domingo, 2 de janeiro de 2011

BRASIL



Lula: ‘Agora vou poder tomar minha cervejinha‘



Em sua primeira entrevista falando como ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse a Regina Casé, na estreia do programa "Esquenta!" na TV Globo, que agora poderá tomar a sua "cervejinha". A conversa, gravada, foi exibida neste domingo.



- Eu vou ficar muito à vontade, Zeca (depois de passar a faixa para a presidente Dilma Rousseff). Nós vamos poder tomar nossa cerveja. Ninguém vai se importar conosco tomando a nossa cervejinha - disse, dirigindo-se ao cantor Zeca Pagodinho, que estava no programa.



Segundo o ex-presidente ele fará "uma cervejada e um churrasco na Gávea Pequena (residência oficial do prefeito do Rio de Janeiro)". Segundo Lula, durante os dois mandatos, ele preferiu "fazer uma espécie de isolamento".



O petista disse que ainda não sabe o que fará após oito anos na Presidência e brincou ao responder a pergunta de uma criança da plateia, que pediu para que ele adiasse "as férias":



- Estou quase pedindo pra Dilma fazer um decreto prorrogando mais uns três meses. Você sabe que eu não sei o que fazer. É engraçado, né? Quando você ganha, você sabe o que fazer no dia seguinte, vai fazer isso, vai fazer aquilo. Você projeta as medidas provisórias que vai fazer, as leis que vai assinar, os primeiros decretos. Mas quando você sai, você não programa nada. Eu sinceramente não sei. Eu não tenho nada programado. Quero descansar o domingo em casa, relaxar. E depois, lá para o dia 3, quero sair pra descansar uns dias. Tirar uns 15 dias de férias e depois começar a pensar no que vou fazer da vida. Eu preciso desencarnar a Presidência, sabia? As informações são de O Globo.



O ex-presidente afirmou ainda que está inquieto com a mudança:



- Dá uma inquietação. Não vai ter ninguém pra eu xingar dia 2. Se eu xingar a Marisa, ela me mete o porrete. Então, não posso xingar. Não vai ter ninguém. Gilberto Carvalho (ex-chefe de Gabinete da Presidência) cadê aquilo?! Falar uns palavrões, de vez em quando, como força de expressão é saudável.



Lula disse ter sofrido por conta da burocracia para tirar do papel alguns projetos.



- É angustiante, porque o povo comum não imagina que o presidente tenha dificuldade pra fazer uma obra. As pessoas pensam que o presidente pode chegar, fazer um decreto e tá pronto.



Segundo o petista os brasileiros se tratam "como se fossem inferiores". E citou um episódio ocorrido em uma reunião do G-8 no seu primeiro mandato. Segundo ele, com a chegada do então presidente dos Estados Unidos George W. Bush, todos os líderes se levantaram para cumprimentar o americano.



- Eu falei para o Celso (ex-ministro das Relações Exteriores): "Não vamos levantar". Ninguém levantou quando eu cheguei, porque temos que levantar para receber o Bush? Aí, o Bush veio e me cumprimentou normalmente. O que eu queria mostrar? Você não precisa ser lambe-botas, você não precisa ser subserviente pra ser respeitado, até porque o ser humano não gosta de quem não se respeita.



Para o ex-presidente, um dos seus maiores legados foi recuperar a autoestima do povo:



- Eu acho, Regina, que o grande legado que fica é que o povo percebeu que um deles podia chegar lá. Esse mesmo povo tinha me derrotado duas vezes anteriormente. Porque ele tinha medo que um deles não soubesse fazer o que precisava ser feito no Brasil. Aí de repente eles criam consciência política e elegem um deles. E um deles consegue fazer o que eles imaginavam que não podia fazer. Então o que sinto é orgulho. Eu sinto que as pessoas estão mais orgulhosas, as pessoas estão com a autoestima à flor da pele, as pessoas estão gostando mais de si, estão acreditando mais em si, as pessoas têm mais esperança - analisou Lula, que comentou em outro trecho da entrevista:



- O povo está se achando. Se o Obama viesse ao Brasil e ele tivesse contato com o povo brasileiro, ele ia falar "Poxa vida, eu falei que esse Lula era o cara. Não é ele que é o cara. É o povo. São milhões de caras".



Lula falou também sobre a ausência de formalidade no trato com o povo:



- A gente briga tanto para ser presidente para ser chamado de vossa excelência, de excelência, sabe? e eles me chamam de Lula. Maior cara de pau! E eu vou lá em São Bernardo e me chamam de baiano ainda. Ou seja, não têm o menor respeito. Eu acho isso fantástico.



Dizendo que acha "um prejuízo ao país três dias de feriado", o ex-presidente prometeu não parar de trabalhar:



- Eu tenho 65 anos. Eu quero morrer trabalhando, eu não me vejo em casa.



Ao fim da entrevista, o ex-presidente afirmou:



- Duas coisas que eu tenho uma frustração: uma é tocar violão e a outra é dar aqueles passinhos no pé.





Da redação Blog em 02/01/2011 19:31:18

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