão dos trabalhos que, segundo a secretaria, representa incremento de 600 pessoas no efetivo de rua diariamente. Cerca de 450 viaturas estarão disponíveis para o serviço — 150 a mais do que o normal. Ontem, os policiais civis e militares prenderam 37 pessoas envolvidas em roubo, tráfico e estupros e ainda recolheram drogas em seis cidades do Distrito Federal



As equipes atuarão em áreas consideradas de risco, como Ceilândia, Taguatinga e o centro de Brasília. Uma das prioridades será combater a disseminação do crack. “Vamos demonstrar que esse tipo de ação dá certo. Faremos um somatório de forças, inteligência e banco de dados de todas as instituições”, defendeu o secretário de Segurança, Daniel Lorenz. Ele garante que as ações unificadas serão frequentes a partir de agora. “As condições que temos oferecido são de mudança intensa e se tornarão rotina de agora em diante. A população vai sentir a mudança nas ruas”, prometeu. O subsecretário da pasta, coronel Josiel, explicou que a operação será monitorada e moldada à realidade durante o primeiro semestre. “Aí, chegaremos a um ponto de inflexão. Nortearemos os níveis de ocorrências, onde e quais os tipos. Assim continuaremos desenvolvendo o combate”, disse.



Impacto

A diretora-geral da Polícia Civil, Mailine Alvarenga, acredita que a mudança no governo surtiu efeitos nas ruas. Segundo ela, os índices de homicídio caíram em relação ao mês de dezembro. Do início de janeiro até ontem, foram registrados 32 mortes,contra 95 em dezembro. “Furto de forma em geral é o tipo de violência mais frequente. Com certeza, os infratores serão punidos”, afirmou Mailine. Lado a lado com a diretora, o comandante da Polícia Militar, Paulo Roberto Witt Rosback, informou que a operação será estendida às cidades do Entorno. Pela proximidade com a capital federal, muitas moradores do cinturão goiano atravessam a divisa para cometer irregularidades. Volta e meia, a polícia do Distrito Federal entra em contato com a de Goiás para encontrar um foragido. Os pátios dos Ciops ficam amontoados de carros roubados no DF.



Apesar de contar com um pequeno efetivo de aproximadamente 300 homens, o Detran vai colaborar com a prevenção de acidentes nas ruas das cidades. Segundo o diretor do órgão, José Alves Bezerra, seria necessária uma equipe de 700 pessoas para atender a demanda do departamento. Para integrar a operação, Bezerra remanejou os funcionários para conseguir levar seis novas equipes às ruas. Alguns trabalhavam na parte burocrática do Detran até então. “Queremos tirar das ruas os embriagados ao volante e os motoristas sem habilitação, principalmente os motociclistas que protagonizam quase 60% dos acidentes hoje do Distrito Federal”, exemplificou. Em breve será lançado um edital para contratar servidores para integrar o quadro do Detran.



O Corpo de Bombeiros planeja ações independentes e conjuntas com as demais corporações nos próximos dias. Segundo o subcomandante da instituição, coronel Júlio César dos Santos, uma equipe ficará locada de forma permanente nas extremidades do Eixão e uma no centro de Taguatinga. “O eixo conta com um histórico de acidentes. E o centro de Taguatinga também é conhecido como um ponto complicado. Ficaremos nessas bases porque assim conseguimos chegar com facilidade a outros lugares”, explicou. As equipes também acompanharão as operações realizadas pela Polícia Militar para socorrer eventuais vítimas. O Corpo de Bombeiros também passará a desenvolver ações de prevenção de incêndios em prédios públicos a partir da próxima semana. Serão 28 bombeiros a mais nas ruas a partir de agora.



Na prática

Operação conjunta das polícias Civil e Militar fez um pente fino em Ceilândia, na tarde de ontem. Cães farejadores, 50 policiais civis e 100 militares buscaram traficantes e criminosos por toda a cidade. Maconha, crack e cocaína foram apreendidos com cerca de nove pessoas. PMs do 8° Batalhão e agentes da 24ª Delegacia de Polícia (Ceilândia) e 23ª DP (P Sul) fazem parte da Operação Buriti. Ainda durante a madrugada, 37 pessoas foram presas em uma operação da Polícia Civil em outras cidades do Distrito Federal. Todos foram levados para o Departamento de Polícia Especializada (DPE).



