política
O voto em discussão
O Globo
Uma reforma no sistema eleitoral à guisa de reforma política está sendo gestada nos bastidores do futuro Congresso, e essa discussão vem para valer já no começo da nova legislatura. PT e PMDB vão voltar a defender o voto em lista fechada, o que daria às direções partidárias o poder de escolher quais seriam os candidatos, e em que lugar eles apareceriam na lista oficial.
Não é à toa que os dois maiores partidos do país, detentores das legendas preferidas dos eleitores, defendem essa modalidade.
Mas os políticos que temem a ditadura dos partidos vão novamente sacar um argumento poderoso, que inviabilizou a aprovação do voto em lista. Defenderão junto ao eleitorado que a medida impede que o povo escolha diretamente seu candidato.
Há ainda uma questão política apimentada na retomada do debate: por que o PT insiste tanto na defesa do voto em lista, além do fato de ser um partido hierarquicamente estruturado e bem montado em todo o país?
A adoção do voto em lista fechada é a única maneira de implantar o financiamento público de campanhas eleitorais, que seria, na verdade, o grande objetivo da cúpula petista.
Isso porque a tese de defesa do mensalão é que o dinheiro que circulou entre os políticos era de caixa 2 para a campanha eleitoral, porque o sistema eleitoral em vigor praticamente conduz a esse tipo de procedimento.
Como o Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar o processo do mensalão ainda este ano — caso em que os 40 indiciados, inclusive o ex-ministro José Dirceu, são acusados de terem montado ou participado de um vasto esquema de corrupção para compra de votos no Congresso —, o PT e seus aliados teriam para se defender um bom argumento na mudança do sistema de financiamento de campanhas.
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