Dilma tem o desafio de manter a satisfação do brasileiro com o governo
Publicação: 01/01/2011 08:56 Atualização:
“Mudar muito para quê, se 83% aprovam o atual governo?” A pergunta foi dita por um dos ministros na reunião em que Dilma Rousseff definiu a linha do discurso que fará hoje, quando tomará posse como a primeira mulher eleita presidente do Brasil. Ela assume com o desejo de se mostrar como algo novo dentro de um governo com cara de velho, porém, querido por mais de 80% dos brasileiros, conforme demonstram as pesquisas de opinião. O maior desafio, ninguém duvida: manter a popularidade nos níveis atuais, sem a presença do maior comunicador do Planalto, o próprio Luiz Inácio Lula da Silva.
Hoje, a imagem de criador e criatura divulgada na campanha terá um só corpo, o de Dilma. E com os sinais totalmente invertidos em relação a 2003, quando Lula assumiu pela primeira vez o governo com o lema da mudança. Naquele dia, o Brasil apostou em alguém tarimbado em política sem muito conhecimento na área de gestão. Passados oito anos, o país será comandando por aquela que Lula apontou como excelente gestora. Porém, avaliada por muitos como alguém sem experiência política.
Dilma sabe que, para manter a popularidade nos níveis de hoje, não poderá prescindir de alguns fatores: contato direto com o público, projetos sociais, economia funcionando a contento e, para completar, manter a maior distância possível de crises na área política. Os aliados de Dilma, entretanto, veem outro problema. “Em termos de gestão, teremos tranquilidade. O desafio estará na política e não é nem na oposição, e sim com a base de apoio, e com o perigoso sentimento de posse que toma conta daqueles que participaram ”, diz o senador eleito Jorge Vianna. O ex-governador do Acre viveu a experiência de passar o comando do estado para um sucessor que ajudou a eleger graças à aprovação do governo, mesma situação de hoje entre Lula e Dilma.
Os aliados da presidente eleita lembram ainda que ela não é tão intuitiva quanto o antecessor na discussão dos problemas. Organizada e austera, Dilma gosta de relatórios completos, informações precisas. Aos ministros que não a conhecem —- uma parte deles só foi apresentado na hora da indicação — recomenda-se evitar o “eu acho”, “parece que é” quando ela pedir dados técnicos. Sejam toneladas, bilhões, litros, alunos, postos de trabalho, de saúde, casas ou qualquer outro número que ela pergunte.
Início marcado
A forma de divulgar o futuro ministério, inclusive, foi diferente do que Lula fez em 2003. Enquanto ele posava ao lado de cada ministro indicado, ela se manteve recolhida. E os indicados, salvo uma entrevista aqui outra ali, foram discretos por ordem de Dilma. “Lembre-se: nosso governo só começa em 1º de janeiro”, dizia a presidente a muitos dos escolhidos para o primeiro escalão. Era um recado claro de que não queria constrangimentos com Lula e com algum ministro que saiu de cena. A partir de hoje, com Lula fora do palco, ela passa a valer o que dizia o jingle da campanha: “Agora é Dilma, é a vez da mulher”.
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