Governo compra dois helicópteros

» Ana Maria Campos



A Secretaria de Segurança Pública comprou dois helicópteros modelo Esquilo para operações de patrulhamento da Polícia Militar do Distrito Federal. A empresa escolhida para o fornecimento é a Helicópteros do Brasil S/A (Helibras) que participou e venceu duas concorrências internacionais promovidas pelo Governo do Distrito Federal no ano passado, por meio da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão. Cada aeronave custará aos cofres públicos US$ 3.852.261,94, o correspondente, na cotação de 10 de dezembro último, a R$ 6.593.916,76. O custo total da aquisição será, portanto, de R$ 13,1 milhões.



Os empenhos para pagamento à empresa já foram realizados, e os helicópteros serão entregues em 21 de agosto, quando passarão a reforçar o policiamento ostensivo promovido pela PM. De acordo com a especificação constante do contrato, os helicópteros são de porte leve, versão AS350B2, monoturbinados, multimissão leve, versão policial, novos de fábrica, com ano de fabricação de 2011. Tem capacidade para cinco a seis passageiros e um piloto. De acordo com o site oficial da Helibras, o helicóptero apresenta melhor desempenho em altitudes elevadas e em temperaturas altas. Por conta do espaço na cabine, esse modelo se adapta bem para missões policiais, mas é indicado particularmente para transporte executivo e de passageiros, transporte aeromédico e de carga externa, com capacidade para até 1.160 kg de carga no gancho.



O contrato para compra das aeronaves foi assinado pelo então secretário de Segurança, João Monteiro Neto, atual diretor-geral do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). A conclusão da licitação foi aprovada pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) em novembro do ano passado, em processo relatado pelo conselheiro Ronaldo Costa Couto. O recurso para a aquisição das aeronaves será praticamente todo federal. Um dos helicópteros será comprado com recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal, na rubrica da Polícia Militar do DF. A outra negociação foi feita por meio de convênio entre o Governo do Distrito Federal e o Ministério da Justiça, que libera 99% da verba correspondente ao valor pelo Programa Nacional de Segurança Pública (Pronasci).



Leilão

No ano passado, a 4ª Vara de Fazenda Pública do DF anulou dois contratos de compra de dois helicópteros para o Corpo de Bombeiros do DF e o Departamento de Trânsito (Detran-DF), fornecidos pela Helibras, com base em ação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Os contratos foram fechados durante o governo de Joaquim Roriz. A Justiça considerou que o GDF direcionou duas licitações para a Helibras porque não permitiu a participação de empresas estrangeiras na seleção feita por meio de pregão e não por concorrência internacional, como ocorreu agora. Na ação, a Justiça determinou a anulação dos contratos e a devolução dos recursos pagos à empresa.



Segundo o Ministério Público, os editais foram redigidos de forma a favorecer a fabricante brasileira porque proibiu a participação de empresas que não funcionavam no país. Apenas a Helibras poderia concorrer. O processo tramita no Tribunal de Justiça do DF em grau de recurso. No ano passado, o Ministério Público Federal abriu investigação para apurar a negociação de R$ 123,7 milhões para a compra de helicópteros para pelo menos 14 estados. Houve suspeita de fraude nas licitações, a fim de favorecer a Helibras, em convênio firmados com o Ministério da Justiça.



Fabricante nacional

Com sede em Itajubá, Minas Gerais, a Helibras é a única fabricante brasileira de helicópteros. A empresa é associada ao Grupo Eurocopter, maior fornecedor do setor no mundo. A fabricante está em atividade no país desde 1979 e mantém também instalações em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Até o ano passado, o senador eleito Jorge Viana (PT-AC) era o presidente do Conselho de Administração da Helibras.

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