terça-feira, 25 de janeiro de 2011

GDF desconvocou professores concursados para contratá-los de forma gradual




Reforma na educação integral ficou para 2012





Roberta Machado



Publicação: 25/01/2011 08:22 Atualização:



A decisão do governo de cancelar a convocação de 1.545 professores concursados para a rede pública de ensino provocou uma manifestação ontem que tumultuou o trânsito no Eixo Monumental por quatro horas. Enquanto uma comissão de representantes dos profissionais afetados pela decisão era recebida por secretários do Governo do Distrito Federal (GDF), 300 pessoas protestavam em frente ao Palácio do Buriti. Ao fim das negociações, os manifestantes ficaram apenas com a promessa de que as contratações ocorrerão de forma gradual. Outras mudanças na educação do DF devem seguir o mesmo ritmo. Ontem, o governador Agnelo Queiroz (PT) disse que a educação integral será reformada no ano que vem.



A definição sobre as contratações dos professores deve ser divulgada pelo GDF na próxima semana, quando os representantes do GDF farão nova reunião com representantes do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro). Na ocasião, as secretarias de Administração, de Governo e de Educação devem apresentar um cronograma para a convocação dos candidatos aprovados no processo seletivo realizado em setembro de 2010. O evento está previsto para as 10h da próxima segunda-feira, no Palácio do Buriti, e deve ser marcado por novo protesto dos profissionais desconvocados.



A assessoria de imprensa do GDF informou que a divulgação do número de contratações depende do levantamento pedido pelo governador no início do mês para identificar a carência de todos os setores. Os diagnósticos de cada pasta devem ser entregues até o fim da semana. Por meio de nota, a Secretaria de Educação do DF confirmou que espera pelo término da avaliação para construir um cronograma de susbstituição dos professores temporários pelos concursados.



Ainda não foi divulgado o número de educadores que serão nomeados a tempo do início das aulas, em 10 de fevereiro. O edital do concurso previa a contratação de 400 educadores, mas calcula-se que seja necessário uma convocação maior, devido ao grande número de profissionais temporários que compõem a rede pública de ensino. Segundo estimativa do Sinpro, cerca de 6 mil dos 30 mil educadores das escolas públicas do DF ocupam as salas de aula em caráter provisório.



Os nomes dos professores convocados foram divulgados no site da Secretaria de Educação do DF por volta das 18h da última quinta-feira, mas retirados do ar em poucas horas — o órgão não explicou a falha. Daiane Soares, 21 anos, foi uma dos aprovados que receberam um telegrama no dia da divulgação da lista. Na correspondência, a Secretaria de Educação do DF pedia que a professora comparecesse ontem para o curso preparatório. Assim que soube da convocação, a educadora pediu demissão na escola particular onde trabalha, mas ela se viu obrigada a voltar atrás ao receber, no dia seguinte, um telegrama que cancelava a convocação. “Foi uma humilhação sem cabimento, e ainda corro o perigo de perder o emprego”, revoltou-se Daiane.



Ensino integral

Outra mudança na educação pública do DF passa por análise do governo. O governador



Agnelo Queiroz prometeu, em visita ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran), alterar as regras da educação integral a partir do ano que vem. “Não tem ensino integral aqui no DF, isso sempre foi uma enganação. Você não pode falar em ensino integral quando o aluno no outro turno não tem sequer uma quadra, mas sim um estagiário que fica aplicando algumas brincadeiras”, criticou Agnelo. Segundo o governador, a cidade também não tem uma estrutura adequada para abrigar os alunos durante todo o dia.



O atual sistema de ensino integral do DF é similar ao modelo da Escola Parque. Consiste em três dias por semana de aulas estendidas por atividades físicas, artísticas e culturais. O ex-secretário de Educação do DF Marcelo Aguiar concorda que o modelo não é o ideal. E que a educação integral hoje funciona em 293 escolas. Porém, para Aguiar, as mudanças no sistema não podem ser tão radicais quanto sugere Agnelo. “Ele tem razão. Só não acho que ele tem razão ao querer desqualificar o trabalho que já foi feito. Não é tão simples assim mudar do dia para a noite toda uma estrutura e implantar um projeto que exige não só a infraestrutura, mas também a contratação de 5 mil professores”, explicou.



A primeira escola projetada para ser em centro de ensino integral deve ser construída em 2011 — o modelo é considera prioridade no GDF. De acordo com a Secretaria de Educação do DF, as mudanças devem ser principalmente na concepção da educação integral, apoiada pela reformulação do currículo escolar, pela reforma das unidades de ensino e pela contratação e preparação de professores. “Nossa proposta compreende algo mais que o contraturno escolar. Queremos integração curricular”, disse a assessora de gabinete da secretaria, Regina Gracindo.



A Secretaria de Educação do DF garantiu que a transição não deve afetar os alunos do sistema neste período letivo. “Não haverá encerramento da educação integral. São mudanças estruturais”, assegura Regina Gracindo. O novo projeto ainda não está pronto e deve ser discutido ao longo do ano com a comunidade escolar. A meta é universalizar o novo sistema no DF a longo prazo.



Colaborou Noelle Oliveira



Contratação

Apesar da desconvocação de mais de mil professores aprovados em concurso público em setembro, a contratação de educadores em caráter provisório não deve ser interrompida. O número de profissionais temporários nas salas de aula do DF pode até mesmo dobrar. A Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão do DF e a Secretaria de Educação do DF realizaram neste mês processo seletivo simplificado para a contratação temporária de 6,5 mil professores para a rede pública de ensino do Distrito Federal. Os candidatos fizeram as provas no último dia 16, mas não houve a divulgação do resultado.

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