Metrô é a nova rota do tráfico. E o José Serra,não viu nada?
A Linha 2-Vermelha do Metrô é a nova rota do tráfico nigeriano em São Paulo. Os africanos, antes “mulas” do comércio de drogas, passaram a intermediar a transferência de cocaína de latinos para as bocas de tráfico do PCC, na zona leste da capital. E é pelos trilhos que ligam o centro aos bairros da periferia que o entorpecente viaja, dentro de mochilas, carregadas por homens fortes e bem vestidos. As estações preferidas são Patriarca e Artur Alvim. No centro, República e Dom Pedro II são os pontos de partida.
Policiais do Setor de Investigações Gerais (SIG) da 5ª Seccional prenderam 15 traficantes e apreenderam cerca de 300 quilos de cocaína em investigação que durou de seis meses. Para tanto, tiveram ajuda de um especialista em dialetos africanos para acompanhar escutas telefônicas feitas com autorização judicial.
O delegado titular da SIG, Ítalo Zaccaro Neto, explicou que os nigerianos usam o Metrô pela rapidez do transporte e por chamar menos atenção. “Em carros, correm muito mais risco de serem parados em blitze”, disse. Os traficantes nigerianos, aos poucos, trocaram o “escritório” das esquinas da Avenida Rio Branco, no centro, pela galeria da Rua 24 de Maio, na mesma região.
As equipes do delegado Marcelo Bianchi Fortunato receberam informações de que um nigeriano seria o principal intermediário do tráfico africano em São Paulo. Seu apelido: Donkolion, numa referência a Dom Corleone, o mafioso mais famoso do cinema.
Don, como também era conhecido, se responsabilizava por arregimentar africanos moradores da zona leste para distribuir a droga na região, segundo a polícia. “Era o cabeça do esquema”, disse o delegado Bianchi. Ele é investigado também por manter relações com os fornecedores da cocaína, em sua maioria, de origem latina, como peruanos e bolivianos.
O rastreamento de Don levou os policiais da zona leste para o centro de São Paulo. Em junho, a cabeleireira congolesa Esperance Mwavita Nyembo, de 39 anos, foi presa na Rua Formosa, em Santa Cecília. Ela carregava 2 kg de cocaína em uma bolsa preta quando foi surpreendida. No mês seguinte, os nigerianos Nweke Francis Sunday, de 32 anos, e Celestine Obiora, de 28, e o desempregado Fernando Gomes, de 30 anos, natural de Guiné Bissau, foram presos num apartamento da Rua Ribeira do Pombal, na Vila Sílvia, zona leste de São Paulo, onde escondiam 112 kg de cocaína.
A polícia ainda não tem certeza se os peruanos e bolivianos instalados em São Paulo são responsáveis diretos por trazer a cocaína de seus países. “Percebemos essa nova movimentação dos nigerianos em São Paulo, intermediando e distribuindo cocaína para as bocas na zona leste”, explicou o delegado Ítalo Zaccaro Neto.
As prisões ocorreram a partir de junho de 2010 e terminaram em dezembro. Entre os presos, estava um peruano, responsável por um dos fornecimentos de droga apreendidos durante toda a operação. A polícia relatou o inquérito e agora vai encaminhá-lo ao Ministério Público do Estado (MPE) para oferecimento de denúncia.JT
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