Política
Boa declaração de intenções (Editorial)
O Globo
Vitoriosa nas urnas de 31 de outubro, Dilma Rousseff soube descer do palanque e reciclar o discurso.
Passadas as eleições, não há mesmo mais espaço para arroubos e frases de efeito moldadas apenas para atingir adversários.
Em entrevista após a vitória e no pronunciamento feito na diplomação, Dilma já vestira o figurino de quem aguardava para no dia 1 receber a responsabilidade de chefiar um governo cuja missão é administrar um país complexo e, apesar de todo discurso ufanista eleitoral, com sérios problemas a equacionar.
Perante o Congresso, na posse, e no parlatório do Palácio do Planalto, depois da transmissão da faixa, Dilma Rousseff demonstrou entender a dimensão do desafio que enfrentará até 2014.
Não basta ter uma folgada maioria formal no Congresso, tampouco herdar uma economia que pode ter crescido acima dos 7,5% no ano passado.
Na realidade, o número de votos que detém na Câmara e no Senado pode ser escasso para aprovar certos projetos estratégicos, assim como o fato de o PIB estar em ascensão é menos importante que as pressões desencadeadas pelo crescimento sobre os preços e as contas externas.
Daí a importância de a presidente estender a mão à oposição, minoria no Congresso mas com grande representatividade entre os governos estaduais, considerando o peso econômico e político das unidades da Federação controladas pelo PSDB.
O gesto de Dilma não pode ser meramente protocolar, pois aproximam-se sérios embates políticos capazes de desunir a frente governamental no Congresso.
Lembre-se que, não fosse o apoio da oposição, o primeiro governo Lula não teria aprovado o início de uma reforma na Previdência dos servidores, depois deixada de lado, e que precisará ser retomada.
E para a oposição há o desafio de entender cada um dos momentos políticos, dentro do respectivo contexto histórico, e ter maturidade para enfrentá-los.
Será inaceitável oposicionistas se posicionarem em votações cruciais como parlamentares fisiológicos que apenas apoiam o governo em troca de benesses, sempre dispostos a chantagear o Planalto em busca de benefícios.
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