terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PSDB pode apoiar governo petista para acomodar interesses internos






Ana Maria Campos



Ricardo Taffner



Publicação: 25/01/2011 08:26 Atualização:



A Executiva Regional do PSDB se reunirá no próximo dia 8 para tratar de tema inusitado para o partido. Em pauta, estará a adesão da legenda ao Governo do Distrito Federal (GDF) — comandado pelo petista Agnelo Queiroz. O presidente local da sigla, Márcio Machado, chegará de viagem na sexta-feira com a tarefa de marcar, para a próxima semana, reunião com representantes da cúpula do partido, como o presidente nacional, Sérgio Guerra, e o senador Aécio Neves. “Algumas conversas de bastidores têm sido levadas a mim e, por isso, vou levar a discussão para a Executiva Nacional antes da reunião regional”, disse Machado ao Correio.



Para integrantes da legenda, a aproximação com o governo petista, mesmo que extraoficialmente, seria a solução para acomodar interesses internos. Na última sexta-feira, três importantes filiados se reuniram para tomar café e discutir a posição deles para este ano. Os três tucanos mais bem votados para a Câmara Legislativa nas eleições de outubro — Milton Barbosa e Raimundo Ribeiro e Washington Mesquita — conseguiriam desempenhar as funções desejadas com a bênção do governador. Entretanto, eles negam que abordaram o assunto no encontro informal. Segundo eles, foi discutida apenas a eleição interna do partido, marcada para abril.



Os três estão sendo assediados por interlocutores petistas. Na frente de negociações estão o presidente da CLDF, deputado Patrício, e o secretário de Governo, Paulo Tadeu, ambos do PT — o que também é oficialmente refutado. Uma medida pode ajustar os interesses dos tucanos e trazê-los para a base governista. Mesquita assumiria secretaria ligada à área social, o que seria do agrado do deputado, e abriria espaço para os colegas. “Não existe esse diálogo e acredito que devemos ser oposição. Sigo as orientações do meu partido e é ele que vai decidir para onde eu vou”, afirmou o distrital.



Vagas na Câmara

Com a saída dele para o Executivo, a vaga na Câmara seria ocupada pelo segundo tucano com o maior número de votos: Ribeiro. “A princípio, sou contra (a aliança). Não temos nenhuma identificação ideológica e precisamos promover a fiscalização do governo”, comentou. Ele chegou a ser anunciado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-DF) como detentor de uma das 24 cadeiras do Legislativo, mas uma liminar da instância superior (TSE) colocou no lugar dele o deputado Benício Tavares (PMDB). O peemedebista estava com os votos impugnados devido à aplicação da Lei da Ficha Limpa, mas conseguiu validá-los temporariamente, até que o caso seja julgado definitivamente.



Caso o PSDB consiga na Justiça o direito ao segundo mandato na CLDF, a vaga poderia acabar com Barbosa. “Estou alheio a essa discussão (da aproximação). Até porque só se faz isso com o partido”, avalia. O ex-distrital tem bom relacionamento com os petistas. Apesar da negativa dos três, as tratativas são confirmadas por pessoas ligadas a eles. O racha na legenda ocorre desde as eleições, quando alguns tucanos resolveram aderir à candidatura de Agnelo, enquanto a sigla estava oficialmente ao lado de Weslian Roriz (PSC).



Apesar de o PT e o PSDB estarem em lados opostos, essa não seria a primeira vez que as duas siglas se aliam no DF. Em 1995, Maria de Lourdes Abadia (PSDB) perdeu a eleição para o GDF no primeiro turno e passou a apoiar o então candidato petista, Cristovam Buarque, que venceu a disputa contra o candidato de Joaquim Roriz (PSC), Valmir Campelo. Durante seis meses, ela foi secretária de Turismo do governo Cristovam, mas deixou o cargo após se desentender com os aliados.

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